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'Um pé na bunda te coloca adiante', diz Nelson Freitas sobre saída da Globo

Nelson Freitas quer carreira internacional após deixar Globo - Camila Vedoveto
Nelson Freitas quer carreira internacional após deixar Globo Imagem: Camila Vedoveto

Daniel Palomares

De Splash, em São Paulo

16/12/2021 04h00

Foram 17 anos fazendo humor na Globo. Arranjar tempo para férias durante o "Zorra" era quase impossível, tamanho fenômeno do programa. Mas com a saída da emissora, Nelson Freitas quis buscar outros caminhos.

Hoje, quase chegando aos 60, o ator dá os pontapés iniciais de uma carreira internacional, sem medo de voar. Em papo com Splash, Nelson dá detalhes de seus próximos projetos e celebra a liberdade.

Às vezes, um pé na bunda te coloca para frente!

Nelson Freitas

"Queria me deslocar dessa imagem do humor. Nesse 1 ano e meio fora da Globo, fiz cinco filmes, me dediquei ao meu podcast, meu canal do Youtube. Foi maravilhoso esse tempo na Globo, mas quero realizar o sonho que não consegui antes por estar preso a um contrato. A idade não significa nada! Quero alçar voos maiores."

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Nelson Freitas
Imagem: Guto Costa/Divulgação

Outro lado

Nos mais recentes filmes que gravou, Nelson deu vida a um delegado suspeito de matar a própria mulher em "Nina", um vilão do filme de ação "Tração" e ninguém menos do que Eike Batista, o empresário que já foi o homem mais rico do Brasil, em "Eike - Tudo ou Nada", com lançamento previsto para 2022.

"Foi muito bacana a experiência de estar no cinema fazendo personagens dramáticos. Uma mudança de posicionamento da carreira. O Eike foi um desafio e tanto. Não estamos interpretando um personagem da história, ele é contemporâneo. Não é uma imitação, é a minha visão. Foram meses debruçado em vídeos, registros, matérias, entrevistas."

Adoraria ter me encontrado com o Eike, batido papo. Mas corríamos o risco de não ter imparcialidade.

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Nelson Freitas lamenta a falta de espaço para o humor na grade da Globo
Imagem: Camila Vedoveto

E como fica o humor? Nelson lamenta que a grade da Globo, por exemplo, tenha perdido os espaços dedicados a atrações humorísticas como no passado.

"É um processo de reaprendizado. As coisas grosseiras, preconceituosas não são mais engraçadas. Precisamos mudar, mas não podemos perder o espaço do humor. Temos que nos adequar. É uma pena que não temos mais tantos programas de humor na grade. Estamos vivendo uma transformação definitiva e irreversível, um renascimento. Não nos damos conta de como é histórico."

Novo Nelson

A saída da Globo, aliada a pandemia, despertou novos interesses. Nelson se dedica ao seu canal do YouTube, passando mensagens positivas aos seus mais de 100 mil inscritos, e ao seu podcast "Embaralha e dá de novo", realizado ao lado de André Dessandes e Fernanda Loureiro, no qual discute temas diversos como ecologia e masculinidade tóxica.

"Para muitos profissionais, está sendo interessante se desligar de contratos e escolher outros destinos para a vida com uma janela gigante de possibilidades. Para mim, foi um benefício imenso. Criei um estúdio dentro da minha casa onde fazia minhas lives e agora gravo para o canal", conta.

Nelson revela ter recusado dois convites da Globo para voltar às novelas em 2022. Em um dos papeis, seria o pai de Paolla Oliveira na próxima trama das 19h. A paternidade real falou mais alto.

Casado com a procuradora da República Maria Cristina Cordeiro, Nelson foi reconhecido legalmente como pai de Gabriela, sua enteada, e avô de Felipe, e quer passar o próximo ano ao lado dos dois na Austrália, onde vivem desde o início dos anos 2000.

"O Felipe trouxe a paternidade que eu não tinha vivido. Ele viveu com a gente por alguns anos, foi quando entendi o verdadeiro significado da palavra amor. É uma história muito tocante para mim. Durante esses anos, não podia ficar muito tempo na Austrália. Nunca tinha férias, só alguns recessos. Decidi ter um ano sabático por lá", revela.

Estou pagando meu curso e da minha mulher para estudar inglês, quero investir na carreira internacional. Quero dominar o idioma, conversar de igual para igual. Quero trabalhar lá fora, sinto que tenho condições. O Rodrigo Santoro e o Wagner Moura são exemplos inspiradores, tiveram que dizer não para muitas coisas no Brasil para garantir esse espaço. Quero ser uma inspiração aos meus colegas também