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Pan 2019

No único esporte com igualdade de gêneros do Pan, mulheres dominam pódio

Tina Irwin, Sarah Lochman e Jennifer Baumert formaram pódio todo feminino no adestramento em Lima - Vidal Tarqui / Lima 2019
Tina Irwin, Sarah Lochman e Jennifer Baumert formaram pódio todo feminino no adestramento em Lima Imagem: Vidal Tarqui / Lima 2019

Rubens Lisboa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

02/08/2019 04h00

Dentre os mais de 400 eventos realizados pelos Jogos Pan-Americanos, o hipismo é a única modalidade que não diferencia os gêneros e coloca homens e mulheres para se enfrentar com condições de igualdade. Em Lima, a primeira prova foi a do adestramento, e no individual as medalhas foram 100% femininas. Já na competição por equipes as mulheres ocuparam dois terços do pódio.

O adestramento do Pan de Lima teve 18 competidores com seus conjuntos disputando a final, sendo que 13 deles eram amazonas conra cinco cavaleiros. O resultado final da prova individual foi um pódio formado pelas americanas ,Sarah Lockman, medalhista de ouro, e Jennifer Baumert, bronze, além da canadense Tina Irwinprata.

Um pódio todo feminino na prova não é incomum na modalidade. Muito pelo contrário. Desde a primeira edição do Pan em 1951, esta é a sexta em que homens não ocupam o pódio no individual. Em Jogos Olímpicos, a última medalha conquistada por um homem na competição individual foi em Atlanta-1996. Desde então, apenas mulheres foram premiadas.

E a modalidade não é democrática apenas pela disputa em condições de igualdade para homens e mulheres, mas também por permitir grandes diferenças de idade, uma vez que o trabalho físico é feito pelo cavalo.

"É um esporte muito especial por causa disso, não só ele tem essa igualdade de gêneros, mas também a igualdade de tudo na verdade do ser humano, passando também pela idade. Em Pequim, em 2008, eu bati o recorde de mais jovem com 16 anos, e tinha um cavaleiro japonês batendo recorde, se não me engano, com 70 anos", afirma a amazona Luiza Tavares de Almeida, medalhista de bronze por equipes no Pan de 2007.

Fora do Pan devido a uma transição de sua montaria visando os Jogos Olímpicos de Tóquio, a brasileira de 27 anos explica que no adestramento a igualdade entre os gêneros fica mais evidente. "É muito democrático, é igual realmente para todos, mais o adestramento porque é extremamente técnico. Todos entram com as mesmas chances, e essa relação com o cavalo não tem diferença mesmo", completa Luiza.

Húngaro

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Mas seria possível imaginar em outro esporte a competição com o mesmo nível de igualdade do hipismo? A competidora que esteve presente nas últimas três edições olímpicas acredita que não.

"Não consigo pensar num outro esporte que não envolva a força física entre homem e mulher, e isso você não consegue igualar. Neste quesito acho que só o hipismo mesmo, porque é o cavalo que faz a força física e o cavaleiro é o atleta técnico, então eu não consigo pensar num esporte que consiga fazer essa isenção dentro dos gêneros", explica Luiza.

Apesar de Luiza não competir, seu irmão Pedro fez parte da equipe brasileira que competiu em Lima e conseguiu a inédita vaga olímpica do Brasil por equipes ao ficar com a medalha de bronze ao lado de João Victor Marcari Oliva, João Paulo dos Santos e Leandro Aparecido da Silva. Os brasileiros foram os únicos a homens a ganhar medalhas no adestramento do Pan, já que as equipes de Estados Unidos e Canadá foram formadas apenas por mulheres e levaram ouro e prata.