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"Fifagate": Marin e Napout pedem absolvição ou novo julgamento

23/01/2018 15h40

Nova York, 23 Jan 2018 (AFP) - Os ex-presidentes das federações de futebol do Brasil e do Paraguai, José Maria Marin e Juan Ángel Napout, condenados por corrupção por aceitarem milionários subornos, pediram absolvição de todas as acusações ou pelo menos um novo julgamento.

Em 22 de dezembro, um júri de Nova York declarou culpados os dois cartolas, que foram imediatamente presos após processo de sete semanas que revelou esquemas obtusos do futebol mundial.

Marin foi gravado falando sobre as propinas, sendo condenado em seis das sete acusações que enfrentou. Já Napout, ex-presidente da Conmebol, foi condenado em três de cinco queixas sobre ele.

Marin deve ser sentenciado pela juíza Pamela Chen no dia 4 de abril, enquanto Napout espera a decisão da magistrada cinco dias depois. Chen advertiu que ambos enfrentam condenações "potencialmente muito significativas", de pelo menos 10 anos de prisão.

Mas os advogados dos acusados garantiram que as evidências apresentadas pela procuradoria não são suficientes para a condenação, em documentos apresentados ao tribunal federal do Brooklyn nesta segunda-feira.

"A evidência apresentada pelo governo no julgamento foi insuficiente para justificar sua condenação", disseram os advogados de Marin.

A defesa garante que a procuradoria "nunca provou que Marin participou, ou concordou participar, em acordo quid pro quo" em relação à Libertadores, Copa do Brasil e Copa América, ou seja, ainda que tenha aceitado pagamentos, não existem evidências explícitas de que ofereceu contratos em troca.

Os advogados de Napout também pedem a absolvição de seu cliente, porque garantem que a procuradoria fracassou em apresentar evidências suficientes, por exemplo, em relação ao dano que os supostos subornos teriam causado à Fifa ou à Conmebol.

A defesa de Napout pede outro julgamento porque garante que a principal testemunha do governo, o empresário argentino Alejandro Burzaco, mentiu ao júri quando disse ter viajado para Assunção em outubro de 2014 para discutir esquemas de subornos com o ex-presidente da Conmebol. Os advogados do mandatário não encontraram registros aéreos ou migratórios de sua entrada ou saída do Paraguai.

O governo dos Estados Unidos acusou 42 pessoas e a empresa esportiva Traffic de 92 delitos, além do recebimento de 200 milhões de dólares em subornos, no caso que ficou conhecido como "Fifagate".

Napout, Marin e o ex-presidente do futebol peruano Manuel Burga foram os únicos que participaram do julgamento, porque apenas os três se declararam inocentes após a extradição aos Estados Unidos.

Burga foi absolvido dia 26 de dezembro pelo mesmo júri que condenou Marin e Napout.