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Nova aposta do Grêmio jogava futsal escondido e quase foi parar no SP

Lucas Uebel/Divulgação Grêmio
Imagem: Lucas Uebel/Divulgação Grêmio

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

30/04/2017 04h00

A vida de Arthur segue um fluxo que contraria o lugar comum. Destaque em times com jogadores mais velhos, convocado para atuar por duas categorias diferentes até no mesmo dia e acerto com o Grêmio aos 14 anos. A nova aposta de Renato Gaúcho tem história para contar em apenas duas décadas de vida. E uma parte dela não pôde ser revelada antes.

Em Goiânia, Arthur tinha tanta gana de correr atrás da bola e jogou futebol e futsal. As partidas nas quadras foram segredo para não inviabilizar a permanência nas categorias de base Goiás.

“No começo ele jogava escondido do Goiás. Por um outro time de Goiânia. O pessoal até pedia para ele não contar no clube. Era com 12 anos e aí já tinha registro, era federado”, conta Ailton Melo, pai de Arthur.

Os giros, dribles e chutes no salão ajudaram na formação de um volante técnico. Com dinâmica e boa visão de jogo. Arthur também contou com jogos por duas categorias na base do Goiás para chegar ao perfil atual. No time verde do cerrado, ficou dos sete aos 14 anos.

Arthur, volante do Grêmio, após título na base do Goiás - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

“Ele jogava em duas categorias, na idade dele, onde jogava com a camisa 10. De meia. E na outra categoria, que não era dele, jogava como volante. Titular. Sempre foi assim, jogando nos dois times até no mesmo dia”, relembra o patriarca dos Melo.

No final de 2010, encantou observadores do Grêmio e recebeu convite para jogar no Rio Grande do Sul. A mudança, em um primeiro momento, assustou o jovem que nunca tinha saído de casa e raramente cruzava os limites da cidade natal. Em 7 de janeiro de 2011, Arthur assinou o vínculo amador com o Tricolor e seguiu o fluxo diferente da vida.

A mudança para o Rio Grande do Sul

Sozinho em Porto Alegre, aos 14 anos, ele encarou uma vida distinta. Os telefonemas e visitas dos pais eram vitais para que a caminhada não sofresse um revés. Na base, ganhou espaço e admiração de André Jardine. O conceito junto ao treinador foi tão grande que quando Jardine foi para o São Paulo, apresentou o nome de Arthur aos dirigentes.

A vida na capital paulista quase se tornou realidade antes, após boa participação na Copa Santiago, onde dois times de São Paulo procuraram os pais de Arthur. Ele ficou no Grêmio e se tornou titular do time sub-20 com 18 anos. Depois, ganhou espaço no elenco principal sob comando de Luiz Felipe Scolari. E na sequência, cativou Roger Machado.

“Foi o Roger que pediu para testar ele como meia, no sub-20 do Grêmio. No Brasileiro sub-20, o Grêmio fez 10 gols. Quatro dele e outro com uma assistência”, recorda Ailton Melo. 

Presença constante no chamado grupo de transição, Arthur foi promovido ao elenco principal nesta temporada. Sob a batuta de Renato Gaúcho, foi lançado nos jogos primeiro como volante e depois como meia. A visão de jogo é a característica que tem levado o treinador a improvisar o jovem.

“Desde que eu comecei a jogar, tudo mudou na minha vida. Sei que no jogo profissional não dá para cometer erros. Até dar entrevistas, com 20 anos. Tudo mudou mesmo”, brincou Arthur, em recente entrevista coletiva.  

O ótimo desempenho na base e a resposta recente muito boa, até em uma função inédita, renderam a condição de "bola da vez". O status foi dado pelo presidente Romildo Bolzan Jr., no mês passado. As chances devem aumentar e agora não mais nada a esconder. Arthur segue o fluxo de uma vida diferente do lugar comum com seus 20 anos.