O que aconteceu com Bojan, o jogador que já foi melhor que Messi no Barça
Lionel Messi não é o melhor jogador que já surgiu das categorias de base do Barcelona. O posto pertence a Bojan Krkic, um espanhol de origem sérvia que chegou a La Masia, a fábrica de talentos do clube, aos nove anos e marcou 850 gols com a camisa azul e grená ANTES de virar profissional.
Quando ele tinha 16 anos, o então técnico do time principal do Barcelona, o holandês Frank Rijkaard, era só elogios: “Ele é especial”, disse certa vez. “Todas as decisões que toma são as decisões corretas”, falou em outra ocasião. Detalhe: no momento em que dizia essas palavras, ele comandava Messi e Ronaldinho Gaúcho...
Hoje Bojan tem 26 anos e sua carreira não chegou nem perto do patamar de Messi (ou de Ronaldinho). Ele passou, emprestado, por Roma, Milan e Ajax, sem sucesso. Quando seu contrato terminou, ele foi para a Inglaterra, onde hoje joga no Stoke City. Mas o que aconteceu com o talento do jogador?
Mais precoce que Messi
A explicação pode estar justamente na precocidade da carreira. E a falta de estrutura mental para aguentar a pressão de se tornar uma estrela aos 16 anos. Foi com essa idade que ele estreou pelo time principal. Com 17 anos e um mês, já marcava seu primeiro gol como profissional – Messi, por exemplo, só balançou as redes com 17 anos e 10 meses.
Mas não foi só isso: comandado por Rijkaard, ele fez 22 gols e deu 11 assistências em suas duas primeiras temporadas pelo clube. Um gol seu decidiu um duelo de quartas de final contra o Schalke 04 na Liga dos Campeões – na mesma edição em que se tornou o primeiro jogador nascido na década de 90 a entrar em campo.
Ataques de pânico em campo
Ele era uma estrela em ascensão. Mas não tinha estrutura emocional para isso. No meio deste ano, ele revelou ao jogador Marca que em suas primeiras temporadas no Barcelona, sofreu com ataques de pânico. Em um deles, teve de passar a noite no hospital após começar a tremer depois de uma partida.
Em 2008, o técnico da Espanha, Luís Aragonés, queria apostar no jogador. Um dia antes da convocação final para a Eurocopa organizada por Áustria e Suíça, ele ligou para o garoto. Avisou que iria convoca-lo. Bojan disse não: “Contei que não tinha força para lidar com a situação”.
Briga com Guardiola forçou saída
Enquanto Rijkaard ficou no comando do Barcelona, porém, o jovem resistiu. Quando o holandês foi trocado por Pep Guardiola, tudo desandou. A revelação ficou mais no banco e viu outro jovem fruto de La Masia, Pedro, tomar seu lugar. Aos poucos, ele acabou em uma disputa com o treinador. E perdeu.
“Guardiola pode ser o melhor técnico do mundo para os torcedores, mas em um nível pessoal, aconteceram coisas que me magoaram. Ele não foi justo comigo em várias ocasiões e foi por isso que eu resolvi sair”, Bojan falou para o Guardian, jornal inglês.
Ele foi emprestado para a Roma, onde Luís Enrique, hoje técnico do Barcelona, tentava iniciar um novo trabalho. Bojan marcou sete vezes em sua primeira temporada, mas não foi o suficiente. Ele ainda foi emprestado para o Milan e para o Ajax, sem nunca conseguir se destacar. “O Campeonato Italiano é cheio de personalidades fortes. E ele nunca foi uma delas. Ele era muito calado e parecia faltar confiança”, analisou, também ao Guardian, a jornalista italiana Susy Campanale.
Chegada à Inglaterra e seleção da Sérvia
Quando ele foi comprado pelo Stoke City, da Inglaterra, as coisas pareciam mudar. Nas primeiras duas temporadas, marcou 11 vezes, mais do que em todos os clubes que defendeu além do Barcelona. Mas em janeiro de 2015 sofreu uma lesão séria no joelho e ficou sete meses fora dos campos. Atualmente, ele faz parte dos planos do técnico Mark Hughes, mas não tem jogado muito. Ele só foi titular em cinco partidas na temporada – mas já marcou três vezes.
Mesmo assim, ainda tem muita gente que lembra daquele garoto de 17 anos que parecia destinado ao estrelato. O futebol sérvio que o diga. Quando ele apareceu para o mundo, Espanha e Sérvia brigaram pelo jogador. Bojan optou por defender o país de sua mãe, mas fez só um jogo oficial pela Espanha, em 2008, uma vitória por 4 a 0 sobre a Armênia pelas Eliminatórias para a Copa de 2010. Recentemente, a federação sérvia fez um pedido especial para a Fifa para mudar a nacionalidade esportiva do jogador. O apelo, porém, foi negado.
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