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Um ano após sofrer agressão racial, Sylla assistirá a PSG-Chelsea

15/02/2016 16h43

Paris, 15 Fev 2016 (AFP) - Um espectador especial estará na tribuna do Estádio Parc des Princes, na terça-feira, para as oitavas do Champions entre Paris SG e o Chelsea: Souleymane Sylla, vítima de uma agressão racial no metrô de Paris por torcedores da equipe inglesa no ano passado.

"Ele foi convidado a assistir à partida, mas não pelo Paris Saint-Germain, como estava previsto inicialmente. Foram a Sportitude e a SOS Racismo (associações que lutam contra o racismo) que o convidaram", explicou à AFP o advogado Jim Michel-Gabriel.

"Creio que irá. Será um bom símbolo e lhe permitirá se recuperar", acrescentou.

"O futebol não me atrai especialmente, mas quero mostrar aos ingleses e, em particular, aos meus agressores, que continuo aqui, sempre vivendo", afirmou Sylla, na sexta-feira, para o jornal Le Parisien, acrescentando que sofreu "uma depressão nervosa".

O Paris SG não respondeu às indagações da AFP sobre o assunto.

Há quase um ano, no dia 17 de fevereiro de 2015, os torcedores do Chelsea usavam o metrô para chegar ao Estádio Parc des Princes. Quando se encontraram com Sylla, um franco-mauritano de 33 anos, impediram sua entrada no vagão cantando "somos racistas, somos racistas e gostamos".

A cena, gravada por uma testemunha e publicada pelo jornal britânico The Guardian, provocou um escândalo na França e Grã-Bretanha.

O primeiro-ministro francês Manuel Valls e seu colega inglês David Cameron expressaram sua indignação, e o presidente François Hollande telefonou para a vítima.

Cinco torcedores do Chelsea foram identificados no vídeo do incidente. No dia 22 de julho, após vários relatórios, a justiça britânica infligiu penas de três a cinco anos com a proibição de visitas a estádios.

Duas investigaçõesCom frequência no centro das atenções pelo comportamento racista de alguns de seus torcedores, o Chelsea suspendeu provisoriamente o acesso dos agressores ao Stamford Bridge, proibindo-os para o resto da vida, em seguida.

Outra investigação foi iniciada na França. Segundo o advogado Michel-Gabriel, a promotoria de Paris estuda o caso "por violência voluntária devido à raça em um meio de transporte público".

Esta agressão mostrou os problemas de racismo que envolvem o futebol inglês.

Em setembro, a federação de futebol deste país indicou que havia contabilizado 887 casos discriminatórios e racistas na temporada de 2014-2015, um número maior em relação ao período anterior.

Destes incidentes, 47 aconteceram no futebol profissional; 11 deles foram condenados, uma pessoa repreendida, sete casos ainda estavam sendo investigados e 28 não foram acompanhados.

Em dezembro, o Port Vale, um pequeno clube da terceira divisão, recusou-se a contratar o técnico holandês Floyd Hasselbaink, um homem negro originalmente do Suriname, por medo da reação de seus torcedores.

Em 31 de janeiro, o marfinense Arouna Koné foi vítima de insultos racistas na cidade de Carlisle durante uma partida da Copa da Inglaterra.

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