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Guilherme tatuou o nome de ex no pênis 10 dias antes de matar Daniella

Guilherme de Pádua escreveu o nome da ex-esposa, Paula Thomas, em seu pênis - Reprodução/ YouTube
Guilherme de Pádua escreveu o nome da ex-esposa, Paula Thomas, em seu pênis Imagem: Reprodução/ YouTube

De Splash, em São Paulo

07/11/2022 18h35

Guilherme de Pádua morreu na noite de ontem, aos 53 anos, em decorrência de um infarto. O ex-ator ficou conhecido por ter assassinado a atriz Daniella Perez em 1992, junto com a sua então esposa, Paula Thomaz.

O crime aconteceu há 30 anos e, em 2022, foi assunto da série documental "Pacto Brutal". Durante os episódios, são abordados diferentes aspectos dos criminosos, inclusive suas estranhas intimidades.

Entre os temas abordados, a produção conta que dez dias antes do assassinato de Daniella Perez, Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram juntos a um tatuador para selar o amor entre eles.

No entanto, o ato comum entre duas pessoas apaixonadas não foi exatamente normal. Isso porque o casal resolveu escrever o nome um do outro em suas partes íntimas.

Assim, Guilherme de Pádua tinha "Paula" tatuado em seu pênis e a esposa tinha "Guilherme" escrito em sua virilha.

"Pacto Brutal" mostra rapidamente as imagens dos escritos — é preciso um espectador bastante atento para conseguir vê-las, logo na sequência de abertura da série, —, mas cita diversas vezes as tatuagens íntimas.

Assassinato de Daniella Perez

Em 1992, um crime brutal chocou o Brasil. Daniella Perez, de 22 anos, filha da dramaturga Gloria Perez, foi assassinada a punhaladas no dia 28 de dezembro pelo ator Guilherme de Pádua e sua cúmplice, Paula Thomaz, que estava grávida dele na época.

Guilherme encontrou Daniella na saída do estúdio em que eles gravavam a novela. Ele seguiu a atriz com Paula Thomaz, então esposa do ator, que estava escondida no banco de trás do carro. Quando Daniella parou em um posto de gasolina, sofreu uma emboscada: Guilherme deu um soco na artista, que caiu desacordada. A atriz foi colocada no banco de trás do carro do ator, agora com Paula no volante. Dirigindo o veículo de Daniella, Guilherme conduziu até um terreno baldio na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

Uma vez no local, o casal apunhalou Daniella Perez mais de 18 vezes. Segundo relatório da perícia, o pulmão, o coração e o pescoço foram atingidos.

Julgamento

Uma testemunha estranhou ver dois carros parados no terreno baldio e, por precaução, anotou a placa dos veículos e avisou a polícia de que algo poderia estar acontecendo no local. As autoridades seguiram a denúncia e encontraram o carro de Daniella. Ao andar um pouco pelo lugar, um policial encontrou o corpo da atriz.

Em pouco tempo a polícia chegou até o veículo de Guilherme. Na ocasião, o ator adulterou uma letra da placa, mas foi encontrado mesmo assim.

Inicialmente, o assassino negava o crime. Ele foi encaminhado à delegacia no dia 29 de dezembro. Depois que as provas foram apresentadas, Guilherme de Pádua admitiu a culpa. Ao analisar o caso, a polícia entendeu que Paula também estava envolvida e, no dia 31 do mesmo mês, a prisão dos dois foi decretada. O julgamento aconteceu cinco anos depois e ambos foram condenados por homicídio qualificado por motivo torpe, com impossibilidade da defesa da vítima. Guilherme foi condenado a 19 anos, e Paula, a 18 anos e seis meses.

Em maio de 1993, Paula deu à luz Felipe, enquanto estava presa. Ela e o ator se separaram pouco tempo depois, em decorrência das diferentes versões apresentadas como defesa. Na maior parte delas, ele responsabilizava a então esposa pelo crime.

Com apenas sete anos de prisão, os dois foram colocados em liberdade condicional.

Assassinato é retratada em série

A morte da filha da escritora Gloria Perez e o julgamento de Guilherme de Pádua foram temas da série "Pacto Brutal: o assassinato de Daniella Perez" — que foi lançado em julho passado pela HBO Max.

A série dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra traz depoimentos de amigos da atriz, como Claudia Raia, Fábio Assunção, Maurício Mattar, entre outros, detalhes da investigação da polícia e depoimentos de Raul Gazolla e Gloria Perez.

Na série da HBO Max, Gazolla relembrou o dia em que descobriu a morte da mulher. Ele conta que assim que percebeu que Dani não estava em casa, saiu procurando por ela pelas ruas do Rio de Janeiro, além de ter telefonado para família e amigos para avisar de seu sumiço.

"Cheguei em casa e a Dani não estava. Eu esperei uns 10 minutos e falei: 'Pô, furou o pneu'. Passei pela Tycooon (estúdio onde Daniella gravava) e não tinha nada. Falei: 'Deixa eu fazer o caminho da praia' (...) Fui para o shopping da Gávea. Ela não estava. Ela nunca tinha feito isso de sumir, não deu satisfação, ninguém sabia onde estava", relembrou.

A polícia já havia sido avisada do sumiço da Daniella, e horas depois encontraram seu corpo e seu carro. Na delegacia, Marilu Bueno foi quem contou para Raul que sua esposa estava morta. "A Marilu falou: 'Raul, você tem que ser muito forte, mas a Dani não está mais aqui com a gente'. Eu fiquei desesperado. Fui correndo para o policial e falei: 'O carro está muito amassado? O teto não está amassado? O carro capotou?'. E ele falou que não. Aí eu falei: 'Mataram minha mulher'", contou o ator, com lágrimas nos olhos.

Gazolla foi até o local onde estava o corpo de Daniella aos prantos: "Desesperado, quando eu olhei o corpo da Dani, eu parei. Eu falei para o Rodrigo [irmão de Daniella]: 'Não é a Dani. É o corpo da Dani que está ali, mas não é a Dani'. Nesse dia, eu tive certeza que nós temos alma. Porque tinha um corpo ali que não tinha mais vida, que tinha sido da Daniella. Eu só queria saber o que aconteceu, que alguém teve que matar minha mulher'".

Guilherme de Pádua, o assassino de Daniella, foi para delegacia para prestar solidariedade à família e chegou a abraçar e consolar Gazolla. Já no velório, a polícia sabia que Guilherme era o culpado.

Inclusive, Guilherme quis mostrar o escrito para os policiais quando foi preso, como forma de "provar seu amor" por Paula.

As tatuagens feitas tão próximas ao assassinato de Daniella Perez chamam a atenção principalmente por alguns outros fatores que, se somados, fazem o crime parecer uma espécie de ritual.

Em nenhum momento o documentário dá a certeza absoluta de que a intenção era ter Daniella Perez como um sacrifício, mas mostra indícios de que poderia se tratar de algo "ritualístico".

"Pacto Brutal" insinua que os dois teriam realmente feito um "pacto" entre eles - sendo a tatuagem uma das maneiras de selá-lo. Uma especialista explica que o fato do crime ter acontecido na última segunda-feira do ano, último dia de lua cheia, dentro de um círculo de mato queimado, com uma mecha de cabelo de Daniella tendo sido arrancada e sua aliança ter sumido, podem sim indicar uma espécie de ritual.

Este "sacrifício" não é atribuído a nenhuma religião, como o documentário faz questão de reforçar diversas vezes ao tratar do assunto.