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Ao esconder conteúdo de gordos e ativistas, Tiktok ofusca fama de descolado

Logos do TikTok e de sua empresa dona, a chinesa ByteDance - Dado Ruvic/Reuters
Logos do TikTok e de sua empresa dona, a chinesa ByteDance Imagem: Dado Ruvic/Reuters

Rodrigo Trindade

Colaboração para Tilt

08/12/2019 04h00Atualizada em 08/12/2019 11h47

Sem tempo, irmão

  • Estudante dos EUA acusou TikTok de enviar dados de usuários a servidores da China
  • Também teria coletado dados pessoais de menores de 13 anos, contra a lei dos EUA
  • Outra acusação fala em esconder conteúdo de ativista e de pessoas com deficiência
  • Em outubro, TikTok se deparou com Estado Islâmico tentando recrutar mulheres pelo app

A plataforma digital e descolada dos jovens já foi o Facebook, o Twitter, o Snapchat, o YouTube, o Instagram... atualmente, este posto é ocupado pelo TikTok. Com vídeos curtos, divertidos, criativos e virais, adolescentes e até crianças se divertem criando e consumindo conteúdo no app em seus celulares.

Considerando que este é o grosso do público que explora a plataforma, as últimas semanas não foram positivas para a percepção pública do TikTok. Propriedade da empresa chinesa ByteDance, o aplicativo foi acusado de irregularidades no tratamento de dados de usuários e de moderar (ou não) diferentes tipos de conteúdo. Mas nem sempre isso foi por motivos errados, segundo suas justificativas.

Para você ficar por dentro, resumimos as cinco ocasiões em que ele virou notícia nos últimos meses.

1) Dados enviados para a China

A ByteDance é chinesa, mas o TikTok não existe por lá e opera exclusivamente no Ocidente. Isso significa que os dados dos usuários não entram nas fronteiras da China, ao menos oficialmente. Mas na última terça-feira (3), um estudante da Califórnia (EUA) acusou a empresa de enviar dados privados de usuários a servidores chineses em um processo coletivo.

O documento diz que a empresa fez a coleta e transferência de dados secretamente a dois servidores na China. O TikTok nega e afirma que armazena informações de seus usuários nos Estados Unidos, com backups em Singapura.

2) Coleta de dados de crianças

No mesmo dia em que foi processado por supostamente enviar dados à China, o TikTok levou outro processo, desta vez no estado americano de Illinois. Desta vez, a motivação foi a coleta e exposição de dados pessoais identificáveis de menores de 13 anos.

Este tratamento à informação de usuários viola leis de proteção à privacidade de crianças dos Estados Unidos. A empresa disse discordar das alegações e informou que uma resolução para este caso específico seria anunciada em breve.

Esta violação fere justamente aqueles usuários mais assíduos e identificados da plataforma, para a preocupação dos pais. A empresa concordou em pagar US$ 1,1 milhão para concluir a ação coletiva de coleta dos dados, segundo o Gizmodo.

3) Censura "em defesa" de usuários

A empresa admitiu nesta semana que diminuiu o alcance de vídeos de usuários deficientes, com sobrepeso, Síndrome de Down e da comunidade LGBTQ+. Isso ocorreu após uma reportagem do site Netzpolitik com documentos vazados da empresa, o que levantou suspeitas de que o TikTok realiza certa "censura" ou "limpeza", escondendo deliberadamente pessoas fora de certos padrões.

O TikTok rejeitou a acusação, dizendo que vídeos de usuários deficientes eram afetados por eles serem "suscetíveis a bullying ou assédio com base em suas condições físicas ou mentais".

Os outros tipos de usuários, com sobrepeso e da comunidade LGBTQ+, eram considerados um grupo de alto risco de bullying. O TikTok afirma que diminuir o alcance —evitando que estes vídeos aparecessem fora de seus países de origem ou do feed "Para Você"— foi uma solução temporária para controlar o aumento de bullying na plataforma.

A empresa derrubou essa política e explicou que ela jamais foi pensada para permanecer a longo prazo.

4) Censura de protesto contra China

Na semana passada, a adolescente Feroza Aziz, uma ativista de direitos humanos muçulmana, relatou que sua conta no TikTok foi suspensa. A punição ocorreu após um vídeo dela, em que ela denunciava abusos na província chinesa de Xinjiang enquanto arrumava os cílios, viralizar nas redes sociais.

O acontecimento gerou críticas de censura contra a plataforma, que teria agido a pedido do governo da China para acobertar violações de direitos humanos no extremo oeste do país. Ao comentar o caso, a empresa alegou que houve um erro humano e que o vídeo de Aziz estava de acordo com as regras de comunidade da plataforma. A conta foi restabelecida, assim como o vídeo.

Uma outra conta de Aziz, que continha um vídeo em que uma imagem de Osama Bin Laden era usada de forma satírica, foi banida por apresentar um líder terrorista, o que desrespeita as regras do serviço.

5) Proteção contra propaganda terrorista

As regras para banir imagens de terroristas, que resultaram na exclusão de uma das contas de Aziz, têm fundamento: o Estado Islâmico tem tentado atrair novos membros e fazer propaganda por meio do TikTok, mas encontra dificuldades.

Isso é um bom exemplo de moderação de conteúdo bem feita, pois a plataforma teria banido ao menos 20 contas de militantes do grupo terrorista, de acordo com o Wall Street Journal em outubro. Em anos anteriores, o Estado Islâmico teve sucesso no recrutamento de novos membros por meio de outras redes sociais, um movimento que não tem dado certo no TikTok graças aos investimentos em moderação e políticas claras contra conteúdos desse tipo.

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