Felipe Zmoginski

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Opinião

Jack Ma quebra silêncio para sacudir executivos por mudanças na Alibaba

Jack Ma voltou a fazer um discurso público na última semana, em um encontro anual dos executivos da Alibaba, empresa que ele fundou em 1999. Ao longo das últimas duas décadas, Ma projetou-se como uma celebridade do mundo dos negócios e se tornou um símbolo do sucesso tecnológico da China.

Desde o final de 2020, no entanto, quando o braço financeiro de seu grupo, a Ant Group (antes Ant Financial), teve o pedido de abertura de capital negado por autoridades chinesas, Ma imergiu em um silêncio quase absoluto.

A súbita mudança de comportamento do mais famoso "businessman" da China gerou uma onda de especulações sobre seu destino. Muito boatos, nunca confirmados, davam conta de que ele teria sido preso, sob acusação de conspirar contra o governo de seu país.

O fato é que nunca houve indícios reais de que Jack Ma tenha sido preso ou mesmo processado, embora seja evidente que sua postura de celebridade, às voltas com reis e presidentes de outros países, tenha lhe causado problemas. A regra não escrita na China é que empresários podem enriquecer, mas não devem se meter em política ou mesmo obter "excessivo prestígio" pessoal.

Em sua nova fase "low profile", Ma vendeu sua participação na fintech Ant Group e, mesmo dentro da holding Alibaba, preserva pouco mais de 3% das ações da companhia. Apesar de todos estes fatores, Ma é uma figura extremamente respeitada (e admirada) por sua visão de negócios dentro do grupo que fundou.

Na aparição da última semana, o executivo chinês elogiou competidores diretos do Taobao e T-Mall, os dois marketplaces mais bem-sucedidos de seu grupo e que detêm a liderança do setor de e-commerce na China. Para Ma, rivais como o PinDuoDuo (PDD), "tomaram decisões acertadas" e foram muito eficientes em "executar seus projetos".

O PDD, como é conhecido na China, mudou o mercado local de e-commerce ao introduzir elementos como o "social commerce", modelo de negócios em que compradores ganham descontos ao recomendar produtos a amigos.

A folgada liderança do Alibaba no comércio eletrônico chinês, que já chegou a 69% de market share no país, agora é acossada não só pelo PDD, mas também pelo Douyin, nome local do TikTok. Na China, o Doyin faz muito sucesso ao operar em um modelo chamado de "live commerce" em que transmissões ao vivo no app de vídeos curtos são usadas para oferecer produtos aos consumidores.

Segundo as declarações de Ma, o grupo Alibaba deve ter coragem de "mudar" e apontou dois caminhos que ele considera prioritários nesta jornada.

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O primeiro é conquistar mercados no exterior, expandindo a presença da companhia em outros países e continentes.

O segundo é o investimento massivo em inteligência artificial que, na avaliação de Ma, será a principal tecnologia a impactar a transformação do varejo online nos próximos anos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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