Xô, pombos! Tecnologia promete acabar finalmente com o problema das aves
Pombos são bichos para se amar ou odiar. Se por um lado há aquela imagem agradável de velhinhos na praça sentados e tranquilos, alimentando essas aves com alpiste, elas também são vetores de várias doenças, como toxoplasmose, meningite e salmonelose. Uma tecnologia brasileira é capaz de afastar esse risco à saúde pública sem sacrificar a vida dos pombos.
As aves têm um sistema natural de orientação que se alinha com o campo eletromagnético da Terra. O invento consiste em emitir pulsos eletromagnéticos de baixa frequência (de 120 hertz) que causam incômodo nesse sistema, levando-os a se afastar do local --e isso só funciona com pombos, que possuem cristais de magnetita em seus bicos que reagem aos pulsos magnéticos.
"Com essa tecnologia um pombo vai sentir apenas um incômodo parecido a uma microfonia em show de rock, uma vibração no bico, sem feri-lo", diz o oceanógrafo do Instituto de Pesca de São Paulo Edison Barbieri, com experiência em aves migratórias.
O Sistema de Controle de Pombos LH-120 foi idealizado pelo físico Jair Fumes, pesquisador da Tecnobrasil, empresa de Botucatu (SP). Ele patenteou a invenção e a vendeu para a empresa Pigeons Out. Depois a Rentokil, de Barueri (SP), obteve o direito de comercializar o serviço com o nome Pigeon Smart System.
Segundo a empresa, a frequência usada é inofensiva para os animais e seres humanos --a Anatel estipula que somente frequências a partir de 9 kHz são regulamentadas para evitar possíveis efeitos adversos à população.
"Durante uma manhã, observei o meu vizinho soltando uma 'bombinha' para espantar os pombos do telhado. Nesse instante tive a ideia de desenvolver um produto que fosse capaz de solucionar esse problema", disse Fumes. "Considerando as dimensões do globo e suas linhas de força magnética, entre erros e acertos chegamos à frequência ideal de funcionamento".
O aparelho é conectado a um fio metálico que gera um campo eletromagnético repelente e direcional com um raio de cinco metros.
Seu consumo equivale ao de uma lâmpada de baixa potência (25 W) e pode ser colocado sobre telhados ou em entrada de galpões, onde os pombos costumam se aglomerar nas cidades.
O raio de ação limitado impede de provocar uma migração em massa dos pombos e causar algum tipo de desequilíbrio ambiental -- ou seja, ela espanta as aves, como você já faria, mas elas continuam por perto (ou na casa do vizinho).
"A probabilidade maior é de que os pombos permaneçam nas imediações. Eles apenas deixarão de frequentar o local específico onde o sistema estiver operando", explica Maurício de Sá, biólogo e gerente técnico da Rentokil.
"Pode acontecer apenas de transferir o incômodo dos pombos para outro local, como aeroportos ou hospitais. As possibilidades são inúmeras, mas a chance de desequilíbrio ecológico é muito remota", diz Gladiston Costa, biólogo da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) da prefeitura de São Paulo.
O problema é o custo. O serviço pode ser contratado por, no mínimo, 12 meses a partir de R$ 2.000 por ano (o orçamento depende das caracterísitcas do local), além de ser condicionado a algumas questões de segurança, como andaimes, plataformas e um funcionário da Rentokil operando e supervisionando o serviço todo mês no local.
Por isso, por enquanto, a tecnologia é voltada especialmente a empresas que são mais largamente afetadas pelas aves.
Embora a Rentokil atenda todo o Brasil, a tecnologia deve ter mais espaço em lugar como São Paulo, onde há alguns meses a prefeitura sancionou uma lei que proíbe a população de alimentar os bichos. Quem for flagrado receberá primeiro uma advertência e, se insistir, será multado em R$ 200, valor que poderá dobrar em caso de reincidência.
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