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Quase irmãos: Marquinhos e Thiago Silva têm conexão que vai além do campo

Thiago Silva e Marquinhos se divertem durante treino da seleção no Qatar - Christopher Lee/Getty Images
Thiago Silva e Marquinhos se divertem durante treino da seleção no Qatar Imagem: Christopher Lee/Getty Images
Gabriel Carneiro, Igor Siqueira, Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em Doha

28/11/2022 04h00Atualizada em 28/11/2022 10h20

Classificação e Jogos

A escalação da seleção brasileira pode mudar por decisão de Tite em todos os setores, mas nunca na zaga. Consolidados como dupla há quatro anos, Marquinhos e Thiago Silva chegam à Copa do Mundo do Qatar com uma parceria que vai muito além das quatro linhas.

"Parece que os dois são uma pessoa só e um completa o outro. A deficiência de um é o ápice do outro", diz ao UOL Esporte o pai de Marquinhos, Marcos Barros Corrêa.

O tema familiar une Marquinhos e Thiago Silva por causa de um segredo contado pela mãe do zagueiro do PSG, Alina. Assim que o clube francês contratou Marquinhos em 2013, Thiago Silva já era titular e referência da equipe. Aí a mãe do novato procurou o veterano do time para dizer que seu filho era fã dele desde a infância. A diferença de idade entre ambos é de dez anos.

Além desta inconfidência, a mãe de Marquinhos foi além e disse que o filho usou Thiago Silva de exemplo quando enfrentou desconfianças por ser um zagueiro baixinho. Alguma coisa na linha: "se o Thiago Silva está entre os zagueiros mais tops do mundo com essa altura, por que eu não posso?". Marquinhos mede 1,83m e Thiago Silva, 1,81m.

A parceria no PSG durou de 2013 a 2020, quando Thiago Silva foi para o Chelsea. Mas na seleção começou em 2013 e continua até agora, há quatro anos como dupla titular e incontestável. Fora de campo, apesar da distância entre Paris e Londres, a amizade continua.

"O Thiago é como se fosse um irmão mais velho do Marquinhos, a conexão deles juntos é inacreditável", conta Luan Aoás Corrêa, o irmão mais velho original do zagueiro do PSG.

Marquinhos - Hector Vivas - FIFA/FIFA via Getty Images - Hector Vivas - FIFA/FIFA via Getty Images
Camisas dos defensores no vestiário da seleção
Imagem: Hector Vivas - FIFA/FIFA via Getty Images

No início da carreira, Marquinhos tentava copiar movimentos corporais e comportamentos com e sem bola de Thiago Silva, em treinos e jogos. O estilo de jogo de Marquinhos foi moldado por querer ser parecido com o futuro companheiro de zaga, jogando sempre de cabeça erguida, compensando a baixa estatura com impulsão e posicionamento, além de saída de bola suave, boa capacidade para lançamentos longos, um contra um firme e sendo um líder dos companheiros da linha defensiva.

"Eles são muito diferentes de personalidade. O Marquinhos é reservado e o Thiago mais expansivo. Mas as características de jogo são semelhantes e acho que é porque os conselhos do Thiago sempre foram bem-vindos para o Marquinhos. Quando eu vejo que eles vão ser titulares na seleção eu fico até mais calmo", diz Luan.

Basta observar os jogos da seleção: tanto Marquinhos, quanto Thiago Silva estão sempre gritando, orientando e gesticulando o movimento dos laterais. E também são difíceis de bater: atuaram lado a lado em 28 dos 50 jogos do Brasil desde 2018, com 22 vitórias, cinco empates e somente uma derrota. Foram só 13 gols sofridos nos jogos como dupla.

Ofensivamente, também chamam atenção: Marquinhos tem cinco gols e Thiago Silva um gol no ciclo para a Copa do Qatar, sendo quase todos de cabeça em jogadas de bola aérea — a única exceção é um gol de pé esquerdo de Marquinhos contra a Venezuela, em junho de 2021, na Copa América. Marquinhos também soma duas assistências no ciclo, uma prova do poder de fogo da zaga da seleção.

É muito bom para mim ter alguém ao lado que eu conheço bem. Dá para ver isso no entrosamento dentro de campo. Ele é um grande jogador, uma grande pessoa, um grande amigo, um grande irmão. É um pai que tenho no futebol, me ajudou muito, em tantas e tantas coisas que aprendi em questão de posicionamento e leitura de jogo, coisas que olhando e conversando consegui aprender e colher muito."
Marquinhos, em coletiva ontem (27)

A seleção enfrenta a Suíça nesta segunda-feira, às 13h (de Brasília) e o lateral-direito Danilo não vai jogar porque está lesionado. Éder Militão — que na zaga não tem espaço — deverá ser o titular da lateral direita. Com mudanças no sistema defensivo, é importante ter uma base sólida. Marquinhos e Thiago Silva são garantia disso.