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Ricardo Feltrin

Operadoras reservam R$ 740 mi para "devolver" aos assinantes

Operadoras separam "indenização" por prejudicar assinantes, mas não comemore: é muito pouco - Getty Images
Operadoras separam "indenização" por prejudicar assinantes, mas não comemore: é muito pouco Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

25/09/2020 00h18

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Calma lá. Não significa necessariamente quem elas irão gastar toda a quantia do título acima com a gente, mas, ao menos há essa intenção contábil:

As operadoras brasileiras de TV por assinatura, telefonia e internet "separaram" quase R$ 740 milhões no ano passado para devolver aos consumidores (R$ 739 mi, para ser exato).

Essa devolução tem motivações tais como questões de mau atendimento, falhas, quedas de sinal, queixas, processos movidos por assinantes etc etc.

O cálculo foi feito pela startup UnicaInstancia, empresa carioca que lançou uma ferramenta que calcula e cobra indenizações por meio não judicial junto a operadoras (por enquanto só operadoras).

Infelizmente não é possível saber exatamente o valor reservado apenas para assinantes de TV paga —um dos escopos desta coluna.

A UnicaInstancia foi criada por dois amigos fluminenses que acreditam que o mau atendimento precisa ser compensado financeiramente por essas prestadoras de serviço.

"Não é um favor que essas empresas fazem para nós", afirma Gil Bueno, o co-fundador da "UI". Ele tem como sócia Sara Raimundo.

As operadoras fizeram essa estimativa de indenização a partir do número total de processos em tramitação em Juizados Cíveis, por exemplo. Eles somam TV por assinatura, internet e telefonia.

Os processos são divididos em três expectativas, todas de acordo com seu risco financeiro. resumindo: se a derrota jurídica é "remota", "possível" ou "provável",

Só a Claro Net (maior operadora do país) reservou para reparações cerca de R$ 350 milhões.

A Vivo, R$ 211 milhões. A Tim, quase R$ 60 milhões.

Defesa do consumidor

Esse dinheiro está sendo devolvido em migalhas também.

Alguns assinantes já notaram que as operadoras têm "ressarcido" centavos —literalmente— nas mensalidades devido à "interrupção" de fornecimento (de TV por assinatura ou internet, com mais frequência).

As empresas estão fazendo essa devolução em "migalhas" mesmo para o consumidor que não se queixou, de forma preventiva.

Quem faz o cálculo disso, porém, é a própria operadora.

Por exemplo: um consumidor ficou três dias sem internet ou com internet bastante instável em casa.

Esse consumidor trabalha com internet e sem ela não pode exercer seu trabalho. Ele teve prejuízos profissionais nesses três dias em que não pode trabalhar.

Digamos mais: que esse assinante foi advertido pelos superiores (por exemplo) pelo não cumprimento de prazos, ou perdeu dinheiro em vendas ou mesmo não conseguiu o fechamento de um negócio ou trabalho.

No mês seguinte a operadora "compensou" esse consumidor um desconto de R$ 0,13 na conta.

A robô JUD (o nome de batismo do software do Única Instância), certamente discordaria desse valor.

Isso porque ela analisa tudo isso e muito mais outras coisas na hora de reivindicar o que acha ser um valor mais realista a ser devolvido a seu cliente.

Para quem achar que R$ 739 milhões reservado pelas operadoras é um valor alto: só com TV por assinatura (um setor em queda há seis anos) essa empresas faturam quase R$ 2 bilhões por mês.

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