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Música da São Silvestre ganhou o Oscar e foi usada até por Steve Jobs

Atletas durante corrida de Sao Silvestre de 2018 - Danilo Verpa/ Folhapress
Atletas durante corrida de Sao Silvestre de 2018 Imagem: Danilo Verpa/ Folhapress

Do UOL, em São Paulo

31/12/2021 04h00

A música-tema da corrida de São Silvestre inspira, também, outras grandes corridas pelo mundo. O motivo? "Carruagens de Fogo", composta por Vangelis, foi trilha sonora do filme de mesmo nome, dirigido por Hugh Hudson.

O longa, lançado em 1981, conta a história de dois corredores que disputam vaga para as Olimpíadas de Paris, em 1924. O sucesso da obra foi tanto que a música foi mundialmente associada à prática de corrida e usada em momentos gloriosos.

Mas não é só de glória que vive o hino. Vangelis foi acusado de plágio. A denúncia acusava o autor de copiar a melodia da peça "Cidade das Violetas", do compositor grego Stravos Logaridis. Entretanto, Vangelis venceu a causa. Ele provou judicialmente que não havia ouvido a peça de Logaridis antes de compor a música. Além disso, a sequência que teria sido plagiada já havia sido usada pelo autor em outras obras dele, anteriores à "Cidade das Violetas".

A São Silvestre não é a única a utilizar a música como tema próprio. Filmes com enredos esportivos, propagandas e paródias frequentemente se apresentam ao som de "Carruagens de Fogo". Até mesmo o ex-presidente da Apple Steve Jobs não resistiu à melodia: apresentou o primeiro Macintosh desenvolvido pela empresa, em 1984, ao som do hit de Vangelis

Depois de 100 dias do lançamento, lá veio ela de novo. Jobs voltou a utilizar a música na conferência de imprensa que comemorou o período.

Histórico olímpico

Foi a BBC que utilizou "Carruagens de Fogo" como trilha sonora da cobertura de uma Olimpíada pela primeira vez. Isso aconteceu em 1984, três anos depois do lançamento do filme, nos Jogos de Los Angeles. Em 1988, em Seul, a música voltou a soar na televisão estrangeira. Daí começaram as associações que, até hoje, permanecem.

Na inauguração do estádio Olímpico de Londres, para as Olimpíadas de 2012, corredores marcharam pela rota até o novo espaço, também ao som da peça, que embalou, ainda, o desfile da tocha olímpica no mesmo ano. "Carruagens de Fogo" já teve inúmeras versões cover e, a cada dia 31 de dezembro, se fixa cada vez mais como uma obra atemporal.

Elenco reduzido

A São Silvestre deste ano vai ter um número menor de participantes em relação à sua última edição, em 2019: serão 20 mil contra 35 mil dois anos atrás. A diminuição foi feita devido à pandemia de coronavírus. Dos participantes, 30% são mulheres.

Ao todo, a Elite A masculina de 2021 terá 21 atletas, enquanto no feminino serão 20. A programação de largadas no dia 31 terá os cadeirantes a partir das 7h25; elite feminina às 7h40; elite masculina e pelotão geral largam a partir das 8h05.

Está confirmada a presença do etíope Belay Bezabh, ganhador da prova em 2018. O corredor chega como favorito e promete esquentar ainda mais a briga pelo topo do pódio. Entre os brasileiros, Daniel Nascimento é o favorito. Ele terminou a última São Silvestre em 11º, sendo o melhor entre seus conterrâneos.

Em entrevista coletiva, Belay afirmou que gosta bastante do Brasil. "Me adaptei bem ao clima e gostei da organização da prova. Quis voltar este ano, também, pelo valor do prêmio, que é considerável [o primeiro colocado leva R$ 94 mil]".

O atleta diz, ainda, que os protocolos não o atrapalharão durante a prova. Pelo contrário. "Fico feliz que tenha todo esse cuidado, afinal, é um cuidado também com a minha saúde; meus familiares estão protegidos. É um benefício geral".

Em 2018, quando foi campeão da prova, o corredor etíope foi levado ao hospital ao concluir a corrida. Ele afirma que estava muito quente, e se sentiu mal assim que parou de correr. Entretanto, por dificuldades com o idioma, não soube expressar de forma concisa o que sentia. "Me levaram para o hospital como prevenção, e que bom. Mas logo fiquei bem".