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Eriberto Leão estreia último filme de Fernanda Young: 'Gênia'

O ator Eriberto Leão em cena do filme "Maior Que o Mundo" - Divulgação
O ator Eriberto Leão em cena do filme "Maior Que o Mundo" Imagem: Divulgação

Mariana Assumpção

da Ingresso.com

18/08/2022 04h00

O longa "Maior Que o Mundo", estrelado por Eriberto Leão, chega aos cinemas nacionais amanhã. A produção conta a história de Carlos Alberto "Kbeto" Castanho, um escritor em crise criativa e moral.


Enquanto busca inspiração para um novo romance, ele abastece sua vida com sexo, drogas e rock and roll, até que parece encontrar uma saída para os seus bloqueios: um diário jogado em uma caçamba de lixo.

Ambientado no coração da cidade de São Paulo, o filme explora a atmosfera cosmopolita da metrópole. Eriberto, que viveu por anos na capital, é declaradamente apaixonado pela energia paulistana. Em entrevista exclusiva, ele contou à Ingresso.com como as locações e a trama do filme lhe despertaram sentimentos saudosistas, já que ele reside no Rio de Janeiro há 20 anos.

"Morei muito tempo na Haddock Lobo, então, o lugar que ia com os meus amigos era o Baixo Augusta", explica ele, citando a famosa rua do bairro Jardim Paulista e uma das regiões mais boêmias da cidade.

"Eu acho que fica muito claro a minha alegria em fazer esse filme. Em algum lugar ali você tem o Kbeto, porque ele criou vida própria, isso foi algo muito mágico, mas quem direciona é o ator. Então, era o tempo inteiro uma felicidade muito grande, de ter propriedade para falar sobre isso, e matando as saudades dos lugares, dos ambientes, e de como São Paulo é especial. Uma cidade única. Desde que eu fiz esse filme, eu tento voltar para São Paulo, mas a minha esposa não deixa", conta ele, divertindo-se com a situação.

Gravado em 2018, "Maior Que o Mundo" é dedicado à memória de Fernanda Young. A atriz e escritora morreu em agosto do ano seguinte, aos 49 anos, e construiu um sólido legado como roteirista, atuando na função em "A Comédia Da Vida Privada", "Os Normais" e tantas produções consagradas.

No filme, último de sua carreira, Fernanda interpreta ela mesma, na figura de apresentadora que também desempenhou na vida real, no inesquecível "Irritando Fernanda Young" e em outros projetos. Eriberto relembra com carinho a convivência com a atriz.

"Eu fiquei muito nervoso quando a gente foi rodar o primeiro dia, porque ela é uma referência para mim, sou muito fã dela. E eu falo assim porque o artista verdadeiro ele se eterniza, e ela é eterna. E ela está eternizada por conta do nosso filme, porque o cinema eterniza a todos. A gente pode vê-la ali, apresentando um talk show, no qual a personalidade dela, naquela singularidade, se mostra com a potência que ela tinha. É uma honra muito grande".

Sobre a morte precoce de Fernanda, com quem construiu uma amizade após as filmagens, Eriberto conta que se lembra do momento exato em que recebeu a notícia:

"Sei onde eu estava, o que eu estava fazendo? me lembro de tudo do dia que recebi a notícia. Foi uma das coisas mais impactantes, até porque eu sempre fui fã e já tinha encontrado com ela, mas nunca tinha tido uma convivência tão grande. O set é o dia inteiro, então foram três ou quatro dias de muito contato, e a gente se deu muito bem. Ficamos amigos. Eu ficaria horas escutando a Fernanda falar, eu jogava e só escutava, sabe? Uma gênia", declara, emocionado.

Em "Maior Que o Mundo", Kbeto é um escritor apaixonado pelas mulheres e pelas abundâncias em todos os campos da vida. Mesmo que seu personagem parta de uma caricatura, bem comum nas comédias, Eriberto consegue elencar semelhanças entre a sua personalidade e a de sua versão ficcional:

"A paixão pela contracultura. A paixão pela literatura, pela filosofia contracultural? mas temos diferenças, tem um limite, o Kbeto ultrapassa o limite do Eriberto".

O ator cita o poeta inglês William Blake para explicar as intersecções: "'O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria', ele é do final do século 19 e não só eu como algumas pessoas o consideram o pai da contracultura. E isso é verdade: o excesso de leitura, estudo, meditação? E também outros excessos contraculturais, como os vividos pelo Kbeto, levam a isso. Mas há um limite. E, se você ultrapassar, você não alcança o equilíbrio".

Muito satisfeito e empolgado com o lançamento do filme, Eriberto também celebra seus projetos futuros. Ele se prepara para voltar a viver o lendário Jim Morrison, vocalista da banda The Doors - há dez anos, o ator interpretou o astro da música na peça "JIM". Agora, ele será responsável por construir uma versão mais madura de Morrison nos palcos, numa produção teatral que traz o cantor aos 50 anos, mesma idade de Eriberto.

"Maior Que o Mundo" é dirigido por Roberto Marquez e roteirizado por Reinaldo Moraes, Além de Eriberto e Fernanda Young, o longa é estrelado por Luana Piovani, Maria Flor e Gabi Lopes, e estreia nos cinemas amanhã.