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Tite enfrenta trauma de dez noites em claro por vitória inédita na Copa

Tite em treino do Brasil à véspera do jogo contra a Croácia, pelas quartas de final - Mike Egerton/PA Images via Getty Images
Tite em treino do Brasil à véspera do jogo contra a Croácia, pelas quartas de final Imagem: Mike Egerton/PA Images via Getty Images
Gabriel Carneiro, Igor Siqueira, Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em Doha (Qatar)

09/12/2022 04h00

Classificação e Jogos

O jogo contra a Bélgica não sai da cabeça de Tite. Tirou o sono do técnico por uns dez dias, lhe fez assistir à reprise completa pelo menos cinco vezes nos últimos anos, antecipou para 6h a caminhada matinal para evitar o risco de encontrar torcedores na rua e até hoje marca o dia que ele viveria de novo se pudesse escolher.

Eliminada nas quartas de final da Copa do Mundo de 2018, a seleção brasileira deu ao treinador outra chance de disputar o torneio. Nesta sexta-feira (9), às 12h (de Brasília), contra a Croácia, estará em jogo no estádio Education City a oportunidade de acabar com o pesadelo das quartas e avançar à semifinal, num possível confronto histórico diante da Argentina — os hermanos enfrentam a Holanda.

É a pedra em cima de um trauma que também é da própria seleção. Desde o pentacampeonato mundial em 2002, o Brasil só passou das quartas em 2014. Talvez fosse melhor nem ter passado, porque foi o ano do 7 a 1 para a Alemanha sob o comando de Luiz Felipe Scolari. Em 2006 e 2010 as quedas nas quartas foram contra França (com Parreira de técnico) e Holanda (Dunga à frente).

Por curiosidade, Parreira e Dunga estão num patamar que Tite pode alcançar se o Brasil vencer a Croácia com bola rolando amanhã. No cargo desde 2016, Tite tem 80 jogos pela seleção. Venceu 60, empatou 14 e foi derrotado apenas seis vezes.

Se vencer a Croácia, Tite alcança as mesmas 61 vitórias de Parreira na seleção e sobe no pódio dos treinadores com mais vitórias. Comandante no tetracampeonato mundial do Brasil, em 1994, e à frente de uma segunda passagem entre 2003 e 2006, o experiente treinador alcançou 61 vitórias no total de 112 partidas. Já nesta Copa, Tite passou Dunga, que soma 59 vitórias também com mais jogos do que Tite, 85.

Tite conversa com Taffarel e César Sampaio no treino da seleção brasileira, à véspera do jogo com a Croácia - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite conversa com Taffarel e César Sampaio no treino da seleção brasileira, à véspera do jogo com a Croácia
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Parreira, Tite e Dunga estão atrás somente de Zagallo em vitórias pela seleção. O técnico do tri em 1970 e também nas Copas de 1974 e 1998 tem impressionantes 90 vitórias em 126 partidas. São números que Tite não vai alcançar, porque já anunciou que deixa a seleção depois do Mundial do Qatar. Como todos os jogos agora são eliminatórios, ele tem no mínimo um e no máximo três partidas pela frente na beira do campo. O lugar máximo no pódio é o segundo.

"Lideranças não têm que ser impostas o tempo todo. Tem que ter novos profissionais, com novos ciclos, um ciclo inteiro. Minha maturidade entende que os processos têm início, meio e fim e eu já tenho início e meio, estou construindo o fim, e não sou dono da posição. Outros grandes profissionais têm condições de aqui estar", disse Tite, em entrevista recente ao UOL.

Tite - Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images - Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images
Tite deixando a entrevista após a eliminação da seleção brasileira para a Bélgica, em 2018
Imagem: Michael Regan - FIFA/FIFA via Getty Images

Para tudo isso acontecer, o foco é na partida contra a Croácia e na possibilidade de espantar o pesadelo das quartas de final.

Aquele jogo contra a Bélgica em 2018 ainda mexe com Tite. Primeiro porque a alta quantidade de reprises vistas lhe deu a certeza de que foi o melhor jogo do Brasil na Copa do Mundo, com desempenho superior ao da Bélgica, mesmo com a derrota por 2 a 1.

O desembarque da delegação no Brasil depois da eliminação foi muito marcante para o treinador, que ameaçou chorar. Para não derramar lágrimas, mordeu o lábio e a língua, dizem pessoas próximas. O então coordenador de seleções Edu Gaspar disse num programa de TV que Tite chorou ainda no vestiário do estádio em Kazan, na Rússia.

Foi uma ferida que demorou para cicatrizar e deixou o treinador em dúvida sobre continuar no comando da seleção. Ele tinha o convite, mas não a certeza de que era a decisão certa por causa da exposição. Depois de conversas com a esposa Rosmari, os filhos Matheus e Gabriele, irmãos e profissionais da comissão técnica, aceitou a proposta.

O resultado de toda a reflexão está em campo na Copa do Mundo do Qatar, entre as oito melhores seleções e agora com a possibilidade de chegar às semifinais. Para Tite poder dormir em paz.

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