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OPINIÃO

Disintegration tem pedigree de Halo, mas não convence na hora H

Disintegration - Divulgação
Disintegration
Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

Colaboração para o START

07/07/2020 04h00

"O novo jogo feito por (insira o nome de uma pessoa ou empresa que criou uma franquia de games famosa aqui)". Poucas frases são capazes de criar uma expectativa tão grande como essa. Em alguns casos, temos resultados maneiros como a franquia Destiny —da Bungie, criadora de Halo— ou Bloodstained: Ritual of the Night —obra de Koji Igarashi, nome de destaque por trás de Castlevania.

Em outros, lidamos com grandes decepções, como Mighty No. 9, criação de Keiji Inafune, o homem por trás de Mega Man, e o inesquecível e péssimo Daikatana, de John Romero, uma das principais mentes envolvidas em Doom.

Esse breve retrospecto vem a calhar quando falamos de Disintegration. Afinal, ele saiu das mentes da V1 Interactive, que tem Marcus Lehto, um dos caras que criaram Halo, como fundador. O problema é que, infelizmente, essa curiosa mistura entre jogo de tiro em primeira pessoa e estratégia em tempo real acaba caindo no segundo grupo de games acima, o que o torna bastante dispensável.

Experiência frustrante

Para entender o conceito por trás de Disintegration, imagine um game de estratégia em tempo real como Starcraft, mas em vez de apenas dar ordens às unidades, o jogador também participa das batalhas em si, controlando um veículo chamado graviciclo (uma moto que flutua, basicamente).

Uma vez montado nela, você não apenas atira nos inimigos e cura seus aliados, mas direciona seus companheiros pelos cenários das missões, podendo concentrar os tiros em um inimigo, colocá-los em posições vantajosas e também ordenar que eles recolham itens espalhados pelas missões. Além disso, esses companheiros têm uma habilidade específica de acordo com a sua classe, coisas como granadas de concussão e salva de mísseis, que podem ser usadas sob demanda do jogador.

Disintegration herói - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Os dois parágrafos acima praticamente resumem o gameplay do game, o que causa um problema: conforme você avança, aquela dúvida sobre quando o jogo finalmente vai deslanchar e ficar divertido persiste.

Infelizmente, ele nunca deslancha. O que há em Disintegration é uma sucessão de missões longas (é normal levar por volta de 40 minutos para completar cada uma) nas quais o jogador repete a mesma rotina de ir do ponto "A" ao "B", atirando em hordas de inimigos, dando ordens e curando aliados e encarando o principal desafio do game: não sucumbir ao tédio.

Há ainda um modo mutiplayer, mas que não estava disponível quando este review foi feito.

Disintegration batalha 1 - Disintegration - Disintegration
Imagem: Disintegration

História "arremessada"

Bom, se o gameplay não é exatamente divertido, uma boa história poderia salvar o game, certo? Bem, não é o que acontece com Disintegration.

Novamente, ficamos no campo das boas ideias e só. O jogo se passa num mundo futurista no qual a humanidade achou um jeito de "vencer" a morte: extrair a mente de um corpo orgânico e passá-las para robôs com aspectos humanoides. É o chamado processo de integração.

Nesse cenário, o jogador assume o controle de Romer Schoal, um piloto de graviciclo que, inicialmente, se encontra preso. Não há muitas explicações para isso, mas Romer escapa e acaba se reunindo um grupo chamado Proscritos, rebeldes que lutam contra a Rayonne, que por sua vez é um grupo que quer forçar toda a humanidade a passar pelo processo de integração.

Ao longo do game, há "pílulas" narrativas, pinçadas em um ou outro diálogo entre missões ou nas cutscenes. Nada disso, entretanto, serve como estímulo para o jogador criar simpatia ou antipatia pelos personagens ou, ainda, ter um propósito claro dos motivos pelos quais você está encarando suas missões.

As coisas simplesmente acontecem porque têm que acontecer.

Problemas técnicos

Disintegration nave - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

A cópia cedida ao START para review foi a de PlayStation 4 —o jogo também tem versões para PC e Xbox One— e, desde o início, alguns problemas incomodaram.

Usando um PS4 "base", a taxa de quadros oscilou bastante, dando aquele indesejado efeito de câmera lenta que atrapalhou, por vezes, a tomada de decisão rápida que o game exige em determinadas passagens.

O maior problema, entretanto, foram os travamentos. Por uma quantidade considerável de vezes eu acabei sendo obrigado a reiniciar missões porque o jogo simplesmente travava.

Fossem "fases" de 5 minutos, isso não incomodaria tanto, mas ter que refazer porções generosas - aqui falo em coisa de meia hora ou mais - do jogo por conta desses problemas é algo para tirar qualquer um do sério.

Fora isso, aspectos como gráficos e sons não comprometem, mas também não empolgam.

Fechando o conjunto da obra, a realidade é que, com o perdão do trocadilho, qualquer tentativa de encontrar aspectos positivos que façam o game valer a pena acaba se desintegrando diante da mediocridade de um jogo que, em nenhum momento, executa bem as suas premissas.

Disintegration batalha 2 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Lançamento: 16/06/2020
Plataformas: PC, PlayStation 4 e Xbox One
Preço sugerido: R$ 279,90 (PC) e R$ 207,90 (Xbox One); game não listado na loja brasileira do PlayStation 4
Classificação indicativa: 14 anos (violência, linguagem imprópria)
Desenvolvimento: V1 Interactive
Publicadora: Private Division
Jogue também: Gears Tactics, Halo Wars, Desperados 3

*A cópia foi cedida pela Private Division ao START

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL