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Deputado bolsonarista quer censurar Porta dos Fundos por sêmen em filme

Rodrigo Amorim quer censurar o filme "Peçanha contra o animal", da produtora Porta dos Fundos - Reprodução
Rodrigo Amorim quer censurar o filme "Peçanha contra o animal", da produtora Porta dos Fundos Imagem: Reprodução

Colaboração para Splash, em Maceió

26/03/2022 17h23

O deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), quer censurar o filme "Peçanha contra o animal", da produtora Porta dos Fundos, devido ao uso de sêmen humano no longa, que foi considerado como um ato de desrespeito às policiais.

Amorim protocolou na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) uma moção de repúdio contra o Porta dos Fundos, e pede a retirada do ar do filme, que foi lançado em outubro de 2021, na plataforma de streaming do Amazon Prime Video.

O deputado bolsonarista se mostrou especialmente incomodado com uma cena em que a atriz Evelyn Castro, que no longa dá vida a uma policial, prova sêmen humano. Além da censura, o parlamentar quer também que a produtora pague uma indenização à Polícia Militar por "debochar" e "ridicularizar" a corporação.

Nas redes sociais, Rodrigo Amorim acusou o Porta de "atacar de forma repulsiva nossas policiais militares femininas".

"Mulheres pobres, negras, guerreiras, que arriscam a vida todos os dias em nossa defesa são vilipendiadas por essa turma que vive de lacração e da falta de respeito", escreveu.

Protagonizado por Antonio Tabet, "Peçanha contra o animal" é centrado em um policial responsável por investigar um serial killer de Nova Iguaçu, na baixada fluminense. No entanto, Peçanha e os demais agentes envolvidos no caso são suspeitos de cometerem os crimes que eles mesmo investigam.

Rodrigo Amorim quebrou a placa de Marielle Franco

Aliado de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual Rodrigo Amorim ganhou projeção nacional em 2018 quando, ao lado do deputado federal Daniel Silveira (União-RJ), quebrou a placa da vereadora Marielle Franco (PSOL), que naquele ano foi assassinada no Rio de Janeiro, em um crime que ainda não foi solucionado.

Recentemente, Amorim e Silveira posaram juntos e sorridentes no gabinete de Rodrigo na Alerj, em que seguram metade da placa de Marielle, que eles quebraram em 2018, agora emoldurada em dourado.

Ao UOL, Anielle Franco, irmã de Marielle, classificou a atitude dos parlamentares como "deplorável".

"É bastante deplorável uma atitude como essa", critica. "A gente tem diversas pautas importantes acontecendo neste momento no país, no estado, na cidade, e o deputado [Rodrigo Amorim], ao invés de estar trabalhando, focado no que ele foi eleito para fazer, perde tempo lamentavelmente disseminando ódio".

Especiais de Natal do Porta já foram alvos de polêmicas

Em 2019, o "Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo", feito para o streaming da Netflix, causou polêmica por retratar Jesus Cristo como homossexual, em uma disputa que foi parar na Justiça, após críticas de setores religiosos da sociedade.

Em 2020, o STF (Supremo Tribunal Federal), por unanimidade, derrubou uma decisão do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que havia pedido a retirada do programa da Netflix. Na ocasião, os magistrados da Suprema Corte concluíram que não deve haver censura.

No ano passado, outro especial de Natal da produtora, este intitulado "Te Prego Lá Fora", produzido para o Paramount+, também foi processado, em uma ação impetrada no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) pelo Centro Dom Bosco de Fé e Cultura.

Bolsonaristas tentaram censurar filme de Danilo Gentili

A investida de políticos bolsonaristas para censurar filmes de seus opositores atingiu também o apresentador Danilo Gentili, após o deputado estadual André Fernandes (REP-CE), tentar barrar a exibição do longa "Como se tornar o pior aluno da escola" no catálogo da Netflix.

Embora o filme tenha sido originalmente lançado em 2017, quando foi bastante elogiado pelos bolsonaristas, a exemplo do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PL-SP), que chegou, inclusive, a parabenizar Gentili pela produção, agora eles atacaram o humorista por suposta apologia à pedofilia no longa.

Os ataques, que segundo Danilo Gentili foram uma cortina de fumaça para tirar a atenção das polêmicas que envolvem o governo federal, contou com o apoio do secretário de Cultura, Mario Frias, e do ministro da Justiça, Anderson Torres, que tentaram cesurar a produção.