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Ricardo Feltrin

REPORTAGEM

Angolanos ameaçam enfrentar polícia em defesa da Universal de Macedo

Fiéis durante culto da Igreja Universal em Angola - Reprodução/Facebook
Fiéis durante culto da Igreja Universal em Angola Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

06/06/2022 14h37Atualizada em 08/06/2022 12h23

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Emissários, advogados e representantes da Igreja Universal do Reino de Deus estão mobilizados para reaver os bens naquele país. Os bens foram "tomados" por lideranças angolanas que romperam com a igreja há dois anos.

Hoje, a maioria —senão a totalidade— dos templos e imóveis estão em mãos de bispos e pastores angolanos. Entre o final de 2019 e 2020 eles começaram uma "rebelião" contra os líderes brasileiros (membros de confiança do bispo Edir Macedo).

Além de tomar "posse" dos templos, conseguiram pressionar o governo de Angola a fechar a subsidiária da RecordTV. A guerra acabou na Justiça.

Quase todos inocentados

Em março, na sentença, após mais de um ano de investigação e julgamento, apenas o bispo e líder máximo da igreja no país africano, Honorilton Gonçalves, foi condenado a três anos de prisão, além de ter de pagar uma indenização de cerca de R$ 400 mil a dois religiosos locais.

Na prática ele nem precisaria cumprir pena. Além disso, ele está no Brasil desde o final do ano passado.

Como a Justiça acabou inocentando os líderes da Universal de praticamente todos os crimes que eram acusados, a igreja agora parte para o contra-ataque: quer de volta tudo que lhe foi tomado, inclusive o poder sobre os templos.

Também quer reabrir a RecordTV naquele país, já que nenhum crime que seria atribuído à emissora —como envolvimento num esquema de evasão de divisas no país— foi comprovado.

Esta coluna já havia antecipado em abril que, após o julgamento, a Universal certamente faria um contra-ataque para reaver seus bens e seu poder.

Os 7.000 guerreiros

A Universal não conta só com advogados qualificados para obter vitória sobre os "rebeldes". A igreja conta com milhares de fiéis e pastores angolanos que ainda estão do lado dos brasileiros.

O grupo que está desafiando os "rebeldes" se chama "Os 7.000". Trata-se de uma referência ao livro de "Reis", da Bíblia, (1 - 18:19), que fala sobre os 7.000 fiéis cristãos que "não dobraram os joelhos a Baal" —uma das entidades tratadas como falsas no Velho Testamento.

A coluna obteve um áudio enviado pelo pastor (angolano) João de Brito ao "grupo dos 7.000" no Whatsapp.

O religioso incita os "7.000"a resistir e enfrentar os dissidentes, inclusive na base da violência.
"Atenção todos os 7.000, alerta vermelho! Todos temos de nos mobilizar agora, nós não podemos aceitar essa injustiça, que nossa mãe seja invadida (mãe é a Catedral da Universal em Maculusso, Luanda.

E continua:

"Nem a polícia nem ninguém pode (nos impedir). Podem vir com gás lacrimogênio. Ou vão matar todos ou vão prender todos. Vamos levar pneus, vamos levar gasolina. Vamos começar a fazer a revolução agora", convoca o pastor Brito.

Em abril e maio os seguidores das duas vertentes (pró e contra brasileiros) já se enfrentaram nas cidades angolanas onde há templos da Universal. A polícia teve de agir e dispersar os grupos com gás lacrimogênio.

Outro lado

Procurada pela coluna, a UNICom, porta-voz da Igreja Universal, informou que quem deveria se manifestar sobre o assunto são as lideranças em Angola.

Até o momento da publicação desta coluna, o pastor Brito ou nenhum outro líder angolano pró-Universal brasileira foram localizados.

Em Porto Alegre e Florianópolis a subida foi de 13%.

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