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Bordado em família ilustra livros de Jorge Amado e disco de Maria Bethânia

Festa na beira d"água, uma das obras bordadas da família Dumont - Arquivo pessoal
Festa na beira d'água, uma das obras bordadas da família Dumont Imagem: Arquivo pessoal

Carol Scolforo

Colaboração para Nossa

17/05/2022 04h00

Família Dumont

Família Dumont

QUEM SÃO

Dona Antônia (ao centro), os filhos Sávia, Marilu, Demóstenes, Martha e Ângela são a família de bordadeiros à frente da Matizes Dumont, que ilustra obras a partir do bordado espontâneo em Pirapora, MG.

Como poderia o bordado ultrapassar os tecidos, as cores e desenhos traçados pelas mãos? A família Dumont tem essa resposta.

Dona Antônia, a matriarca, inspirou seus filhos Sávia, Marilu, Demóstenes, Martha e Ângela a criar enredos incríveis que se tornariam para eles uma diversão. Hoje, o quinteto vê os netos brincarem com agulhas e fios, prontos para perpetuar a manualidade pela qual são reconhecidos Brasil afora com o grupo Matizes Dumont.

A técnica de bordado espontâneo leva o bordar tradicional ao caminho da Arte. Misturas de tecidos, matizes e tessituras se põem em cena a fim de criar quadros riquíssimos e contar histórias da vida simples do interior. Afinal, tudo começou em Pirapora, MG, onde cresceram livres.

Capa do disco de Maria Bethânia, Pirata - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Capa do disco de Maria Bethânia, Pirata
Imagem: Arquivo pessoal

Com o tempo, ilustraram livros — alguns premiados pelo Jabuti — de nomes como Jorge Amado e Marina Colasanti, só para citar alguns dos famosos. Dorival Caymmi e Maria Bethânia têm suas ilustrações bordadas em livro e disco, respectivamente. A última cantou sobre um palco com a projeção do bordado do grupo, imagine só a emoção.

"Considero que o bordado é o que me equilibra na vida, me dá ânimo e uma vida boa e saudável", conta Sávia, que abraçou a missão desde criança. Graças a ela e aos irmãos, o projeto ganhou viés solidário com a criação do Instituto Cultural Antônia Dumont, que ensina pessoas em situação de vulnerabilidade a bordar.

Meninos no balanço - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Meninos no balanço
Imagem: Arquivo pessoal
Mãe e filha - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Mãe e filha
Imagem: Arquivo pessoal

Desejo de fazer

O bordado exige uma coisa primordial: o desejo de fazer. Desejar exercitar a paciência e a manualidade estão acima de tudo. Todo mundo pode aprender", aponta Sávia.

Com o tempo e as possibilidades que a técnica oferece, torna-se paixão. Assim como aconteceu com a família, que se desafia cada vez mais, não importa se levar anos para terminar uma obra.

É o caso da coleção Portinari, composta por 20 telas bordadas por um ano e meio pelo quinteto. "Incentivamos muito mulheres, homens, jovens, adolescentes que aprendem conosco a passarem para a frente essa arte. Só assim conseguiremos manter a tradição brasileira viva por mais tempo", diz Sávia.

Ela sabe dos vilões que rondam as manualidades atualmente, as telas digitais. Por isso, o grupo não para. No momento, organiza o segundo Encontro do Bordado Brasileiro, que acontece de 6 a 10 de julho em Pirapora, cidade natal da família. A programação é repleta de oficinas para aprender a bordar e tem show de Geraldo Azevedo.