Topo

Misterioso, complexo e denso, Bob Dylan completa 80 anos

Bob Dylan, que completou 80 anos, durante apresentação em Dover, nos Estados Unidos - Mark Makela
Bob Dylan, que completou 80 anos, durante apresentação em Dover, nos Estados Unidos Imagem: Mark Makela

Patricia Moribe

24/05/2021 14h46Atualizada em 24/05/2021 19h24

Nascido Robert Allen Zimmerman em 24 de maio de 1941 em Duluth, Minnesota, Bob Dylan é um dos artistas contemporâneos mais influentes, principalmente na música. Com uma carreira de mais de 60 anos, canções como "Blowin' in the Wind" (1963) e "The Times They are a-Changin", só para citar duas, chegaram na hora certa, em plena ebulição da América, quando explodiam as marchas pelos direitos civis e movimentos contra a guerra do Vietnã.

Ele foi o arauto, o bardo, o porta-voz (anasalado) das mazelas do mundo, em poesias grunhidas e sentidas. Os cineastas Joel e Ethan Coen fizeram uma alusão ao início da carreira de Dylan no filme "Inside Llewyn Davis" (2013), quando o artista, ainda desconhecido, se apresentava em um bar pulguento no Greenwich Vilage de Nova York. Dylan são tantos em um só que o cineasta americano Todd Haynes fez uma inusitada biografia, "Não estou lá" (2007), com seis atores representando diferentes facetas do artista, incluindo a atriz Cate Blanchett.

O artista folk provocou polêmica quando instrumentalizou eletricamente suas composições, nos anos 1960. "Like a Rolling Stone", de 1965, rompeu convenções e revolucionou ao juntar diferentes elementos musicais, e uma letra pungente e cínica, com versos diretos, como "Como é que você se sente, um completo estranho?". A canção é considerada uma das mais aclamadas de todos os tempos.

Dylan é um artista transversal - escritor compulsivo de crônicas, versos, compositor e artista visual. Sempre polêmico, no final dos anos 1970 ele se tornou um cristão novo e lançou vários álbuns de gospel contemporâneo antes de voltar ao ninho mais familiar do rock.

Desde 1994, o artista já publicou oito livros de desenhos e pinturas, com várias exposições em grandes galerias.

Em 21 de abril de 2017 ele foi o primeiro artista a se apresentar, na Seine Musicale, um dos mais e extravagantes endereços musicais em Paris. A sala de concertos foi projetada pelo japonês Shigueru Ban (prêmio Pritzker em 2014) e pelo francês Jean de Gastines.

Prêmios e mais prêmios

Reconhecimento popular e críticas nunca foram poucos. Um dos principais, sem dúvida, foi o Prêmio Nobel de Literatura, em 2016. Enquanto alguns especialistas franziam o cenho, outros se perguntavam por que a premiação tinha demorado tanto, afinal, Dylan produziu um corpo de obra destrinchando não apenas a cultura americana, mas o mundo contemporâneo, com palavras eruditas e diretas, pessoais e universais ao mesmo tempo, acusadoras, apaziguadoras, caleidoscópicas. Antes disso, ele também foi depositário de prêmios como o Pulitzer e o da Academia Americana de Artes e Letras (2013).

Em dezembro de 2020, Dylan assinou um contrato com o grupo Universal, cedendo os direitos de todo o seu catálogo musical. A soma não foi anunciada, mas estima-se que tenha sido negociada em torno de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhões).

Em maio de 2022, se a pandemia de covid-19 não atrapalhar, os arquivos secretos de Bob Dylan comprados por um bilionário de Oklahoma serão expostos no futuro Bob Dylan Center, em Tulsa. O prédio vai abrigar uma nova "experiência de imersão" e a "recriação de um estúdio de verdade", segundo organizadores citados pelo New York Times.

Errata: este conteúdo foi atualizado
A fase gospel de Bob Dylan foi no final da década de 1970, e não 1980. A informação foi corrigida.