TV paga "investe" em equipes para atender fuga de assinantes
Ricardo Feltrin
Ricardo Feltrin
https://www.uol.com.br/splash/colunas/ricardo-feltrin/Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.
Colunista do UOL
30/05/2021 00h09
Não deixa de ser curioso: além de a TV por assinatura no Brasil estar sofrendo uma fuga em massa assinantes, as operadoras também estão tendo um segundo "prejuízo": elas estão sendo obrigadas a "investir" em suas equipes que recebem pedidos de cancelamentos.
Devido ao número impressionante de cancelamentos nos últimos meses (só em março foram 200 mil cancelamentos; de dezembro a março, mais de meio milhão, como esta coluna antecipou em 4 de maio), todas as operadoras estão tendo de reforçar seu time que recebe ligações dos assinantes —prestes a se tornar ex-assinantes.
São mais de 6.500 cancelamentos diários em média no Brasil. As equipes que recebem ligações estão "enlouquecidas".
Bom avisar que nem todos esses 6.500 cancelamentos são feitos pelos assinantes, e sim pelas operadoras —por falta de pagamento, em sua maioria. Nesses casos o cancelamento é automático. Ainda assim o volume de pedidos para encerrar o serviço tem sido enorme.
A TV por assinatura enfrenta uma sangria de assinantes que começou no final de 2014, após o fiasco do Brasil na Copa do Mundo.
No final daquele ano o país tinha praticamente 20 milhões de assinantes. Segundo a Anatel, em março, esse número tinha caído para 14,3 milhões. E não há nenhuma perspectiva de mudança nessa situação.
As (muitas) causas
Várias são as causas da fuga de assinantes da TV por assinatura.
A primeira definitivamente é a crise econômica e o desemprego. Sem dinheiro, famílias cortam tudo que não for essencial. E aí está a TV paga.
O segundo motivo é a pirataria. Como esta coluna publicou com exclusividade na semana passada, o número de usuários de TV pirata no país já se aproxima do número de assinantes oficiais.
A terceira causa é evidentemente o serviço oferecido: pacotes caros; péssimo atendimento aos assinantes; sem falar na programação dos canais, que consegue ser pior ainda.
Por fim, outra causa é a explosão do streaming no Brasil. Os serviços nessa área oferecem excelente conteúdo e preços muito mais acessíveis.
A Claro (Net) continua sendo a maior operadora do país, com 6,76 milhões de assinantes. A Sky vem a seguir, com 4,28 milhões. Depois temos a Oi, com 1,72 milhão de pagadores. A Vivo tem 1,22 milhão.
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