Galiotte prevê mudanças no estatuto e não abre mão da profissionalização
Maurício Galiotte, presidente do Palmeiras, acredita que o estatuto do clube começará a ser modificado ainda neste ano. Paulo Nobre, antecessor dele, gostaria de ter deixado a presidência no fim do ano passado já com um novo estatuto em vigência, mas as discussões se alongaram.
Uma comissão de conselheiros finalizou uma proposta de reforma no ano passado. Mustafá Contursi, ex-presidente e extremamente influente na política do clube, fazia parte desta comissão, mas elaborou paralelamente uma outra proposta, chamada de substitutiva.
Neste ano, uma nova comissão foi criada - novamente com a presença de Mustafá. A missão é debater as duas propostas, que possuem diferenças importantes entre si, e elaborar o texto para ser levado a votação - primeiro no Conselho Deliberativo e depois entre os sócios.
Para Galiotte, o ideal é levar poucos itens a votação, não um texto consolidado:
"O estatuto requer algumas atualizações, mas temos que fazer com responsabilidade e por etapas. Talvez quatro, cinco tópicos para serem discutidos, estejam de bom tamanho. Não pode levar o estatuto todo. A nossa ideia é ir mudando aos poucos", disse o presidente, ao LANCE!.
A proposta elaborada pela primeira comissão de conselheiros sugere que o mandato do presidente seja ampliado de dois para três anos, com possibilidade de uma reeleição. Mustafá, em seu texto substitutivo, sugere que continue como está: dois anos de mandato e uma reeleição. Por outro lado, os dois textos propõem a diminuição no número de vice-presidentes de quatro para dois. Nenhuma dessas mudanças afetaria o atual mandato de Galiotte.
Outro ponto em comum é o prazo necessário para um conselheiro poder se candidatar à presidência: tanto o estatuto atual quanto os dois textos propositivos falam em quatro anos, ou seja, um mandato. Um exemplo: Leila Pereira, eleita conselheira neste ano, poderá sonhar com a presidência do clube quando concluir seu mandato, em 2021.
O tema em que há maior discordância entre os textos é a profissionalização do clube. Pela proposta da comissão, o número de diretorias estatutárias cairia de 26 para nove - administrativa, financeira, jurídica, de planejamento, social, de marketing e comunicação, de futebol, de esportes e de arena. Mustafá sugere que sejam 13. Os diretores estatutários precisam ser sócios do clube por ao menos três anos e não são remunerados.
A ideia de reduzir o número de diretorias deste tipo é dar ao presidente a possibilidade de propor a criação de novos cargos remunerados (superintendências, gerências e divisões) e contratar profissionais de cada área. Um exemplo a ser seguido é o departamento de futebol: hoje, embora esteja previsto no estatuto, não há um diretor estatutário para este setor. O diretor da área é Alexandre Mattos, profissional de contrato assinado e remunerado.
"Eu acho que o clube tem que ser administrado em um modelo parecido ao de uma empresa, mas não acho que obrigatoriamente isso tenha que estar no estatuto. Tem que ser administrado com profissionais, com plano de metas, com bônus, com avaliação de performance, plano de carreira... Não podemos abrir mão da profissionalização. O Palmeiras ingressou nesse caminho e eu não vejo outro, temos que dar continuidade", opinou Galiotte.
As propostas que causarem divergência e não forem aprovadas no Conselho ainda poderão ser votadas separadamente pelos sócios. Exemplo: se o aumento do mandato de presidente para três anos não for bem aceito no CD, o sócio poderá aprovar o restante do estatuto e decidir, em votação à parte, sobre esse tema.
Veja o que Maurício Galiotte fala sobre a reforma estatutária:
LANCE!: Como estão as discussões sobre a reforma estatutária e qual é a participação do Mustafá Contursi nisso?
Maurício Galiotte: O Mustafá faz parte do grupo que foi montado para debater os tópicos da reforma estatutária, junto com outros conselheiros, todos liderados pelo Seraphim, que é o presidente do Conselho. Isso é bastante democrático. São ideias para evoluir o clube, para o clube se modernizar, para a gente ter uma gestão cada vez mais consistente, uma política de governança. Sou favorável à mudança do estatuto, mas com responsabilidade e de forma paulatina, não sou da linha de que tem que mudar de uma vez. Mas acho que a modernização faz parte.
Como funciona essa nova comissão?
Essa nova comissão evolui nos assuntos, leva uma proposta ao Conselho, que debate, aprova e depois leva aos sócios.
Há uma previsão de quando os temas serão levados a votação?
Não temos uma data ainda, mas temos uma expectativa de neste ano conseguir evoluir pelo menos em alguns tópicos.
Dá para prometer que haverá mudanças até o fim da sua gestão?
Até o fim da minha gestão teremos alguma evolução, talvez não totalmente, mas alguma evolução nós teremos.
Como acontece a mudança?
Você valida no Conselho, depois é marcada uma assembleia de sócios, e é votado.
A ideia é levar um texto só, para aprovar de uma só vez?
Você pode levar quatro, cinco itens, não tem problema. Não pode levar o estatuto todo. A nossa ideia é ir mudando aos poucos.
O principal tema dessa reforma é mesmo a profissionalização? Uma ala, da qual faz parte o ex-presidente Mustafá, acredita que isso pode ser muito oneroso para o clube.
Tem vários assuntos sendo discutidos, não só esse. Esse é um deles.
O futebol é um exemplo?
Sim, o futebol, o marketing, o jurídico, o administrativo, o financeiro, TI, RH, vários departamentos. Vejo o Palmeiras sendo administrado de maneira moderna, como empresa. A diferença é que aqui existe emoção, existe torcedor, existe a mídia, existe exposição. É diferente de vender um produto. Aqui a gente vende satisfação, o objetivo principal é dar alegria ao nosso torcedor. E acho que o processo de profissionalização engrandece e não temos que mudar o caminho.
Você acha que o clube precisa trabalhar com corte de gastos?
Corte de despesas faz parte da administração. Arrecadar mais e gastar menos é regra básica para administrar. Nós não podemos perder o foco em nenhuma das duas. Buscar novas fontes de recurso, aumentar os recursos do clube, que é o que estamos fazendo, e na medida do possível redução de despesas. Administração é isso. Mas tem que ser feito paulatinamente, com responsabilidade, para não comprometer os processos.
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