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Ricardo Feltrin

OPINIÃO

Eleição em Angola definirá futuro de Record e Universal no país

Destino da Universal em Angola está em jogo - Reprodução/Instagram @bispomacedo
Destino da Universal em Angola está em jogo Imagem: Reprodução/Instagram @bispomacedo

Colunista do UOL

24/08/2022 18h00

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Os 14 milhões de angolanos que foram às urnas nesta quarta-feira (24) vão definir não só os rumos de seu país, mas também os da Igreja Universal e da RecordTV por lá.

Por isso, as cúpulas da igreja e da emissora de TV estão atentíssimas ao resultado, pois ele pode selar o destino dessas duas "marcas" ou instituições não só em Angola, mas em toda a África.

Nos últimos dois anos, a Universal e a "subsidiária" da RecordTV local foram alvo da ira angolana e sofreram várias acusações graves de fiéis e pastores (como lavagem de dinheiro). A emissora lá foi fechada. A igreja sempre negou qualquer irregularidade.

A liderança e os templos foram tomados por pastores angolanos. Os brasileiros foram basicamente retirados do poder. Houve inclusive ameaças de confronto entre os fiéis pró e contra a liderança de líder Edir Macedo.

Passado a limpo

No entanto, a Justiça de lá absolveu quase todos os acusados, exceto o bispo Honorilton Gonçalves (ex-chefão da Record no Brasil). Mas, mesmo a sentença dele foi superficial.

Apesar disso, os religiosos brasileiros continuaram sem voltar ao poder e tampouco puderam reabrir a RecordTV.

A eleição angolana vai definir que estratégia os emissários de Edir Macedo usarão para tentar retomar o poder que foi tirado. Afinal, a igreja é uma entidade estabelecida com sua liturgia e hierarquia, e foi alvo de um "motim" em outro país.

Pedras no caminho

Só há duas candidaturas com chances à Presidência de Angola: o atual presidente, João Lourenço, candidato à reeleição (MPLA); e Adalberto Costa Jr., da Unita.

O MPLA está no poder há quase cinco décadas, mas pela primeira vez a oposição tem chances de vencer, segundo pesquisas.

O problema para os brasileiros é que nem Costa Jr. e nem Lourenço parecem nutrir simpatia pela organização religiosa brasileira.

Mas o pós-eleição pode ser a chance de uma reabertura de diálogo e aceitação da igreja, que se diz discriminada e alvo de xenofobia de seus fiéis locais.

Por décadas, a Universal floresceu em Angola graças à ótima relação que manteve com o ditador José Eduardo dos Santos (também MPLA).

Com sua queda, e a subida de Lourenço, as coisas começaram a desandar.

Só em receitas, os promotores angolanos estimaram que a Universal tirava do país cerca de US$ 120 milhões anuais (a igreja sempre negou isso).

A verdade é que Angola era importante também para a RecordTV, segundo fontes ouvidas pela coluna nos últimos meses.

Parte do dinheiro de Angola vinha sendo usado justamente pela igreja para investir em meios de comunicação no Brasil -inclusive na sua própria emissora, na Barra Funda.

São muitas coisas e negócios brasileiros em jogo em uma única eleição acontecendo em outro país.

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