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Pan 2019

EUA só vão mal em um esporte do Pan e foram a São Bernardo para evoluir

Norte-americanas lamentam perda do bronze para Cuba no handebol feminino do Pan - Pedro PARDO / AFP
Norte-americanas lamentam perda do bronze para Cuba no handebol feminino do Pan Imagem: Pedro PARDO / AFP

Demétrio Vecchioli

Do UOL, em Lima (Peru)

06/08/2019 04h00

Os Jogos Pan-Americanos mal passaram da metade, mas todos sabem que os Estados Unidos serão mais uma vez os campeões do quadro de medalhas. A dúvida é só o tamanho da larga vantagem sobre a concorrência. Os norte-americanos, afinal, vão bem em tudo. Ou quase tudo. Há um único esporte em que a grande potência olímpica não faz nem cócegas nos melhores: o handebol.

Desta vez os americanos até vieram ao Peru, porque venceram as seletivas masculina e feminina da América do Norte: um par de jogos de ida e volta contra o Canadá. Em 2015, quando jogaram repescagem diante do Uruguai, nem isso conseguiram, ficando fora do Pan. Em Lima, a equipe feminina terminou em um honroso quarto lugar, enquanto a masculina disputa a quinta posição.

"O handebol não é um grande esporte nos Estados Unidos, não há muito lugar para se jogar handebol. Acho que a gente tem uma boa equipe agora. Melhoramos muito. Fizemos alguns bons jogos e temos jogadores jovens que ainda vão jogar em alto nível", avalia Robert Hedin, sueco que ganhou duas medalhas olímpicas como jogador, foi técnico da forte seleção norueguesa por seis anos e, desde 2018, comanda o time masculino dos Estados Unidos.

Até o começo do século, os Estados Unidos chegaram a brigar pelo posto de terceira força do continente, mas uma crise político-administrativa obrigou um recomeço, com a criação de uma nova confederação. Sem resultados, essa entidade recebeu uma fatia mínima da divisão de recursos do comitê olímpico. Além disso, falta pessoal. Não há uma liga nacional de handebol nos Estados Unidos e, no meio universitário, a Academia Militar ganha todos os títulos desde 2007, muitas vezes fazendo final contra seu time B.

EUA no handebol do Pan - Lima-2019 - Lima-2019
EUa perderam para a campeã Argentina por 38 a 25 na primeira rodada do Pan
Imagem: Lima-2019

"Nós temos que encontrar jogadores. Temos que desenvolvê-los e enviá-los para as ligas da Europa, para que joguem contra os melhores do mundo. Os chilenos fizeram isso, mandaram diversos jogadores para a Espanha", compara Hedin, em referência ao país que surpreendeu e derrubou a seleção brasileira pelas semifinais.

Diferentemente do Chile, porém, os Estados Unidos têm poucos locais para prática de handebol. Em países latinos, a modalidade é jogada nos mesmos espaços destinados ao futsal, que tem quadra e gol de tamanhos semelhantes. Sem essa opção, os EUA recorreram à velha prática de localizar atletas de dupla cidadania que não têm chance nas seleções de seus países. Por isso, o time masculino que veio ao Pan tinha três jogadores radicados na Alemanha.

Hedin propôs algumas soluções "baratas" para evoluir o handebol norte-americano. Uma delas, a realização de diversos campings de treinamento - já foram dez em um ano e meio no cargo. O último, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, onde os Estados Unidos perderam dois amistosos para o Brasil.

"Foi um treinamento perfeito para nós. É excelente podermos jogar como uma equipe como o Brasil, um dos melhores times do mundo atualmente. É importante esse tipo de oportunidade para os garotos", avalia Hedin.

Segundo ele, a meta é ter uma boa participação nos Jogos Olímpicos de 2028, que serão disputados em Los Angeles. A última ida da equipe masculina à Olimpíada, aliás, também foi como donos da casa, em 1996 - desde Seul-1988 o time não se classifica na bola. No feminino, a equipe também foi a Barcelona-1992.

Em Mundiais, a meta dos EUA é estar no campeonato de 2021. Para isso, a equipe precisa vencer uma seletiva contra Cuba, Groenlândia (que no handebol tem uma federação nacional e tem alguma tradição) e Porto Rico. "Quem sabe daqui alguns anos a gente não esteja no nível do Chile", diz Hedin, com uma ponta da sarcasmo.