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Fabi se emociona ao rever ouro olímpico em Pequim: "Disney do esporte"

Fabi relembrou a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim - UOL
Fabi relembrou a conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim Imagem: UOL

Beatriz Cesarini

Do UOL, em São Paulo

04/05/2020 10h28

Durante a última semana, o SporTV reprisou a campanha histórica da seleção de vôlei feminino nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. A caminhada até o ouro chega ao fim hoje, com a final diante dos Estados Unidos, às 19h. Em entrevista ao UOL Esporte, a líbero Fabi Alvim relatou como se sentiu ao assistir novamente às partidas e se emocionou quando relembrou a sensação de estar em uma Olimpíada.

"É um sentimento muito legal de nostalgia... Poder rever um momento histórico, os amigos, detalhes daquela campanha. É muito prazeroso rever todos os jogos e relembrar aqueles momentos inesquecíveis que ficaram na nossa vida", declarou Fabi, que ainda destacou as principais memórias guardadas sobre a maior competição esportiva do mundo.

"Tenho diversas lembranças, encontrar ídolos, como Rafael Nadal, Lebron James, os americanos do basquete. Estar em uma Vila Olímpica, com astros que você só via na TV é algo meio inimaginável. Sempre brinco que a vila é a Disneylândia do esporte. Umas das coisas que marcaram foi uma frase que vi em uma bandeira, no prédio da Dinamarca. Prometi que se a gente ganhasse eu ia tatuar: 'A dor é temporária e o orgulho é para sempre'. Ficou como uma marca daqueles Jogos. Retrata um pouco a vida do atleta e, neste caso, não é só a dor física. É qualquer dor, de abrir mão de certas coisas, mas sempre fica o orgulho de ter feito o seu melhor", acrescentou.

A campanha da seleção feminina de Zé Roberto rumo ao primeiro ouro olímpico é considerada o auge do vôlei de mulheres no Brasil. Foram sete jogos vencidos por 3 sets a 0, em oito partidas disputadas em Pequim. A única parcial perdida foi justamente na final, contra os Estados Unidos, na qual as meninas do Brasil venceram por 3 a 1.

A brilhante vitória na Olimpíada de Pequim espantou um fantasma que vinha assombrando a seleção feminina desde os Jogos de 2004, em Atenas. Na época, o Brasil acabou eliminado pela Rússia, na semifinal, e as jogadoras foram chamadas de 'amarelonas'.

"Desde aquela derrota em 2004, pela maneira como foi, a gente carregou no ciclo seguinte uma certa desconfiança das pessoas em relação ao nosso desempenho, especialmente contra a Rússia. Foi uma pedra nos nossos sapatos. Ficávamos tristes quando falavam que nós não conseguíamos ganhar porque éramos mulheres. Quando a incerteza era relacionada à performance, a gente respeitava e sabia que só poderia mudar aquela história através de conquistas, entrega, trabalho e muito treino", disse Fabi.

"Acabamos reencontrando a Rússia em 2008 e vencemos com certa tranquilidade. Aliás, aquela edição dos Jogos foi de muita convicção. Perdemos apenas um set na competição, foi uma campanha realmente irreparável", relembrou.

A conquista da medalha, para Fabi, teve um grande significado: foi a sua primeira Olimpíada. A líbero destacou que o ouro é também um motivo de inspiração para futuros e jovens atletas profissionais.

"Fui inspirada através dos Jogos Olímpicos. Na conquista do ouro em Barcelona-1992, estava na frente da TV, sonhando com aquilo ali, sem jamais imaginar que isso seria possível. De certa forma era estranho, parecia que eu estava dentro da televisão", relatou Fabi.

"A coisa mais importante é saber que de alguma forma consegui contribuir para o crescimento do esporte e realizar um sonho de infância. Quando estava na frente da TV em 1992, consegui me inspirar nestes ídolos. Saber que, de alguma maneira, eu inspirei outros atletas, não só a se tornarem profissionais, mas também a usarem o esporte como fonte de transformação da vida é muito legal. Ter referências, ídolos e inspirações é muito importante", concluiu.