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Gabriel Medina diz que se sente pressionado com haters: 'Fico em choque'

Gabriel Medina após derrota na disputa da medalha de bronze em Tóquio - Lisi Niesner/Reuters
Gabriel Medina após derrota na disputa da medalha de bronze em Tóquio Imagem: Lisi Niesner/Reuters

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

09/09/2021 04h00

Gabriel Medina disputará as finais do mundial de surfe na Califórnia a partir desta quinta-feira (9) em busca de um feito inédito para um brasileiro. Depois de ficar fora do pódio em Tóquio, o surfista diz que "a Olimpíada ficou para trás, e que agora o foco é outro: ser tricampeão mundial de surfe".

Apesar da afirmação, em entrevista ao UOL Esporte, Medina assume que sente a pressão em cima dele —e que em Tóquio não foi diferente. "O brasileiro é muito exigente. Antes, as pessoas ficavam muito felizes se um brasileiro ficasse em quinto em um circuito mundial. Hoje, só ficam satisfeitas se a gente ganha".

"Essa pressão sempre vai existir, a exigência do público vai crescer. As críticas e cobranças sempre fizeram parte da minha vida, e não seria agora que mudaria. Tem sido assim mesmo no meu melhor ano, esse ano, tanto em competições como na minha vida pessoal. Estou muito feliz. Tenho procurado focar no meu trabalho sem ouvir muito o que estão falando por aí", continua.

Medina se casou com Yasmin Brunet no ano passado. As críticas ao casal se intensificaram quando o surfista pediu ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) que a esposa o acompanhasse nas Olimpíadas —no lugar do técnico dele. O comitê negou o pedido. Pouco antes de embarcar para o Japão, o atleta disse ao UOL Esporte que não iria 100% para a competição.

"Entrei em um modo de não ligar para mais nada. Tento me ausentar ao máximo das redes sociais, apesar de não poder me afastar totalmente. Tenho evitado, porque está assustador. Minha vida pessoal está virando pauta. É bizarro. Fico meio em choque, é algo que preciso relevar todos os dias. As pessoas acham que são íntimas, que podem falar tudo, e que, como veem seu dia a dia ali, podem te cobrar. Minha primeira preocupação ao acordar é entrar na água, fazer meu trabalho e viver minha realidade", conta.

Tricampeonato e queda olímpica

Medina vai disputar as finais do mundial de surfe no melhor dia do mar entre os dias 9 e 17 de setembro, na Califórnia. A ansiedade, diz, está tomando conta. "Não tem como não estar ansioso. Quero fazer meu melhor. O ano foi longo, intenso, e meu sonho sempre foi ser tricampeão mundial. Não é bem uma redenção pela Olimpíada, porque já foi, deu no que deu. É sobre meu sonho", afirma.

O sonho olímpico ficou para 2024. Em Tóquio, Medina ficou fora da disputa pelo ouro após ter perdido nas semifinais da estreia do surfe nos Jogos. "Fiquei feliz de ter feito meu trabalho bem feito. Fico triste porque não foi justo, mas mesmo naquele dia já fui dormir com a cabeça tranquila porque dei meu melhor. Essa paz não tem preço".

O caminho de Gabriel Medina, primeiro colocado no ranking da WSL (World Surf League) e favorito ao ouro antes de a modalidade estrear nos Jogos Olímpicos, começou com a primeira colocação garantida na primeira bateria. Na ocasião, o brasileiro fez 12.23 e superou o francês Michel Bourez e o alemão Leon Glatzer; o costarriquenho Carlos Muñoz, acionado de última hora para substituir o português Frederico Morais, diagnosticado com covid-19, não chegou a tempo de participar das Olimpíadas.

No round 3 (oitavas), Medina teve pela frente um adversário que sempre lhe deu dor de cabeça. Um dos principais nomes do cenário do surfe, o australiano Julian Wilson deu trabalho, fez 13.00 pontos, mas acabou sendo derrotado pelo paulista, que findou a bateria com 14.33.

Nas quartas de final, Gabriel entrou no mar de Tsurigasaki para enfrentar o francês Michel Bourez. No reencontro da dupla, e no mano a mano, mais uma vez deu o bicampeão mundial. Com 15.33 pontos, o brasileiro avançou às semifinais, onde teve pela frente o azarão dos Jogos.

Medina começou dando show contra o japonês Kanoa Igarashi, mas levou uma inesperada virada, numa nota dada ao anfitrião que levantou perguntas de jornalistas, torcedores e até especialistas —os comentaristas da Globo, Miguel Pupo e Teco Padaratz, ao olhar as ondas que valeram as notas mais altas de Igarashi e Medina consideraram que a diferença de pontuação de quase um ponto entre elas, 8.43 contra 9.33, era exagerada. No final, 17.00 pontos a 16.76; triunfo do "dono da casa" e queda do favorito nas semifinais.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que informado anteriormente, Medina ficou fora da disputa pelo ouro e não do bronze. O erro foi corrigido.