Topo

Como é surfar em Saquarema no mesmo lugar que Medina e companhia

Caio Ibelli recebeu nota 10 após pegar tubaço na etapa de Saquarema do Circuito Mundial de Surfe - Divulgação/WSL
Caio Ibelli recebeu nota 10 após pegar tubaço na etapa de Saquarema do Circuito Mundial de Surfe Imagem: Divulgação/WSL

Gustavo Setti

Do UOL, em Saquarema (RJ)

01/07/2022 04h00

Saquarema é chamada de Maracanã do Surfe pelas ondas poderosas que rendem até comparações com o Havaí. Mas como é surfar na Capital Nacional do Surfe? O UOL Esporte foi atrás de surfistas que pegam onda no Point de Itaúna, palco que recebeu a etapa brasileira do Circuito Mundial de Surfe.

O Point fica à esquerda na praia de Itaúna e oferece tanto ondas para a esquerda quanto para a direita. Nos primeiros dias da etapa, as melhores ondas foram as direitas, levando em conta a direção que os surfistas seguem. Ou seja, para a esquerda de quem assiste da areia.

Foi um tubaço para a direita que garantiu a nota 10 para Caio Ibelli na repescagem contra Jadson André.

Vitor Drummond é guarda-vidas em Itaúna e surfista local do Point. Ele está todo o dia na praia, seja surfando ou trabalhando.

"É gratificante surfar aqui. Poucos picos do Brasil têm essa qualidade de onda. Morar e poder surfar aqui é bom demais", disse, mas Vitor também deu a dica para quem quer se aventurar a surfar uma das ondas mais famosas do Brasil.

"Esse pico é bastante perigoso. No canto da pedra, no canal, a corrente é bem forte. Quem não souber se posicionar pode ficar preso na corrente. É difícil para quem é leigo no surfe."

"A dica é sempre perguntar aos surfistas locais onde estão as melhores ondas, porque é um mar difícil de se posicionar e ter essa consciência para poder pegar as melhores ondas", completou.

Surfar com Medina e cia., mas nada de "rabear"

Vitor diz que já pegou onda ao lado de Gabriel Medina e Filipe Toledo, mas nunca "rabeou" (gíria usada no surfe para se referir a quem entra na frente de outro surfista em uma onda) os famosos.

Vitor Saquarema - Gustavo Setti/UOL - Gustavo Setti/UOL
Vitor Drummond é guarda-vidas e surfista local do Point de Itaúna, em Saquarema
Imagem: Gustavo Setti/UOL

Quem também surfou ao lado das estrelas é Alexandre Figueiredo, outro local do Point. "A gente tem a oportunidade de surfar com eles quando tem campeonato. Quando o dia está off [sem competição], eles estão dentro d'água. Fica um cara igual eu, que não sou profissional, e os profissionais disputando a mesma onda. Aí é a lei do surfe mesmo. Quem estiver melhor posicionado é que vai pegar a onda", declarou.

Mas nada de "rabear" as estrelas. "Não, não me atrevo, não. Eles que têm o direito, deixa eles. Estão lá treinando."

Ondas atraem surfistas de fora

A fama e as ondas perfeitas de Saquarema atraem surfistas de fora da cidade, é claro. Um deles é Bruno de Souza Pessoa, do Espírito Santo.

"Durante o ano, às vezes, tento vir para pegar algumas ondas até para não ficar com medo quando o mar está muito grande, para se familiarizar mesmo", contou ele, que bate cartão nas etapas do Circuito Mundial na cidade.

O evento ocorre em Saquarema desde 2017, mas não foi realizado em 2020 e em 2021 por causa da pandemia.

"Eu tento vir em todos os Mundiais que tiveram. Nos três que tiveram antes de 2022, eu participei para prestigiar, assistir", afirmou.

Praia de Itaúna, em Saquarema, com a Igreja de Nossa Senhora de Nazareth ao fundo - Daniel Smorigo/World Surf League - Daniel Smorigo/World Surf League
Praia de Itaúna, em Saquarema, com a Igreja de Nossa Senhora de Nazareth ao fundo
Imagem: Daniel Smorigo/World Surf League

Alguns 'caldos', mas uma onda no pôr do sol

O UOL Esporte também teve o privilégio de surfar em Saquarema, não exatamente no Point, mas no canto direito da praia de Itaúna, mais perto da igreja de Nossa Senhora de Nazareth, o principal cartão-postal da cidade.

O repórter que assina esta matéria alugou um longboard e caiu no mar em um dia de ondas pequenas, de no máximo meio metro. Da areia, elas pareciam menores e mais fracas, mas dentro d'água se mostraram um pouco mais fortes. Estávamos em cerca de 10 surfistas. Quem apareceu foi Miguel Pupo, atual número 9 do ranking mundial. Ele entrou no mar para testar uma prancha quadriquilha (com quatro quilhas), pegou três ondas e saiu após cerca de 15 minutos.

Do meu lado, foram muitos "caldos" (gíria do surfe para falar de quedas) e algumas ondas surfadas. A última fez valer a pena. No fim de tarde com o pôr do sol à direita da igreja de Nazareth, peguei minha melhor onda do dia, surfando uma direita seguindo a parede da onda, e não apenas indo reto na espuma. Nada de manobras, rasgadas ou batidas na junção. Só acompanhando o fluxo da onda até a beirada d'água. Já posso colocar na lista de coisas a fazer na vida: surfei na Capital Nacional do Surfe.