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Neymar apanha em silêncio e sente dores em tornozelo que já foi problema

Gabriel Carneiro, Igor Siqueira, Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em Doha

24/11/2022 18h16

Classificação e Jogos

Neymar sofreu uma falta duríssima de Gudelj aos 8 minutos do segundo tempo, na frente da área. Ia aparecer em boa condição de chutar pro gol ou então tocar para Vini Jr ou Richarlison e foi derrubado por trás. O sérvio tomou cartão amarelo, o segundo que o camisa 10 do Brasil gerou nesse jogo.

Neymar mostra tornozelo inchado depois de Brasil x Sérvia, na estreia da seleção na Copa do Mundo - REUTERS/Molly Darlington - REUTERS/Molly Darlington
Neymar mostra tornozelo inchado depois de Brasil x Sérvia, na estreia da seleção na Copa do Mundo
Imagem: REUTERS/Molly Darlington

Neymar foi para a bola e naquele momento o estádio de Lusail parou: todos os olhares, câmeras e flashes de celulares se viraram na direção do maior astro brasileiro. O chute bateu na barreira e foi para fora, mas o momento só foi prova de que o centro das atenções na estreia da seleção no Qatar era ele, ninguém mais.

O camisa 10 do Brasil foi caçado em campo, bateu o recorde de faltas sofridas na primeira rodada da Copa do Mundo. Foram nove. Ele fez Pavlovic e Gudelj ficarem pendurados e foi derrubado do minuto um ao minuto 79, quando precisou ser substituído com dores no tornozelo direito - o mesmo que atormentou e tirou de ação em 2019. Neymar saiu, o que nunca acontece em jogos da seleção. E Neymar chorou de dor no banco de reservas, o que nunca acontece em jogos da seleção.

Ele teve uma entorse, há inchaço e a gravidade só será conhecida nos próximos dias. Serão momentos de expectativa em relação ao estado físico de Neymar. Mas também de memórias em relação ao bom desempenho na estreia.

Os holofotes sobre Neymar começaram cedo no estádio de Lusail. Enquanto a organização de Brasil x Sérvia fazia jogo de luzes e tocava música alta para criar um clima, Neymar nem ligava: durante todo o cerimonial, conversou e foi tietado por crianças sorridentes no túnel de entrada do gramado. Bateu na mão de todos, conversou e ganhou sorrisos banguelas e emocionados de volta.

No Hino Nacional, sem mais sorrisos: mascando duramente um chiclete, lançou o olhar compenetrado que marcaria sua atuação até o fatídico minuto 34 do segundo tempo.

Uma porrada, duas porradas, três porradas, quatro porradas, cinco porradas... isso só no primeiro tempo. E Neymar não esboçou reclamação acintosa sobre nenhuma. Em outros tempos, era certa a reação com raiva, se sentindo injustiçado, atrapalhado, doído, impedido de exercer seu talento. Aos 30 anos, na abertura da Copa da sua vida, passou longe de ser assim. Até quando Gudelj puxou sua camisa até quase tirar numa jogada sem pretensão na linha lateral, Neymar não reclamou. Ajudou o sérvio a terminar o serviço, sem quedas e reações espalhafatosas. Até o cabelo era discreto.

Copa do Mundo 2022: imagens de Brasil x Sérvia

Com a bola no pé, a qualidade de sempre: meia central, sem responsabilidade defensiva alguma — o serviço sujo de voltar para marcar era de Richarlison —, o camisa 10 tentou um gol olímpico no primeiro escanteio do Brasil e deu uma caneta de calcanhar em Tadic ainda no primeiro tempo. No segundo, conduziu a marcação e facilitou a chegada de Vini Jr no lance que gerou o rebote do gol de Richarlison. É uma quase simbólica passagem de bastão aos prováveis futuros líderes da seleção brasileira.

Mas não é por isso que Neymar já está off. Foi quem mais chutou a gol na seleção, com cinco finalizações. Duas certas. Quando conseguia ficar de pé, dava trabalho.

Neymar lamenta dores no tornozelo no banco de Brasil x Sérvia pela Copa do Mundo - Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images - Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images
Neymar lamenta dores no tornozelo no banco de reservas na vitória do Brasil sobre a Sérvia
Imagem: Chris Brunskill/Fantasista/Getty Images

Em outro lance, ele lembrou aquele do Denilson contra a Turquia em 2002, ao deixar quatro marcadores para trás antes de a Sérvia fazer mais uma falta. E mais uma, e outra, e outra, de Milenkovic. Bem no tornozelo direito. Aí Neymar não aguentou de dor e precisou sair. Fez gelo no pé direito, chorou e escondeu a cara dentro da camisa no banco de reservas. Ao apito final, de chuteira na mão, Neymar saiu de campo mancando. Sob todos os olhares e flashes de celular.

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