São Paulo: Carpini vê Edina pressionada, explica substituições e apoia Juan

O técnico Thiago Carpini, do São Paulo, disse que sentiu Edina Alves Batista "pressionada" no clássico de hoje contra o Santos no MorumBis, que acabou com vitória dos visitantes por 1 a 0 no Campeonato Paulista — o duelo ficou marcado por polêmicas na atuação da árbitra, que usou o VAR duas vezes em lances capitais.

O treinador também explicou o motivo de ter feito apenas duas alterações e apoiou Juan, que desperdiçou uma chance de gol nos minutos finais do duelo.

Acredito que a arbitragem, hoje, se sentiu um pouco pressionada. Era a sensação que eu tinha dentro de campo até nas conversas que temos, que é algo habitual entre os treinadores com a a equipe de arbitragem. Senti um clima muito arredio, sem ter um diálogo. Achei ela um pouco insegura em algumas colocações. Por diversos momentos, cozinhou o jogo, principalmente no 2° tempo, onde a equipe do Santos não deixou o jogo andar com muito atendimento. A arbitragem foi conivente em relação a isso, em beneficiar o infrator Thiago Carpini

O que mais Carpini falou

Pênalti marcado e gol anulado. "Não vou entrar no mérito. Vi os lances e tenho minha opinião, mas não vai voltar atrás no que aconteceu. Se eu for falar o que penso, posso falar demais e ser prejudicado. Todo mundo viu como foi o jogo e cada um vai ter uma interpretação diferente. Sei que a regra não é interpretativa, mas já vi, em outras situações, lances como esse [pênalti] não serem ajustados para ter o VAR, e hoje foi determinante para o resultado."

Mudanças com lesão de Moreira. "A ideia era fazer o tripé com dois jogadores que têm a capacidade fazer o corredor e pisar na área, que são Alisson e Bobadilla. O Pablo Maia protegeria um pouco mais. Temos que ter variações dentro da temporada, são muitos jogos e não podemos ficar presos a um sistema. Hoje, a gente tenta equilibrar fisicamente, taticamente, tecnicamente e clinicamente. Hoje, o Nestor, Lucas, Rafinha, Igor, Rato estão fora, e o Moreira sentiu no aquecimento. Que bom que meu elenco me dá possibilidades. Não é um padrão, mas é uma situação, que pode ser repetida no decorrer da competição. Depende do que teremos para cada jogo."

Duas substituições. Por quê? "No final, estávamos em cima do adversário e tivemos gol anulado. O time vinha muito bem e não tinha porque mexer só por mexer. Eu tenho as cinco, mas não sou obrigado a fazer as cinco. O que tinha de opção mais ofensiva eram Erick e Ferreirinha, e coloquei os dois no jogo. Trocar Welington por Patryck, trocar um zagueiro por outro, trocar volantes... não via a necessidade. Se eu tivesse uma característica como a do Lucas no 2° tempo, faria, mas achei que não tinha necessidade."

Thiago Carpini, técnico do São Paulo, durante jogo contra o Santos
Thiago Carpini, técnico do São Paulo, durante jogo contra o Santos Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Apoio a Juan. "A gente entende: a chateação do torcedor é a chateação do Juan, um cara que trabalha muito. Individualmente, seria injusto colocar a responsabilidade no Juan quando criamos diversas oportunidades. No jogo passado, o Juan entrou e fez gol. É um jogador que temos num plantel e entendemos o que é melhor para cada partida e cada estratégia de jogo. Taticamente, o Juan cumpriu muitas funções que delegamos. O gol é um detalhe que ele mesmo se cobra para atingir níveis diferentes. Não podemos crucificar um jovem que fez um bom jogo porque perdeu gol no final. Em jogos anteriores, tivemos atletas mais experimentados que também tiveram a bola do jogo e não fizeram. O que vou fazer com o atleta? Continuar dando confiança para ele fazer o melhor."

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Apoio da torcida após duas derrotas seguidas. "O torcedor do São Paulo, a cada jogo, dá show. Quando o atleta está dentro de campo e há um fim de jogo como este, é muito do que vem da arquibancada. A torcida conduz mesmo, e nunca podemos perder isso. Claro que a gente entende quando os resultados não acontecem. A gente segue trabalhando e pedindo apoio. A gente vai continuar entregando nosso melhor e, dentro disso, os resultados voltam a acontecer. Não é só no futebol: a vida oscila o tempo todo. O que importa é como você se preparar ara passar pelos momentos, e a gente sempre se preparou bem, nosso grupo é muito convicto. A cobrança interna é estampada nitidamente na conversa. As adversidades vão acontecer. Vamos voltar a vencer e teremos tropeços, faz parte."

Três clássicos no ano. "O Santos vem em uma crescente na competição, é uma equipe que vem pontuando, sabíamos que seria difícil. Veio aqui para competir muito e jogar muito mais no erro do que propriamente em construção. Contra o Palmeiras, se tratava de uma decisão, que cria uma expectativa muito grande por esse título inédito, e contra o Corinthians era a quebra de um tabu, é difícil jogar na Arena. Passamos, falando de alguns momentos de hoje, bem. É só o início. O que mais me dificultou nos clássicos foi não ter todos os atletas a disposição. Não conseguimos repetir formação e tivemos que nos reinventar, inclusive jogando com atletas que não tinha condição, como o Rafinha. Faz parte, não é justificativa. Que bom que temos um elenco qualificado."

Felisberto, de 16 anos, quase utilizado. "Eu já tive a idade dele e meu momento de transição. Tenho que ter muita responsabilidade para oportunizar. Passou pela minha cabeça iniciar o jogo com ele [diante da lesão do Moreira], tínhamos cinco minutos para definir e mudar todo um planejamento na semana. Mas era um clássico, que é sempre diferente de tudo. A gente tem as duas situações: ou daria muito certo, ou poderia comprometer o futuro de um jovem talento do São Paulo de 16 anos. Preferi ser precavido e preservar o garoto, que vai ter oportunidade em outros momentos, talvez num momento em que a gente venha de vitórias ou em um jogo de uma grandeza não tão grande. Pensei em não queimar etapas e não atrapalhar o processo de formação."

Maiores dificuldades. "Não repeti nenhuma formação. E não foi porque não gosto, pelo contrário, a continuidade é importante. A gente não conseguiu isso por problemas de temporada, que fazem parte. Que bom que herdamos um bom trabalho. Se fosse um outro momento, a gente talvez teria mais dificuldade. É um início satisfatório, mas que a gente precisa seguir evoluindo. Amanhã, vamos ter um feedback preciso sobre lesões. O Igor Vinicius fez uma transição e não sei como vai ser a resposta para amanhã. O Rato também existe possibilidade, mas precisamos entender a resposta. Aí entra a dúvida: por mais que eles se coloquem à disposição, temos o ano todo pela frente. São decisões que precisamos tomar em conjunto e encontrar as melhores alternativas. Há possibilidades."

O que precisa melhorar? "Tomadas de decisões a gente não consegue influenciar porque é muito rápido: a tomada é do atleta. Os detalhes são de um ajuste defensivo, de diminuir espaços entre os corredores e repetição, coisa que não conseguimos fazer pela quantidade de jogos no início de temporada. Gosto de trabalhar bolas paradas defensivas e ofensivas, a gente tem repetido muito pouco justamente pelo cansaço dos atletas. São ajustes posicionais que podemos ser mais seguros. Na partida de hoje, funcionou em vários momentos."

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