Promotor diz que é "humanamente impossível" Daniel ter cometido estupro
O promotor João Milton Salles afirmou que seria “humanamente impossível” o jogador Daniel Freitas ter cometido estupro contra a comerciante Cristiana Brittes, esposa de Edison Brittes, o Juninho. O suposto estupro é apontado pela defesa dos Brittes como motivo, que teria levado Juninho a assassinar o atleta.
Salles será o responsável por fazer a denúncia dos acusados à Justiça paranaense. A declaração foi dada na quarta-feira (7) em entrevista coletiva na frente da delegacia de São José dos Pinhais (PR), onde o crime está sendo investigado.
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Questionado por jornalistas se acreditava na “versão do estupro”, o promotor foi enfático: “Absolutamente não. Impossível. Primeiro pelo teor alcoólico que esse rapaz se encontrava, segundo pela própria personalidade dele, e terceiro pelo local em que os fatos aconteceram. Acho humanamente impossível a situação do estupro, até porque pelo teor alcoólico dele... eu não consigo me lembrar de um processo que eu tenho atuado, de embriaguez de trânsito... com um teor alcoólico tão alto”, disse ele.
O exame toxicológico feito no corpo de Daniel mostrou que ele estava com 13,4 decigramas de álcool por litro de sangue. Os peritos não encontraram sinais de drogas ilícitas.
Salles é a segunda autoridade envolvida no caso a descartar veementemente a hipótese do estupro. O delegado Amadeu Trevisan já havia negado a versão da família Brittes, apontando também os relatos de testemunhas, que dizem não ter ouvido Cristiana gritando por socorro e nem o barulho de arrombamento de porta, conforme relatava Juninho.
A festa de aniversário de Allana contou com bebida alcoólica liberada, de acordo com conversa dela por WhatsApp com um amigo. A embriaguez de Daniel deve ser usada pela polícia e pela promotoria para qualificar o homicídio, já que, nesse caso, a vítima não teria tido chance de se defender.
O promotor também disse que percorreu a distância entre a casa dos Brittes e o local em que o corpo de Daniel foi encontrado. Segundo ele, o tempo de até 20 minutos entre um ponto e o outro teria sido suficiente para que os suspeitos refletissem sobre “o que estavam fazendo”.
“Fiquei impressionado com a distância e com o tempo que eles devem ter gastado entre a casa e o local dos fatos”, disse Salles. “Isso indica que eles tiveram todo tempo do mundo pra pensar no que estavam fazendo. Eles escolheram um local ideal pra fazer o ato, um local ermo que eles pudessem fazer isso sem possibilidade de socorro, de ninguém ouvir gritos.”
O membro do Ministério Público também afirmou ter convicção de que o assassinato de Daniel foi um crime “cometido por várias pessoas” e chamou de coautores os demais suspeitos que tiveram o mandado de prisão expedido na quarta-feira.
“Durante toda minha experiência no Ministério Público, vinte anos trabalhando no crime, poucos casos me saltaram aos olhos pela crueldade e forma que aconteceu. Nada justifica o sadismo e a violência do cometimento desse crime. Isso foge absolutamente a qualquer normalidade.”
A polícia confirmou a prisão de Eduardo Henrique Ribeiro da Silva, de 19 anos, que é namorado de uma prima de Cristiana Brittes. Outros dois suspeitos permanecem foragidos e devem se apresentar nesta quinta-feira.
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