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Pedro Antunes

MF Doom, um dos maiorais do rap, morre aos 49 anos

Capa do disco "Madvillain", de MF Doom e Madlib. - Reprodução
Capa do disco 'Madvillain', de MF Doom e Madlib. Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

31/12/2020 21h05

Sem tempo?

  • A família do rapper ML Doom revelou a morte do artista em outubro de 2020
  • Em um post realizado no Instagram de Doom, a esposa dele se despediu do companheiro com um texto emocionante
  • Símbolo do rap dos anos 1990, o inglês criado em Nova York era um dos nomes mais respeitados do rap mundial

Um dos maiores e mais influentes rappers e produtores da geração, o inglês MF Doom morreu aos 49 anos.

A família do artista, contudo, revelou que Daniel Dumile, nome por trás da máscara, morreu em 31 de outubro de 2020, dois meses atrás, mas só agora tornou pública a informação da partida de MF Doom.

A causa da morte, contudo, não foi revelada.

A notícia chegou por um post no Instagram de Doom, publicado há poucas horas, nesta quinta (31), em um texto assinado pela esposa dele, Jasmine.

Diz o post:

"O melhor marido, pai, professor, aluno, parceiro de negócios, amante e amigo que eu poderia pedir. Obrigada por todas as coisas que você mostrou, ensinou e deu para mim, nossos filhos e nossa família. Obrigada por me ensinar a perdoar os outros e dar a eles outra chance, não ser tão rápido em julgá-los e descartá-los. Obrigada por mostrar como não ter medo de amar e ser a melhor pessoa que poderia ser. Meu mundo nunca mais será o mesmo sem você. Palavras nunca irão expressar o que você e Malachi significam para mim, eu amo os dois e adoro vocês sempre. Que TODOS continuem a abençoar você, nossa família e o planeta."

Nascido em Londres em 1971, mas criado em Nova York, MF Doom era um dos grandes. Dos maiorais, mesmo, do rap daquela geração que pipocou no final dos anos 1980 e início da década seguinte.

Dumille começou ainda adolescente, antes dos 20 anos, quando rimava sob o nome de Zev Lov e fazia parte de um grupo chamado KMD. Ele desapareceu dos palcos por um tempo, quando o irmão DJ Subroc morreu em 1993 e voltou no final da década, quando surgiu com a máscara no rosto.

Ele dizia que, nos anos entre o KMD e o retorno como MF Doom, ele "sobreviveu" e quase morou nas ruas.

O acessório, bastante semelhante àquele usado pelo vilão da Marvel Doutor Destino (ou "Doctor Doom", em inglês) se tornou a marca do rapper, além das de rimas devastadoras. Depois, a máscara foi adaptada e ficou similar a uma usada no filme "Gladiador".

Com "Operation Doomsday", de 1999, MF Doom fez sua estreia e foi um estouro. Ajudou a dar espaço para sons menos sisudos e flertes com o que hoje a gente conhece como hip-hop lo-fi (como na música acima, por exemplo). A série de discos de MF Doom só de instrumentais, de nome "Special Herbs", é realmente especial.

A obra-prima, para muitos, foi o álbum " Madvillainy", o único lançado do duo Madvillain, formado por MF Doom e o produtor Madlib.

MF Doom mudou de nome outras vezes, foi é símbolo de uma geração que batalhou para colocar o rap no destaque que vive hoje. Foi dos bons, colaborou com outros gigantes como ele, tipo Ghostface Killah (do Wu-Tang Clan), e abriu-se para novas estéticas, como as parcerias com Danger Mouse, Flying Lotus, e Thom Yorke e Jonny Greenwood (ambos do Radiohead).

O último álbum solo dele foi em 2009, com "Born Like This", mas MF Doom seguia na ativa com projetos e parcerias, como "WestSide Doom" (2017), com o rapper Westside Gunn, e "Czarface Meets Metal Face", com Czarface.

O rap perde um dos maiores.