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Romance proibido com Camilla pode invalidar a coroação de Charles?

Biógrafo real sugeriu que romance de Charles e Camilla poderia interferir na coroação, que acontece em maio - Getty Images
Biógrafo real sugeriu que romance de Charles e Camilla poderia interferir na coroação, que acontece em maio Imagem: Getty Images

De Splash, em São Paulo

03/01/2023 17h56Atualizada em 03/01/2023 17h56

Na última sexta-feira (30), o biógrafo real Anthony Holden disse que a coroação do rei Charles 3º pode ser invalidada.

Em uma carta publicada no jornal britânico The Guardian, o autor alegou que o fato de Charles já ter admitido que foi infiel a Lady Di, além de ser divorciado, poderia interferir na cerimônia.

No entanto, experts em realeza discordaram da análise do autor em entrevista a outros veículos de imprensa. Um porta-voz do Palácio de Lambeth, residência oficial do arcebispo que coroará Charles, também descartou essa possibilidade.

Anthony Holden cita divórcio e traição, além de mencionar conversa com arcebispo. "A Igreja da Inglaterra nunca coroou rei um homem divorciado, muito menos um que já confessou adultério publicamente, com a mulher em questão prestes a ser coroada rainha consorte. O falecido Robert Runcie [ex-Arcebispo de Canterbury] me disse que isso pediria uma revisão do juramento de coroação, o que requer um novo estatuto do Parlamento", disse o autor.

Ele também afirma que isso criaria uma "crise constitucional". "Dada a convenção de que o Parlamento não debate a monarquia sem o consentimento do monarca, isso faria com que o primeiro-ministro pedisse permissão do rei Charles. Runcie me disse que isso causaria uma crise constitucional", completou.

Porta-voz do Palácio de Lambeth descarta possibilidade. Um porta-voz do palácio, a residência oficial do Arcebispo de Canterbury, reagiu ao artigo de Holden: "Não podemos comentar o relato de uma conversa particular que Robert Runcie pode ter tido quando foi arcebispo entre 1980 e 1991. Mas claramente muito mudou desde aquela época, na sociedade e na Igreja da Inglaterra. O arcebispo atual, Justin Welby, está ansioso para coroar o rei Charles 3º e a rainha consorte em maio."

Professor e pesquisador da universidade King's College também discordou. O sir Vernon Bogdanor também discordou do argumento de Holden. "O casamento de Charles e Camilla [em 2005] foi seguido de uma missa liderada pelo arcebispo Rowan Williams [à época, arcebispo de Canterbury]. Isso certamente se sobrepõe a qualquer coisa que Robert Runcie pode ou não ter dito. Está claro que o Rei seguiu as regras da Igreja", opinou.

Outros experts opinaram. Outro biógrafo real, Hugo Vickers, disse que não vê algo que possa interferir na coroação de Charles, além de afirmar que Holden tem "rancor" de Charles. O advogado Geoffrey Robertson disse que a coroação é "legalmente irrelevante" e um ritual "bobo e supersticioso", descartando que o rei precise da cerimônia como monarca.

De fato, Charles admitiu que foi infiel a Diana. Em junho de 1994, no ano seguinte ao "escândalo do absorvente", Charles deu entrevista a Jonathan Dimbleby no especial "Charles: The Private Man, the Public Role" ("Charles: o homem reservado, o cargo público", em tradução livre). Nela, disse que foi fiel "até que se tornou claro que o casamento [com Diana] estava irreparavelmente destruído", além de dizer que o fracasso do relacionamento "era a última coisa que ele queria". Ele também se referiu a Camilla como uma amiga próxima, apenas.

Coroação está marcada para o dia 6 de maio. A cerimônia acontecerá na Abadia de Westminster e será conduzida pelo Arcebispo de Canterbury. "A coroação refletirá o papel do monarca nos dias de hoje e seu olhar para o futuro, enquanto enraizada nas duradouras tradições e pompas", diz o comunicado divulgado pelo Palácio de Buckingham sobre o evento.