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Futebol Sem Fronteiras

O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


OPINIÃO

Futebol sem Fronteiras #36: Nova Champions vai gerar grana de uma Copa do Mundo

Do UOL, em São Paulo

10/02/2022 17h48

Enquanto a Fifa se prepara para a final do seu Mundial de Clubes, com a partida deste sábado (12) entre Palmeiras e Chelsea (às 13h30, horário de Brasília, com transmissão minuto a minuto do Placar UOL), a Uefa costura um novo acordo para deixar a Liga dos Campeões ainda mais rentável. Na guerra dos bastidores por poder e influência no mundo do futebol, a entidade europeia agora se vangloria por seu principal torneio interclubes gerar, por ano, o mesmo dinheiro que uma Copa do Mundo gera a cada quatro anos.

No podcast Futebol sem Fronteiras #36 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram sobre a intensa briga política entre Uefa e Fifa. Eles revelaram os detalhes do novo acordo que permitirá à Liga dos Campeões ter ainda mais importância financeira dentro do cenário futebolístico internacional.

"A Uefa fechou os acordos para as Champions de 2024 a 2027 e os contratos começaram a ser assinados com as TVs e, acima de tudo, com os patrocinadores. A previsão é de que esses anos de Champions vão gerar 15 bilhões de euros. Vamos colocar em um contexto. Em 2010, eu estava em um congresso da Uefa, no qual Gianni Infantino ainda era secretário-geral da entidade e apresentou os números para aquele período. Ele estava muito orgulhoso ao dizer que poderia chegar aos 2 bilhões de euros", disse Jamil. Hoje, Infantino, atual presidente da Fifa, vê a Uefa multiplicar as receitas geradas com a principal competição interclubes da Europa.

Para se ter uma ideia de como esse novo valor obtido pela Champions é elevado, Jamil fez uma comparação. "Por ano, ela vai gerar mais do que a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, gerou. São dez anos de diferença, é verdade. Vamos pegar outra comparação. Em 2018, a Copa da Rússia gerou exatamente 5 bilhões de euros. No Qatar, a previsão é de mais ou menos 6 bilhões de euros. Temos que lembrar que o único torneio da Fifa que gera receita e que paga todos os outros é a Copa do Mundo", apontou o correspondente internacional.

Para Jamil, a Uefa dá uma cartada decisiva para mostrar como seu domínio já extrapola as quatro linhas "Se já existe uma rivalidade esportiva, com a Europa se sentindo toda poderosa, a Uefa coloca a Champions no mesmo patamar financeiro da Copa do Mundo. Isso é um terremoto no mundo do futebol. Não é apenas 'a conta chegou a tanto'. São as placas tectônicas do mundo do futebol se movendo. Essa é uma revolução muito grande. Pela primeira vez, um torneio de clubes vai gerar o mesmo que uma Copa, que era a galinha dos ovos de ouro do futebol mundial. Fica a pergunta: com toda essa grana e poder, quem vai rivalizar com a Uefa no futuro?", questionou.

Julio fez uma observação para demonstrar como a força da Uefa e da Champions ofusca um momento que deveria ser de amplo protagonismo da Fifa. "O que importa mais para o mundo: Palmeiras x Chelsea, que é a final do Mundial de Clubes, ou PSG x Real Madrid, que jogam na terça (15) o duelo de ida das oitavas de final da Champions? A resposta é muito simples. PSG e Real Madrid, assim como todos os jogos das oitavas, importam muito mais e despertam mais interesse nos quatro cantos do mundo do que Palmeiras x Chelsea, um evento que basicamente só chama a atenção do Brasil", destacou o colunista do UOL.

O novo formato da Champions, com mais times (36, em vez dos atuais 32 da fase grupos) e um sistema de disputa diferente (sem fase de grupos, mas com uma espécie de liga), permitirá um maior número de jogos e, teoricamente, mais partidas entre equipes poderosas. As alterações foram uma resposta da Uefa à criação da Superliga, mas também atingiram em cheio a Fifa, como explicou Julio.

"Essa ampliação da Champions é a grande resposta à tentativa de os clubes europeus criarem a Superliga. Só que isso, de alguma forma, afeta a Fifa, que quer fazer um Mundial de Clubes ampliado para se opor à própria Champions", concluiu o jornalista.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também a discussão sobre como a Fifa pretende contragolpear a iniciativa da Uefa, valorizar o Mundial de Clubes e reaver seu protagonismo nos bastidores do futebol.

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.

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