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Ingrid Guimarães conservadora? 'Nunca na minha vida eu mandei um nude'

Colaboração para Splash, do Rio

05/11/2022 04h00

Com a franquia de comédia "De Pernas Pro Ar", que acumula recordes de bilheteria nos cinemas, Ingrid Guimarães ajudou a naturalizar o prazer feminino no Brasil. Convidada do "OtaLab" desta semana, a atriz, humorista, autora e apresentadora de TV conversou sem tabus com Otaviano Costa - com direito até a um divertido "gemidão" durante o programa.

Neste clima descontraído, Ota quis saber: "Você costuma mandar muitos nudes?". Ingrid mostrou, então, que para tudo na vida há um limite:

Nunca na minha vida eu mandei um nude. Tenho medo! Acho esse mundo da internet muito doido.

O medo de hackers - o vazamento de imagens íntimas chegou a motivar a criação da Lei Carolina Dieckmann, que tipificou crimes e delitos informáticos, em 2012 - é uma preocupação especial. "Eu tenho uma filha de 13 anos! Não quero passar por isso, não", disse a mãe de Clara. "Eu tento normalizar tudo, mas ao mesmo tempo tenho muito medo do que ela pode ver na internet."

Ataques a artistas: 'Quem ficou rico com lei?'

Ingrid Guimarães se define como "uma operária da arte". No programa do UOL, explicou que este sentimento a fez se jogar de cabeça em defesa da classe artística, tão atacada nos últimos anos.

Ela contou para Otaviano Costa que não conseguiu ficar calada diante dos absurdos que ouviu. "Eu sou uma querida, mas não mexe com minha arte! Fui pra briga", lembrou.

Eu vi as pessoas xingando, dizendo que eu mamo na teta de uma lei. Que lei? Quem ficou rico com lei? As pessoas nem sabiam o que estavam falando.

"Usei a Lei Rouanet duas vezes. Você tem que comprovar cada prego que usa", disse, ressaltando a seriedade da lei. Quando foi explicar isso no Twitter - "uma terra de ninguém, mas muito democrática" - virou alvo do ódio à cultura. "Me assustou muito."

"É muita ameaça, agressão. E a gente que é mulher vê claramente o machismo estrutural do Brasil nesses ataques", atestou. Ainda assim, encarou a briga.

Fui para a linha de frente defender a minha classe. Era uma briga sobre valores. Não me arrependo, mas fiquei muito desgastada.

Dessa batalha, ela lamenta apenas os momentos em que se deixou levar pelo clima de ódio. "A gente tem que tentar não se deixar contaminar, e eu me arrependo por isso. A gente tem que ir pro discurso do amor."

'Respeitem os artistas. A gente não é vilão'

Contratada há um ano pelo Amazon Prime, Ingrid Guimarães se prepara para o lançamento do reality show "Match nas Estrelas", entre outros projetos Para ela, a retomada dos trabalhos vem com um enorme alívio. Ela passou os últimos anos preocupada com os colegas que sofreram com a falta de oportunidades durante a pandemia - e sofreram seguidos ataques de uma horda anticultura aliada ao atual governo federal.

"Foi uma das indústrias mais prejudicadas na pandemia", lembrou a atriz. "As pessoas passaram fome. A cultura precisa voltar e precisa ser respeitada", disse Ingrid, que considera os ataques à indústria criativa inaceitáveis. "Em que momento a gente virou vilão?"

Um país que não tem cultura não pensa sobre si. A cultura representa nossa identidade. Isso não é pequeno. Então respeita as histórias dos artistas. A gente não é vilão.

A atriz fez questão de dizer que seu desabafo só é partidário de sua classe. "Minha função não é falar de política. A gente está aqui para trazer alegria, liberdade e reflexão. E só."

'Meu sonho é voltar a lotar os cinemas'

No "OtaLab", Ingrid Guimarães contou de sua expectativa para realizar um antigo sonho: estrelar uma comédia ao lado da amiga Tatá Werneck. "Minha Irmã e Eu" começa a ser filmado no próximo mês em Goiás, terra natal de Ingrid. Seus planos para o longa são ambiciosos.

Eu estou superfeliz no streaming. Mas meu sonho - até para preencher esse buraco que o Paulo Gustavo deixou - é voltar a lotar os cinemas.

A atriz sabe exatamente quando um filme deu certo. "Não é quando enche uma sala no Leblon e na Gávea. A gente só sabe que é sucesso quando enche em Bangu, quando a sessão especial de segunda-feira lota no subúrbio", disse.

Seu desejo é ver as famílias lotando a sala. "Eu tento fazer um filme que um pai possa ir com os filhos e a mulher, todo mundo junto", disse.

Meu sonho, ainda mais com a popularidade que a Tatá também tem, é trazer as pessoas de volta pros cinemas.

OtaLab

O "OtaLab", o programa de internet que parece TV, vai ao ar toda terça-feira, às 11h, e pode ser acompanhado pelos canais do Splash no YouTube, Twitter e Facebook. Você pode assistir a toda a programação do Canal UOL aqui.