Topo

Dívida ou investimento? Novo presidente do Flu pagará R$ 37,6 mi de Peter

NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.
Imagem: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.

Bernardo Gentile e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/11/2016 06h00

As eleições para escolher o próximo presidente do Fluminense seguem em pé de guerra. Quem vai ganhar ainda não se sabe. A única certeza é que ele terá que pagar algumas contas da atual gestão. Entre centro de treinamento, compra do Samorin, reforços para 2017 e até mesmo venda de Gerson, o novo mandatário terá que gastar R$ 37,6 milhões – isso sem contar as 12 ações trabalhistas ativas referentes ao futebol e que estão fora do ato.

O UOL Esporte questionou o presidente Peter Siemsen sobre cada uma das situações. Veja abaixo a posicionamento do dirigente do Tricolor, que entregará o cargo no fim de novembro. Concorrem Pedro Abad, da situação, Mário Bittencourt, Celso Barros e Cacá Cardoso.

Centro de treinamento: Pedro Antônio

PA - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Até o fim do ano, Pedro Antônio terá investido R$ 29 milhões em obras no CT e o Fluminense ainda precisa reembolsar algo em torno de R$ 7 milhões de reais desse total. O objetivo de Peter Siemsen é pagar essa quantia ainda em 2016, mas não há essa certeza. Além disso, já era prevista a finalização da obra com a parte de hotelaria e terceiro campo, que custaria mais R$ 4 milhões, num total de R$ 11 milhões.

Peter Siemsen: “O Fluminense já trabalha com expectativa de pagar o Pedro Antônio para que não fique [para o próximo presidente], essa é a ideia. O custo estimado do centro de treinamento é de R$ 33 milhões. O preço total estaria incluído a questão da hotelaria e do terceiro campo. A nossa ideia é entregar o CT com os andares da hotelaria construídos, porém ainda precisando do acabamento. A construção do terceiro campo também ficaria para a próxima gestão. Todo o resto estará com uso pleno. Tenho trabalhado para sempre reembolsar o Pedro Antônio, essa é a linha de trabalho e vou procurar seguir até o fim do mandato”, explicou o mandatário.

Venda do Gerson

Gerson - Nelson Perez/Fluminense FC - Nelson Perez/Fluminense FC
Imagem: Nelson Perez/Fluminense FC

O Fluminense fez grande negócio ao vender Gerson para o Roma por 16 milhões de euros (cerca de R$ 60 milhões). O clube adiantou essa quantia através de um banco e já gastou a quantia em diversas situações. A questão é que os detentores dos direitos econômicos do atleta ainda não receberam sua parte – 22,5% (R$ 13,5 milhões) – e que serão pagos quando o Roma oficialmente terminar de pagar, o que ocorrerá em 2017.

Peter Siemsen: “O Roma tinha uma programação de pagamento durante 2016 e nos fez um pedido para que a operação fosse transferida para 2017. Em cima disso, foi feita uma operação financeira para que o Fluminense recebesse o dinheiro, o que já ocorreu e com a responsabilidade do custo dessa operação sendo do Roma. Com relação aos que detinham percentual do atleta está dentro da programação a ser paga pelo Roma, será repassada para eles e obviamente não posso criar um descasamento nessa programação. Dentro da operação, existe a data dos pagamentos que serão efetuados pelo Roma e nós teremos que fazer o repasse para os detentores dos direitos econômicos. Isso sairá do Fluminense.

Processos trabalhistas

AC - Nelson Perez/Fluminense FC - Nelson Perez/Fluminense FC
Imagem: Nelson Perez/Fluminense FC

Desde que assumiu o Fluminense, em 2011, a gestão de Peter Siemsen acumulou alguns processos trabalhistas. O mandatário considera a situação normal devido à legislação brasileira e vê cunho político na construção da crítica. Entretanto, o próprio mandatário confirmou a existência de 371 ações (120 delas já foram ajuizadas durante o mandato). A maioria é de ex-funcionários e apenas 12 são oriundas de jogadores ou comissão técnica.

Peter Siemsen: “Na verdade existe toda uma construção sobre essa informação que tem caráter político, na minha visão. No Brasil, uma empresa, mesmo que siga todas as regras, terá processos trabalhistas em face de como é a legislação. De toda a minha gestão, temos 12 ações existentes referentes a futebol. Cada uma tem sua peculiaridade, umas até que pedem unicidade do contrato entre Fluminense e Unimed. Na verdade esses números representam uma boa gestão, ainda mais se tratando de um clube de futebol. Eu tenho orgulho desses números, francamente falando e considerando a situação que peguei.

Sornoza e Orejuela

Sornoza - SANTIAGO ARMAS - SANTIAGO ARMAS
Imagem: SANTIAGO ARMAS

O Fluminense iniciou o planejamento de 2017 ainda no meio da atual temporada ao contratar o meia Sornoza, do Independiente Del Valle. O equatoriano foi vice-campeão da Libertadores e um dos destaques da equipe. Além dele, o Tricolor também trouxe o volante Orejuela. A dupla custará R$ 12,3 milhões (R$ 6,13 milhões cada) aos cofres do clube das Laranjeiras. Apesar de ser um reforço, quem pagará será o próximo presidente.

Peter Siemsen: “Esse valor será pago em quatro parcelas em dois anos. O Sornoza é um apoiador em extinção no futebol brasileiro. Joga centralizado, faz gol, muito moderno. Entendemos que era uma oportunidade que havia no mercado que não se encontra todo dia. Já poderíamos estar usando o jogador hoje, mas não conseguimos pelo resultado de campo do time dele. O Orejuela chama atenção por ser um jogador moderno, lembra bem o Elias. Vai e volta com muita força. Volante ofensivo e moderno. Depois que fechamos, ele foi convocado três vezes seguidas para a seleção do Equador, sendo titular em dois deles e com destaque. Sem o jogador ter chegado no Rio e o Fluminense ter pago uma das parcelas, ele já vale três vezes mais do valor de aquisição. Contratação é sempre subjetiva se vai gostar ou não, mas não dá para discutir que é um jogador que já traz um lucro muito grande antes mesmo de vestir a camisa e jogar. Na verdade, vejo como dois investimentos que podem trazer lucros. Um deles [Orejuela] é impressionante o que ele já pode render dinheiro. Acertamos no nome e se o Fluminense conseguir trabalhar dessa forma, não tenho dúvida que terá um futuro muito bom”.

Samorin

Samorin - Fluminense/Divulgação - Fluminense/Divulgação
Imagem: Fluminense/Divulgação

O projeto do Fluminense ao comprar um time da Eslováquia custará 250 mil euros (R$ 900 mil) por 77% das ações. Segundo Peter Siemsen, transação ainda não foi efetuada já que o Tricolor tem até dezembro de 2017 para fazer essa opção. Para ele, tempo suficiente para o próximo mandatário decidir se considera ou não um bom negócio.

Peter Siemsen: “Fluminense está fazendo um projeto a longo prazo e com custo baixo. Quando cheguei ao Flu, Xerém estava destruída. Todos viram as fotos e nem preciso falar mais sobre isso. Até mesmo na questão técnica. Em função das mudanças do futebol brasileiro, cotas de televisão, por exemplo, o Fluminense precisava mudar o perfil da base. Não dava mais para revelar um jogador de vez em quando. Precisava de um projeto diferenciado na base já pensando em sustentabilidade para o clube. Analisamos o trabalho e percebemos que estávamos falhando na parte final. Depois de 20 anos para onde vão? Entendemos que o grande mercado a ser utilizado para formar o atleta era o exterior. Criamos vários parceiros nesse sentido e passamos a colocar nossos jogadores em times pequenos da Europa. Isso muda a vida dos atletas. Aprendem a falar inglês, moram sozinhos, organização tática e etc. Deu resultado. Começamos a ganhar dinheiro em pequenas transações. Um mercado que ninguém utiliza no Brasil. Ajuda a formar o atleta como homem e ainda faz dinheiro onde ninguém faz. É um projeto que pode gerar milhões. Se esse cube chegar na primeira divisão ele já vai valer 5 vezes no mínimo o valor que temos que pagar. Investimento com alta capacidade de lucro. Venda dos jogadores ou até mesmo do próprio clube. É um projeto 360º. Não vejo como possa ser considerado negativo, francamente”.