Topo

'Periquita': Ju Bonde diz que mãe a esculachou e não vê maldade com Pabllo

Felipe Pinheiro

De Splash, em São Paulo

22/02/2022 04h00

Luan Santana, Lula (PT), Bolsonaro (PL), Pabllo Vittar e até o padre Fábio de Melo. A cantora Juliana Bonde "atacou" várias personalidades em uma só música, que trata-se de uma versão de "Periquita", hit que viralizou no TikTok. De todos os famosos "homenageados" na canção, o único verso pelo qual ela se arrepende é o que fala sobre o sacerdote. Há uma razão para isso: a educação católica que recebeu da família.

"Vou dar a minha periquita para o Fábio de Melo, que pega periquita escondido", diz Ju Bonde na canção. A mãe, segundo conta, brigou com ela ao ouvir a parte do padre.

A minha mãe até hoje está falando na minha cabeça. Ela é fã [do Fábio de Melo] e me esculachou. - Juliana Bonde

"Peço desculpas ao padre porque sabemos que tem muita coisa na Igreja, mas acredito que ele seja uma pessoa santa. Achei que ele fosse levar na brincadeira por ser um padre da internet. Pensei, ele vai me perdoar. Já gravei arrependida o nome dele. Mandei mensagem, mas ele não me respondeu. Pensei que ele não iria se importar e o vejo como uma pessoa muito boa", diz.

O padre pop é o único que Ju Bonde teria poupado na música. Outra polêmica na letra é a forma preconceituosa a qual se refere a Pabllo Vittar. Questionada se considerou o comentário desrespeitoso ("ela tem uma rolinha escondida"), Juliana nega e afirma que, para ela, a drag queen é um ícone, além de uma referência na própria carreira.

"Sou muito fã. Tudo o que ela posta e até as roupas, eu copio. Enchi ela de mensagens no direct, mas não me respondeu. Ela mesma já brincou várias vezes com o tamanho da 'boneca' dela. Eu a vejo como uma pessoa muito descolada. Ficaria muito triste se ela ficasse com raiva", afirma.

Apesar da admiração por Pabllo, a cantora diz não compartilhar da mesma visão política. Como se sabe, a drag é apoiadora do ex-presidente Lula: "Votei no Bolsonaro e acredito que continuarei com ele, mas não tenho político de estimação. É a única coisa que não gosto da Pabllo".

A cantora explica que comprou os direitos da composição e atualizou a letra com o objetivo de aproveitar para divulgar o trabalho sensual que produz ao lado das dançarinas.

Assista ao vídeo de "Periquita", que viralizou no TikTok

Tem medo de processo?

Sem revelar a identidade, a cantora diz que um dos famosos que ela cita em "Periquita" não gostou da "homenagem".

"Ele era assinante do meu conteúdo sensual, mas cancelou porque não gostou da música. Não posso falar quem é porque já esculachei demais. Ele vai me processar de verdade e já pediu para eu não ficar tocando no assunto. Eu pedi para ele não tirar minha música do ar", declara.

Juliana Bonde com as dançarinas; o grupo viralizou com a música 'Periquita'. - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Juliana Bonde com as dançarinas; o grupo viralizou com a música 'Periquita'.
Imagem: Reprodução/Instagram

"Estou esperando até agora o processo. Deus me livre! Não vai nem compensar o que eu gastei na música", afirma a paranaense, que calcula um orçamento de R$ 8 mil para a produção do clipe e a compra da música original. Como a divulgação foi espontânea, ela não precisou gastar dinheiro para emplacar o hit.

Por eles [os artistas] serem lembrados na música, achei que iriam gostar, que ficariam felizes também de eu falar que daria a minha periquita para eles, né? - Juliana Bonde

A cantora revela que decidiu poupar um famoso: "Eu ia colocar o Danilo Gentili no lugar do Luan Santana. Fiquei entre um e outro. Como o Danilo me deu oportunidade no programa dele, então achei melhor não esculachá-lo por isso".

Assédio e disfarçada na missa

Juliana Bonde conta que se disfarça de coque no cabelo e vestido longo para não ser reconhecida quando vai à missa. - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Juliana Bonde conta que se disfarça de coque no cabelo e vestido longo para não ser reconhecida quando vai à missa.
Imagem: Reprodução/Instagram

Juliana Bonde diz que os homens muitas vezes passam do limite. Ela diz como reage quando sofre algum tipo de assédio.

"O máximo que já aconteceu foi do cara tentar passar do ponto, mas eu já dou uns tapas e acabou. Sou acostumada a bater em homem. É só dar o primeiro tapa e ele entende. Direto acontece do homem, na hora de tirar a foto, descer a mão e eu já dou uma nele. O povo acha que podem passar do ponto porque trabalho com conteúdo sensual", explica.

Religiosa e de família tradicional, ela procura participar da missa disfarçada de coque e vestido longo, além da máscara para se proteger da covid-19. Mas já aconteceu de ser descoberta: "Se me descobrem, não volto mais à Igreja mesmo antes de começar o falatório. Não tem quem conheça mais igrejas na região de Campinas do que eu".

Os pais, ela conta, não gostaram quando a cantora lançou a sua versão de "Periquita", mas explica que eles já acostumaram.

"Até o padre da minha cidade ligou para a minha mãe perguntando se ela estava bem. Ela ficou chocada. Minha família é muito conservadora, mas depois eles entenderam. No começo é um choque", afirma Juliana.