Topo

Roger Waters critica Bolsonaro, mas acumula polêmicas

O cantor britânico Roger Waters é crítico do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, a quem ele chamou de "porco nazista" - Reprodução
O cantor britânico Roger Waters é crítico do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, a quem ele chamou de "porco nazista" Imagem: Reprodução

Colaboração para Splash, em Maceió

29/09/2022 12h00

Um dos expoentes da música mundial, o astro inglês Roger Waters, 79 anos, voltou a polemizar ao comentar o cenário político. O artista se referiu ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) como um "porco fascista", e declarou apoio ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o evento "Brasil da Esperança", promovido pela campanha petista, que contou com a participação de diversos famosos.

Conhecido internacionalmente por seus posicionamentos políticos em entrevistas ou por meio de sua arte, Roger Waters, um dos fundadores do renomado grupo de rock britânico Pink Floyd, acumula algumas polêmicas relacionadas a questões político-ideológicas, mas, também, por conflitos com David Gilmour, seu ex-colega de banda, e até acusações de antissemitismo.

De olho na política brasileira

Não é de hoje que Roger Waters demonstra interesse pelos desdobramentos da política brasileira. Em 2018, o músico britânico passou pelo Brasil para uma série de apresentações e gerou polêmica ao protestar contra o então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (à época no PSL), às vésperas das eleições daquele ano.

Pelas críticas, a campanha de Bolsonaro acionou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob a acusação de propaganda irregular e suposto uso de caixa dois. A ação chegou a ser acolhida pela Corte eleitoral, mas, posteriormente, foi descartada pelo ministro Jorge Mussi.

Alfinetada em Michel Temer. Antes, em 2017, quando o país era presidido por Michel Temer (MDB), Roger Waters usou uma foto do então chefe de Estado brasileiro para divulgar o álbum "Is This the Life We Really Want?".

À época, em tom crítico a Temer, o artista questionou: "Brasil, é essa a vida que vocês realmente querem?".

roger waters - Ernesto Ruscio/Getty Images - Ernesto Ruscio/Getty Images
Roger Waters é crítico de Jair Bolsonaro
Imagem: Ernesto Ruscio/Getty Images

Críticas a Israel e acusação de antissemitismo

Entusiasta da causa da Palestina, Roger Waters é um crítico ferrenho do estado de Israel por suas políticas "coloniais e racistas". Em 2020, o famoso foi bastante criticado por suas declarações em entrevista ao Middle East Media Research Institute por relacionar Israel à morte de George Floyd, um homem negro, por policiais brancos nos Estados Unidos, em maio daquele mesmo ano.

George Floyd foi sufocado até a morte por um policial branco no estado norte-americano de Minnesota. As cenas chocantes ganharam repercussão internacional e provocou protestos liderados pelo movimento Black Lives Matter.

Para Roger Waters, a técnica usada pelos policiais estadunidenses é oriunda de Israel, "ensinada às forças policiais militarizadas dos EUA por especialistas israelenses, que os americanos têm viajado para os EUA para ensiná-los a matar os negros, porque viram a eficiência dos israelenses em assassinar palestinos nos territórios ocupados usando essas técnicas", disse.

Contra artistas se apresentarem em Israel. Em 2017, Waters trocou acusações com outro veterano do rock, Nick Cave. O australiano foi criticado pelo britânico por incluir Israel em sua turnê, e rebateu dizendo que o ex-Pink Floyd promovia censura as músicas que tocam no território judeu.

Roger Waters também pediu, em 2015, que os artistas brasileiros Caetano Veloso e Gilberto Gil não realizassem shows em solo israelense devido às políticas "coloniais e racistas" de Israel em relação à Palestina.

Roger acusa Biden de crime de guerra

Ainda no espectro político, Roger Waters fez duras críticas a Joe Biden, presidente dos EUA, por "alimentar a guerra" travada entre a Ucrânia e a Rússia. O britânico chegou a sugerir que o líder norte-americano comete crime de guerra.

"[Biden] está alimentando o fogo na Ucrânia, só para começo de conversa. É um crime imenso. Por que os Estados Unidos não encorajam o presidente ucraniano a negociar, evitando a necessidade por essa guerra horrenda?", justificou.

Recentemente, o artista teve shows na Polônia cancelados devido a críticas feitas à Ucrânia. Ele se posicionou contrário ao apoio do Ocidente à Kiev, e acusou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, de permitir "nacionalismo extremo" no país do leste europeu.

Waters diz ser mais importante que The Weekend

Durante passagem por Toronto, no Canadá, em julho, onde fez duas apresentações, Roger Waters se incomodou por não ter recebido o mesmo destaque na imprensa local que os cantores The Weekend e Drake.

Revoltado, o britânico disse não ter "nem ideia do que ou quem é The Weekend", e afirmou ser "muito mais importante" que The Weekend ou o rapper Drake.

"As pessoas me disseram que ele [The Weekend] é um grande artista. Bem, boa sorte para ele. Não tenho nada contra ele", declarou. "A propósito, com todo o respeito a The Weeknd ou Drake, ou qualquer um deles, eu sou muito mais importante do que qualquer um deles jamais será, não importa quantos bilhões de streams eles tenham", completou.

roger waters - Leo Caobelli/UOL - Leo Caobelli/UOL
Roger Waters
Imagem: Leo Caobelli/UOL

Treta com David Gilmour

Roger Waters e David Gilmour, membros do Pink Floyd, travaram uma das brigas mais emblemáticas dos grupos de rock. A treta entre os dois teve início nos anos 1980 e foi até parar nos tribunais.

Waters deixou o grupo em 1985 sob a justificativa de desencontros criativos. No livro "Echoes: The Complete History of Pink Floyd", o biógrafo Gleen Povey apontou que a desavença entre os dois teve início durante o processo criativo do álbum "The Final Cut" (1983), porque Gilmour queria contribuir no produto, mas Roger tomou as rédeas do disco.

Após deixar o Pink Floyd, Water acionou a Justiça britânica para acabar com o grupo, mas Gilmour e o baterista Nick Mason se opuseram. O impasse foi resolvido em 1987, após um acordo judicial.

Em 2013, em entrevista à BBC, Roger Water admitiu que se arrependeu de ter processado seus ex-companheiros de banda por acreditar que, na época, era a "coisa certa" a ser feita.