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Posse de Bola

Programa semanal de futebol com Juca Kfouri, Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi


OPINIÃO

Posse de Bola #118: Ceni, Abel e Cuca pressionados, Libertadores e Superliga

Do UOL, em São Paulo

19/04/2021 12h57

O Palmeiras foi campeão da Libertadores e da Copa do Brasil há poucos meses, o Flamengo levantou o bicampeonato do Brasileirão e também da Supercopa do Brasil, mas nos últimos dias os dois clubes viraram alvos de críticas de seus próprios torcedores, com pichações mandando recado a Abel Ferreira no Alviverde e pedidos pela saída de Rogério Ceni no Rubro-negro, assim como já há questionamentos ao trabalho ainda inicial de Cuca no Atlético-MG.

No podcast Posse de Bola #118, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira analisam se o tom das reclamações contra os treinadores nas redes sociais e em muros, no caso do Palmeiras, não estão desproporcionais até para a realidade dos próprios clubes no momento, além de comentarem o momento do Corinthians, a estreia dos brasileiros na Libertadores e a criação da Superliga na Europa.

Para Mauro Cezar Pereira, há um excesso nas críticas em redes sociais tanto com o caso do Palmeiras quanto do Flamengo. O jornalista afirma que as pessoas fazem mais questão de ter razão e não pretendem discutir de maneira civilizada o futebol e os problemas apresentados pelos dois times.

"Não tem novidade nenhuma no Palmeiras, o Palmeiras sempre foi isso aí. Agora que perceberam? Quando a gente falava lá atrás que o time não tinha grande repertório, aí ataca-se o jornalista que está mostrando algo que o campo está exibindo para todo mundo. Aí alguém fala, ataque ao jornalista, aí o time não joga e não importa que foi falado antes, vão atacar o técnico, o técnico não está enganando ninguém, ele é isso aí o técnico do Palmeiras", diz Mauro Cezar.

"No caso do Flamengo é óbvio que o Rogério Ceni não é o melhor do mundo, é evidente que existem técnicos melhores do que ele, agora, vai contratar quem? Com que dinheiro? Aí os malucos da rede social, as sugestões são as mais estapafúrdias. Técnicos inviáveis, porque não sairão dos seus empregos porque seriam caríssimos e não aceitariam trabalhar pela quantia que o clube poderia pagar hoje, os caras ignoram que o poder de investimento de um clube, Flamengo, Palmeiras, antes da pandemia era um e agora é outro, sem contar a disparada do dólar, do euro", completa.

O jornalista afirma que a vinda de Abel Ferreira ao Brasil para dirigir o Palmeiras ocorreu por se tratar ainda de um técnico em início de carreira e que não tinha trabalhado em um grande clube europeu, encontrando a chance de conquistar títulos em um grande clube para ter maior exposição no mercado, como ocorre com os próprios sul-americanos que ficam pouco tempo no futebol brasileiro.

"O Abel foi contratado porque ele é um técnico que vinha trabalhando em times do quinto escalão europeu, se chegar a quinto, nessa época de Superliga acho até que o Braga e o PAOK caíram mais um pouco na escala de importância, então, para ele era uma oportunidade em um gigante sul-americano que é o Palmeiras. É um técnico que não apresentou até hoje essa diversidade de jogo. Mas ele está enganando alguém? Não está, é só ver os jogos e você constata que é assim que ele trabalha no time dele. Aí a reação agora é essa?", questiona Mauro.

"Rueda largou o Flamengo, Osorio largou o São Paulo, Bauza largou o São Paulo, Coudet largou o Internacional, também tem isso, porque isso aqui é apenas um estágio intermediário para quem sonha com voos mais altos, seja uma seleção sul-americana e principalmente um clube europeu. O Coudet largou o Internacional para dirigir o Celta, que estava nos arredores da zona de rebaixamento. O cara vai tentando ganhar espaço em um mercado mais relevante. Não é tão simples, especialmente com a questão financeira hoje, mas os caras acham que é simples", completa.

Com o futebol sem público nos estádios e as redes sociais usadas como termômetro para a reação dos torcedores, Mauro vê a reação dos torcedores como muito acima do tom e com agressividade, com o que chama de maioria barulhenta, procurando mais xingar o técnico do que simplesmente cobrar por mudanças e melhorias viáveis.

"Eu preciso odiar alguém, eu tenho que odiar alguém, seja o Ceni, seja o Abel Ferreira, seja o Cuca, então vou xingar o técnico do meu time e vou pedir mudanças, por mais que isso seja estapafúrdio, fora de ordem e tudo o mais. E assim segue, o Crespo que fique bem atento, porque se ele tropeçar amanhã vai ter são-paulino fazendo a mesma coisa com ele, porque isso não é um problema de palmeirenses, atleticanos ou rubro-negros, isso é um problema da sociedade brasileira ou mundial, as pessoas estão loucas", diz Mauro.

"Eu concordo com o seguinte, o Palmeiras tem que mudar, tem que ter outra forma de jogar, pode dizer um palmeirense, desse jeito não dá, esse técnico tem que melhorar, tem que oferecer outras alternativas de jogo. A gente fala isso há quanto tempo? Tudo bem, mas dá para falar isso de forma civilizada e isso não implica em exigir a demissão do técnico. Dizer que o trabalho tem que melhorar não é a mesma coisa que 'manda embora'. Não, você está dizendo que o trabalho tem algumas deficiências", conclui.

Posse de Bola: Quando e onde ouvir?

A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas e sextas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter).

A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts. Você pode ouvir, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e Youtube --neste último, também em vídeo. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.