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REPORTAGEM

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O Brasil de violências, sonhos e paixões: papo com Itamar Vieira Junior

Colunista do UOL

17/09/2021 04h00

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Na 95ª edição do podcast da Página Cinco:

- Papo com Itamar Vieira Junior, autor de "Doramar ou A Odisseia" e "Torto Arado" (Todavia).

Alguns destaques do papo com Itamar:

Olhar

Esse país tão multicultural, multiétnico, muitas vezes não está tão bem representado nas artes. A arte, principalmente a literatura, é um espaço muitas vezes elitizado, de uma pequena elite que escreve e consegue publicar. Daí a minha grande questão de voltar os olhos dessa arte para outros lugares, que muitas vezes não estão sendo olhados da maneira devida, para dali extrair algo que pode ser poderoso.

Compromisso com a escrita

O meu projeto literário não pode ser moldado nem pelo que a crítica espera ler nem pelo que os leitores esperam ler. É algo que deve correr independente. É aquele meu vínculo com a própria escrita, que vem de muito tempo. Não estou dizendo que o que escrevo seja maravilhoso ou perfeito, muito pelo contrário. Mas não posso escrever a partir de uma expectativa de mercado, de crítica ou de leitores.

Qual é o nome?

Títulos de livros, títulos de histórias, exigem muito do autor. Eu, por exemplo, tenho pavor de títulos grandes, que são frases inteiras e você se perde no meio, não consegue lembrar de jeito nenhum. Acho que título tem que ser direto, com palavras fortes e que demarquem muito bem o que está ali naquele volume, naquele romance.

Religião

Não sou religioso, mas me interesso muito pela linguagem mística. Ela faz parte da dimensão humana e é algo que podemos explorar de uma maneira muito direta. Aquilo vai dar muitos sentidos para nossa própria humanidade. Se você vai falar de alguém, deve falar daquela pessoa por completo, e a dimensão religiosa nunca pode ser desprezada, se ela de fato existe. Costumo me interessar pela religião muito por guardar essa dimensão onírica da vida humana. Aquilo que a gente não pode tocar, não pode ver, mas que está em muitas culturas desde tempos imemoriais.

Os animais

Parte da minha compreensão, da minha humanidade, daquilo que é relevante pra mim, de que no planeta Terra não há uma espécie dominadora e outras espécies a serem dominadas, talvez parta de um senso de equidade que tento cultivar em relação a tudo o que é vivo. O mesmo ocorre com as plantas, com toda forma de vida. Não há uma forma de vida superior. Toda vida é importante e relevante.

Sentimentos dos seres vivos

O sofrimento não é algo apenas humano. Os animais e as espécies vegetais, segundo cientistas, também conseguem sofrer. Da mesma maneira com outros sentimentos: o de alegria, de encontro. Tudo isso são sentimentos comuns aos seres vivos.

Clarice Lispector

Ler a Clarice é uma espécie de benção e ao mesmo tempo frustração. Benção porque a gente tem contato com uma obra tão profunda e imortal. Frustração porque, se a gente quer escrever, a gente lê Clarice e termina achando que só existe uma forma de escrever: escrever como ela. E ninguém consegue repetir o que a Clarice fez.

A foto de Itamar usada na arte do episódio foi feita por Adenor Gondim.

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