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Liga Francesa de futebol elege mulher presidente pela primeira vez

Nathalie Boy De La Tour, nova presidente da LFP - Franck Fife/AFP
Nathalie Boy De La Tour, nova presidente da LFP Imagem: Franck Fife/AFP

Da AFP, em Paris (França)

11/11/2016 14h48

Nathalie Boy De La Tour tornou-se aos 48 anos a primeira mulher presidente da Liga Profissional Francesa de Futebol (LFP), encerrando uma crise de governança que se arrastava há mais de um mês.

O controverso Raymond Domenech, ex-técnico da seleção francesa, era a primeira opção dos 24 membros do Conselho de Administração, mas seu nome foi rejeitado no primeiro turno da assembleia geral eletiva. Participaram da votação representantes dos 40 clubes profissionais das duas primeiras divisões, da Ligue 1 e a Ligue 2.

A dirigente, que fazia parte de conselho de administração há três anos, representava a chapa "FondaCtion du Football" (FundAção do futebol em tradução livre, usando trocadilho com a palavra 'ação'), cujo objetivo é "promover uma visão cidadã" do esporte.

É a primeira vez que uma mulher ocupa essa função em uma grande liga de futebol. Nos Estados Unidos, Lisa Borders é presidente da WNBA, filial da liga de basquete NBA, mas trata-se de uma liga feminina.

Nathalie Boy De La Tour foi eleita por quatro anos e sucede a Frédéric Thiriez, que renunciou ao cargo em abril, depois de 14 anos à frente da entidade.

Uma primeira eleição foi marcada para o dia 5 de outubro, acabou não acontecendo por falta de quorum. O motivo da discórdia foi uma divisão entre os 11 principais clubes, como Paris Saint-Germain, Lyon ou Olympique de Marselha, e os de menor expressão (Caen, Dijon, Guingamp, entre outros) a respeito da repartição dos direitos de transmissão.

A situação estava tão confusa que nem a própria De La Tour esperava ser eleita.

"Estou muito feliz por estar com vocês, e também surpreendida e emocionada. Sei que não era uma eleição esperada, mas estou extremamente feliz e espero estar à altura das famílias, dos clubes, das pessoas independentes e da Liga", afirmou a nova presidente em entrevista coletiva.

Parto difícil

"Temos uma boa presidente, uma mulher à frente do futebol dá um novo frescor. É algo muito positivo e todo mundo está feliz. O parto não foi fácil, mas o bebê está bem", elogiou Bernard Caïazzo, presidente do Saint-Etienne, referindo-se ao processo conturbado da sucessão de Thiriez.

"É uma mulher formidável, que tem uma grande carreira em escritórios de consultoria e posso garantir que não será uma presidente decorativa, como alguns dizem", concordou Bertrand Desplat, presidente de Guingamp.

Desde a saída de Thiriez, porém, os estatutos da entidade foram modificados e o real poder executivo estará entre as mãos do direito geral, Didier Quillot.

Desplat fez questão de criticar abertamente dirigentes que apoiavam a eleição de Domenech como presidente interino, para que Michel Seydoux, presidente do Lille, possa assumir o cargo mais tarde, depois de concluir o processo de venda do seu clube ao empresário luxemburguês Gerard Lopez.

"Eu nunca poderia ter votado em Domenech. Quem queria essa escolha precisa assumir suas responsabilidades. É uma pessoa que remete às horas mais sombrias do futebol francês", alfinetou.

À frente da seleção de 2004 a 2010, Domenech levou os 'Bleus' ao vice-campeonato na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, mas ficou marcado pelo vexame histórico da eliminação na primeira fase quatro anos depois, na África do Sul, com direito a greve dos jogadores.

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