Topo

Renata, Anna Júlia e Raimunda: 32 nomes que sofreram bem antes do Pedrinho

Samba, Juliana! - Rodrigo dos Anjos/AgNews
Samba, Juliana! Imagem: Rodrigo dos Anjos/AgNews

Alexandre Santos

Colaboração para Splash

06/06/2022 15h56

"Acorda, Pedrinho", música da banda curitibana Jovem Dionísio, é a bola da vez nas redes sociais e nas plataformas de streaming. Após viralizar no TikTok, o hit liderou a lista de música mais tocada no Brasil por dias seguidos. Ou seja, não se fala em outro nome. E, para muitos, já até cansou.

Desde então, todos os Pedrinhos do Brasil devem estar exaustos de ouvir um refrãozinho toda vez que alguém escuta esse nome. Mas este não é —nem de longe— um fenômeno recente. Que o digam todas as Julianas que ouviram que tinham que sambar, as Renatas chamadas de ingratas e as Raimundas...

Relembre abaixo quem já sofreu com aquele refrão-chiclete que dominou o lalalá dos brasileiros.

Anna Júlia -- Los Hermanos

Single de 1999, do primeiro CD dos Los Hermanos, fez tanto sucesso que logo a banda se tornou uma das mais famosas do país. Em 2000, chegou a ser a mais tocada do carnaval da Bahia. Marcelo Camelo escreveu a letra na tentativa de ajudar um amigo a conquistar uma crush de faculdade por quem tinha um amor platônico. Foi tocada pela primeira vez em um show no bairro de Botafogo (RJ), para cerca de 200 pessoas. Na ocasião, a musa inspiradora agradeceu pela canção e ficou com o pretendente. Mas o namoro não engatou.

Bete Balanço -- Barão Vermelho

Composta por Cazuza e Roberto Frejat, letra foi encomenda para o filme homônimo lançado em 1984. A canção é inspirada pela jovem liberal Bete, interpretada por Débora Bloch, troca Governador Valadares (RJ) pelo Rio de Janeiro para tentar a carreira de cantora.

Camila -- Nenhum de Nós

Lançada em álbum de 1987, "Camila, Camila" foi inspirada na história real de uma colega de escola dos integrantes da banda. Ela não se chamava Camila, mas foi vítima de um relacionamento abusivo aos 17 anos.

Carla -- LS Jack

Música da banda LS Jack, lançada em 2002, no álbum V.I.B.E. (Vibrações Inteligentes Beneficiando a Existência). Fez um grande sucesso e alcançou a 1ª posição em todos os tipos de rádios, sendo a 7ª música mais tocada naquele ano no Brasil e a 28ª mais tocada da década de 2000. O hit romântico foi inspirado no nome da esposa do vocalista Marcus Menna.

Carolina -- Seu Jorge

Gravada e registrada por Seu Jorge em 2002, música é alvo de uma disputa judicial. Desde 2007, os compositores Rodrigo Freitas e Ricardo Garcia reivindicam a autoria da música, que, segundo eles, foi escrita em 1998. A dupla diz ter emprestado a Seu Jorge uma fita com a canção e esquecido. Três anos depois, a música estourou. De acordo com Ricardo, a letra é uma homenagem à sua namorada na época.

Caroline - Raça Negra

Foi o primeiro sucesso do grupo, lançada em 1991, e que abriu caminho nas rádios para os demais conjuntos do gênero. Composta por Luis Carlos, líder e vocalista da banda, a música foi feita para a filha de Fininho, baterista do Raça Negra, e diz: "Caroooool, Caroline."

Creuza -- Pedra Letícia

Lançada em 2008 pela banda de rock cômico formada três anos antes, na cidade de Goiânia (GO), a música fala exatamente sobre música com nome de mulher e fáceis de decorar. "Mas faltava um hit de sucesso / Com a letra fácil de aprender / Uma canção com 3 acordes / E um refrão com nome de mulher / Creuza o nosso amor é uma beleuza / Êta nome ruim de rimar"

Conceição -- Cauby Peixoto

Samba-canção foi o maior sucesso de Cauby na década de 1950. Sem uma musa inspiradora em específico, canção é uma ode a todas as Conceições. Conta-se que era para ter sido gravada pelo cantor Sílvio Caldas, mas acabou sendo o prefixo de Cauby até os dias atuais.

Cátia Catchaça -- Latino

Música do cantor Latino lançada em 2006 cuja letra faz um trocadilho com o nome Cátia e os efeitos provocados pela cachaça, a bebida alcoólica, durante uma noite de curtição.

Dani (Daniela) -- Biquíni Cavadão

Música lançada em 1998 homenageia duas "Danis", conforme já revelou o vocalista Bruno Gouveia em entrevista ao blog Rock Brasil. Segundo ele, a letra surgiu no Caroline Café, bar do Rio, num bate-papo entre o músico baiano Manno Góes e o guitarrista Carlos Coelho. A pretexto de escrever uma música nova, perguntaram o nome de uma funcionária do local, que se chamava "Dani". Mais tarde Coelho a apresentou para Dani Monteiro, que pediu para usar em seu programa "Caminhos da Aventura", da TV Globo.

Edinalva -- Raquel dos Teclados

Um dos hits da sofrência mais tocados em 2020, a música é considerada hino entre advogados de família. Por quê? Os versos da canção falam por si: "Edinalva, a culpa é toda sua/ Se você tinha em casa, Edinalva/ Por que foi procurar na rua."

Fátima -- Capital Inicial

Na lista de sucessos do Capital Inicial, a música foi composta por Renato Russo ainda na época do Aborto Elétrico. Gravada no primeiro disco de estúdio da banda, de 1986, faz menção à Nossa Senhora de Fátima e soa como crítica a dogmas religiosos, em versos como "Vocês esperam uma intervenção divina/Mas não sabem que o tempo agora está contra vocês/ Vocês se perdem no meio de tanto medo/De não conseguir dinheiro pra comprar sem se vender".

Heloísa, mexe a cadeira - Vinny

Foi o primeiro single da carreira solo do cantor Vinny. A canção, um grande êxito no Brasil, se incorpora no gênero da dance music eletrônica e foi incluída no álbum "Todo mundo", de 1997. Um ano depois, estava na trilha sonora da novela teen Malhação (Globo). Sobre a letra, que só traz "Heloísa" apenas no título, o autor já disse ser uma música divertida, sem nada filosófico.

Inaraí -- Katinguelê

Hit da onda pagode romântico em 1998, a música é alvo de disputa de narrativas sobre possíveis inspirações. Enquanto o ex-cantor do grupo, Salgadinho, diz que "Inaraí" foi "a prima de um amigo que outro amigo pegava", os remanescentes do grupo afirmam que a inspiração foi a filha de Juninho do Banjo, que a compôs em parceria com Salgadinho.

Irene -- Caetano Veloso

Presente no disco Caetano Veloso (1969), música é uma singela homenagem à sua irmã caçula e foi composta enquanto ele esteve preso por agentes da ditadura.

Ive Brussel -- Jorge Benjor

Escrita por Jorge Benjor, em 1979, quando ele ainda era o Jorge Ben, é uma música-agradecimento. À época, durante um périplo de shows pela Europa, o artista brasileiro apresentou-se na cidade de Bruxelas, na Bélgica. Uma mulher chamada Ive Brussel então resolveu hospedá-lo na casa dela.

Janaína -- Biquíni Cavadão

Música de 1998, em que o vocalista Bruno Gouveia homenageia uma empregada doméstica Gessy, que trabalhou em sua casa. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo à época, o cantor homenageia as "mulheres comuns", que batalham no dia a dia sem perder o otimismo.

Jenifer -- Gabriel Diniz

Música gravada por Gabriel Diniz que despontou como o hit do verão em 2019, meses antes de cantor paraibano morrer em um acidente aéreo. Em uma entrevista à época, o artista contou que a musa inspiradora da canção já existiu, mas não se chamava "Jenifer". Ele disse que até então não havia notícia de que a moça soubesse da homenagem.

Jéssica -- Biro do Cavaco

Foi o grande sucesso do primeiro trabalho solo de Biro do Cavaco, o LP "Trocando Olhares", lançado em 1989. Por anos, imaginava-se que a "Jéssica" da canção fosse a filha ou esposa de Biro. Mas a música é uma homenagem ao amigo dele, o Tatá, autor da letra, que morreu em 1987 em um acidente de carro. De acordo com o artista, Tatá havia feito a música anos antes para celebrar o nascimento da irmã.

Johnathan da Nova Geração -- Furacão 2000

Ele ficou conhecido como garotinho cheio de marra que, com apenas 7 anos, cantava um dos hits do Furacão 2000 "Dance potranca, dance com emoção/ Eu sou o Jonathan da nova geração". Atualmente, aos 29, Jonathan Costa segue na música como DJ Jon Jon.

Juliana -- Raça Pura

Em 1999, o grupo baiano Raça Pura lançava uma música em que dizia: "Samba, Juliana". A moça da música, no entanto, não queria dançar. Mas, durante os shows, as "Julianas" presentes metiam dança.

Kátia Flávia -- Fausto Fawcet

"Kátia Flávia, a Godiva do Irajá" é uma canção do cantor Fausto Fawcett, lançada em 1987. A versão mais conhecida, porém, foi gravada em 1997 por Fernanda Abreu e nomeada a duas categorias do MTV Video Music Brasil. A protagonista do thriller policial é uma mulher loira e perigosa, moradora do bairro carioca do Irajá. A letra ainda cita o míssil Exocet na frase "Alô, polícia! Eu tô usando um Exocet calcinha!"

Lady Laura -- Roberto Carlos

Composta pelo Rei em 1976, em momento de solidão num hotel de Nova York (EUA), a letra homenageia sua mãe, Laura Moreira Braga. "Lady Laura, me leva para casa" também grudou.

Letícia -- Zé Vaqueiro

Um dos principais sucessos do álbum "O Original", do cantor Zé Vaqueiro, a música encerrou 2020 em primeiro lugar entre os vídeos de música mais reproduzidos no Youtube. Foram, na época, 149 milhões de visualizações na plataforma. A canção, que embala o piseiro Brasil afora, fala de uma tal Letícia que o deixou um homem à sua espera num bar.

Madalena -- Elis Regina e Martinho

As Madelenas sofreram duas vezes. Primeiro, veio a música que diz "Ô, Madalena, o meu peito percebeu" incluída no disco de Elis Regina "Ela", de 1971. Tornou-se um dos seus maiores sucessos. Conforme a página "MPB Bossa", no Facebook, Madalena é um nome fictício. Apesar de ter sido inspirada em uma mulher real, seu nome não era este, e sim Vera Regina.

Depois, cantada em toada de congo capixaba, "Madalena do Jucu" foi gravada por Martinho da Vila em 1989 e faz parte do álbum "O canto das lavadeiras". A canção que diz "Madalena, Madalena, você é meu bem querer" foi fruto de uma intensa pesquisa do cantor sobre o folclore brasileiro em Barra do Jucu, no Espírito Santo, onde viveu Maria Madalena de Jesus Simões, que inspirou a canção.

A história da canção de Martinho era cantada pelo falecido Mestre Antônio Rosa e foi escrita pelo pai de Madalena, o Mestre Zé Maria, que teria feito a toada assim que a menina nasceu. Ela morreu em 2008.

Maria Joaquina -- Pimenta Nativa

"Maria Joaquina", da banda Pimenta Nativa, foi o grande hit do Carnaval de 1997 e das micaretas pelo país. O cantor Sergynho, que costumava fazer rappel em plena avenida, entoava o que se tornou uma verdadeira súplica do axé. O vocalista, porém, jamais revelou quem seria Maria Joaquina de Amaral Pereira Góis, que rima com "contribói".

Milla -- Netinho

Um dos maiores hits do axé, "Milla" foi lançada em 1996 na voz de Netinho. A letra, contudo, foi escrita pelo músico e compositor Manno Góes. Em uma entrevista ao Fantástico (TV Globo), o autor da canção explicou que "Milla" foi "um amor de verão" que ele viveu durante uma de suas idas a Mar Grande, na ilha de Itaparica (BA).

Natasha -- Capital Inicial

Dinho Ouro Preto, autor da canção ao lado de Alvim L, contou em seu canal no YouTube que 'Natasha' não é sobre uma só pessoa, mas sim a combinação de várias dessas pessoas. Segundo ele, a letra trata de seres noturnos, "vampiros" da noite de São Paulo dos anos 90. Natasha, na letra, rima com saia de borracha e grudou na cabeça de uma geração.

Raimunda -- Gang do Samba

Lançada pela Gang do Samba em 1996, a música, segundo os fãs, reverenciava os atributos traseiros de Rosiane Pinheiro, dançarina do grupo e um dos símbolos sexuais dos anos 1990. A versão nunca confirmada oficialmente pelos compositores Tenison Del Rey, Paulo Vascon e Reinaldo Maia.

Renata (ingrata) -- Latino

Tocada à exaustão nos anos 2000, é uma das músicas mais populares de Latino. Em 2019, no programa "Hora do Faro", da Record TV, o cantor revelou quem era a mulher movida por ingratidão. Embora muitos pensassem que fosse uma indireta para Kelly Key, sua ex, a letra foi inspirada em Renata Cavalcante, uma advogada que viveu um processo de separação com o empresário de Latino. Durante conversa com o artista, o homem teria dito: "Renata, aquela ingrata". Pronto. Nascia ali um novo hit. Sentindo-se ofendida, a musa inspiradora cogitou processar Latino, mas recuou. Hoje, são bons amigos.

Rita -- Tierry

Lançado em 2020, o hit cantado por Tierry foi inspirado numa situação inusitada, a partir de um comentário polêmico em uma live de Marília Mendonça durante a pandemia. No chat, uma menina pediu desculpa por dar uma facada no ex e pede que ele volte, explicou o cantor em entrevista recente ao podcast "PodPah". Daí surgiram os versos "volta, Rita, que eu perdoo a facada".

Silvia (Piranha) -- Camisa de Vênus

Composta por Marcelo Nova e Robério Santana, a música faz parte do álbum ao vivo Viva, lançado em 1986. A letra surgiu a partir de uma brincadeira da banda em cima de "Sorrow", canção dos The McCoys regravada por David Bowie. De acordo com Nova, o "piranha" foi um coro adaptado pelo público logo na primeira vez em que tocaram música.