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Gol do Palmeiras deveria ter sido anulado? Ex-árbitros analisam lance

Entrada em campo de Deyverson gerou discussão sobre possível irregularidade em gol do Palmeiras contra o Atlético-MG - Reprodução/SBT
Entrada em campo de Deyverson gerou discussão sobre possível irregularidade em gol do Palmeiras contra o Atlético-MG Imagem: Reprodução/SBT

Bruno Madrid, Gustavo Setti e Leandro Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

29/09/2021 10h23

O gol de Dudu contra o Atlético-MG, que deu ao Palmeiras a classificação para a final da Libertadores na noite de ontem, passou a ser contestado diante de uma invasão do atacante Deyverson, reserva do clube paulista, nos instantes finais do lance em questão - o jogador chegou a correr dentro das quatro linhas quando Gabriel Verón tomou a bola de Nathan Silva.

De acordo com as regras da CBF, vinculadas à Fifa, uma jogada nestas condições é passível de anulação quando "o árbitro perceber" a existência de uma "pessoa extra" da equipe que fez o gol dentro do campo. Neste caso, "o jogo deve ser reiniciado com um tiro livre direto, executado do local em que a pessoa extra estava".

O texto, no entanto, cita um ponto que pode validar o lance: "se, após a marcação de um gol e após o jogo haver sido reiniciado, o árbitro perceber que uma pessoa extra estava em campo no momento em que o gol foi marcado, o gol não pode ser invalidado".

O UOL Esporte entrevistou alguns ex-árbitros para esclarecer o tema. Um deles, que falou sob condição de anonimato à reportagem, disse que o gol "não deveria ter sido invalidado porque [Deyverson] não interferiu no jogo".

Outro que não concorda com uma anulação é Alfredo Loebeling, aposentado do mundo do apito. Ele falou que seria um "absurdo" invalidar o lance devido à falta de conexão entre o palmeirense e a jogada em si.

"O gol, para mim, é legal. Realmente há a invasão do Deyverson, isso não tem a menor dúvida, uma atitude que considero totalmente desequilibrada para um profissional. Mas tem que analisar se teve uma participação ativa do Deyverson", iniciou.

"O texto fala que o gol é ilegal, e o próprio texto, no parágrafo final, fala em tiro livre no local onde o agente externo participa da jogada. Onde que o Deyverson participa da jogada? Existe uma interpretação de texto buscando o espírito da regra. Não tem o menor sentido se você ler o primeiro parágrafo do que está na regra de dizer que o gol é irregular por causa disso. É absurdo. Ele tem que participar do jogo, e o Deyverson não participa do jogo."

Renato Marsiglia, ex-árbitro e ex-comentarista de arbitragem do Grupo Globo, defendeu que "arbitragem é bom senso" e também mandaria a jogada seguir.

"Eu jamais anularia o gol. Arbitragem é bom senso, e o árbitro tem que ter leitura do contexto do jogo e do momento. Quantas vezes uma bola é jogada para dentro do campo, e o árbitro apenas pede que um jogador devolva esta bola para fora e o jogo não para? Às vezes, até gol acontece com duas bolas em campo, e o gol não é anulado", disse.

"Tem que entender o 'espírito da regra'. Anular um gol se justifica quando um time está realmente com 12 jogadores em campo e não porque um jogador afoitamente entra um ou dois metros no gramado, antecipando a comemoração de um gol que era iminente", acrescentou Marsiglia, que agora atua como professor do curso Fifa/Cies (Centro Internacional de Estudo do Esporte), da Fundação Getúlio Vargas.

Leia a regra completa a respeito do tema:

9. Gol marcado com pessoa extra no campo de jogo

Se, após a marcação de um gol e antes de o jogo ser reiniciado, o árbitro perceber que uma pessoa extra se encontrava dentro do campo no momento em que o gol foi marcado:

O árbitro deve invalidar o gol se a pessoa extra era:

  • jogador, jogador substituto, jogador substituído ou jogador expulso ou oficial da equipe que marcou o gol. O jogo deve ser reiniciado com um tiro livre direto, executado do local em que a pessoa extra estava;
  • agente externo que interferiu no jogo, a menos que o gol haja sido marcado de acordo com a situação descrita em "pessoas extras no campo de jogo". O jogo deve ser reiniciado com bola ao chão.

O árbitro deve validar o gol se a pessoa extra era:

  • jogador, jogador substituto, jogador substituído, jogador expulso ou oficial da equipe que sofreu o gol;
  • agente externo que não interferiu no jogo.


Em todos os casos, o árbitro deve ordenar a saída da pessoa extra do campo de jogo.

Se, após a marcação de um gol e após o jogo haver sido reiniciado, o árbitro perceber que uma pessoa extra estava em campo no momento em que o gol foi marcado, o gol não pode ser invalidado.

Se a pessoa extra ainda continuar no campo de jogo, o árbitro deve:

  • interromper o jogo;
  • ordenar a saída da pessoa extra;
  • reiniciar o jogo com um bola ao chão ou com um tiro livre, conforme seja apropriado.

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