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Seleção muda estratégia para observar adversários da Copa em relação a 2018

Ricardo Gomes entre os analistas de desempenho e auxiliares da seleção  - Lucas Figueiredo/CBF
Ricardo Gomes entre os analistas de desempenho e auxiliares da seleção Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Do UOL, em Turim

18/11/2022 04h00

Classificação e Jogos

A seleção brasileira passou os últimos meses de olho no "quintal" do vizinho, ou melhor, do adversário. Mas a estratégia de observação de quem o Brasil vai ou pode enfrentar na Copa do Mundo de 2022 tem sido diferente em relação ao Mundial da Rússia, em 2018.

O conceito básico é colher as informações necessárias no momento certo, com uma amostragem de jogos que faça sentido para a equipe de Tite no Qatar.

"Em 2018, a gente não foi in loco ver os adversários. Neste ano, a gente foi mais objetivo", contou um dos analistas de desempenho do Brasil, Thomaz Araújo.

Essa precisão no alvo das "espionagens" foi possível pela escalação — ainda em março — do ex-zagueiro Ricardo Gomes, Lucas Oliveira, analista do Palmeiras, Marcinho, auxiliar do Red Bull Bragantino, e Gabriel Oliveira, analista do Fluminense. Eles foram responsáveis por acompanhar jogos de Sérvia e Suíça na Europa e, posteriormente, fizeram relatórios à comissão técnica da seleção em reuniões na CBF.

Agora no Qatar, Ricardo, Lucas e também Fernando Lázaro, que já trabalhou na comissão técnica de Tite no ciclo passado e está no Corinthians, vão ficar de olho nas partidas das outras seleções que vão cruzar o caminho do Brasil.

A diferença de foco vai além.

Antes da Copa de 2018, sem as viagens para ver partidas de europeus in loco, a CBF acionou analistas de desempenho de todos os clubes da Séria A, com exceção do Flamengo. O pedido foi enviar relatórios sobre todos os demais 31 participantes do Mundial. Essa ponte foi facilitada pela participação deles no curso de análise de desempenho da CBF.

Só que, na prática, o material não foi muito útil — o Brasil fez cinco jogos. Além disso, nas oitavas e quartas de final, a amostragem de partidas dentro da própria Copa do Mundo deu à comissão técnica uma perspectiva mais real do que encontrar em campo.

No Qatar, Ricardo Gomes, Fernando Lázaro e Lucas de Oliveira trarão os relatos dos jogos de suíços, sérvios e camaroneses, que estão no Grupo G com o Brasil. Já o retrato do eventual adversário no mata-mata será tirado, majoritariamente, das três partidas da primeira fase, embora os observadores tenham assistido a jogos de Portugal in loco também — a equipe de Cristiano Ronaldo pode ser oponente do Brasil nas oitavas.

"Por uma logística facilitada, não só eles observarão jogos dos nossos adversários, como também estarão em nossas reuniões no hotel e no CT, até participando de alguns treinamentos", disse Juninho Paulista, coordenador da seleção, na coletiva de convocação.

Tite chamou Ricardo Gomes, especificamente, por ter na memória embates com o Vasco treinado pelo ex-zagueiro em 2011. Naquela temporada, o Vasco foi campeão da Copa do Brasil e vice-campeão brasileiro — o título nacional foi do Corinthians de Tite. Ricardo só não participou da temporada inteira no banco do Vasco porque sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em agosto daquele ano.

A eficácia da observação será medida na prática a partir da estreia do Brasil, dia 24 de novembro, contra a Sérvia, às 16h (de Brasília). Na véspera, os analistas e auxiliares da seleção se reúnem no hotel até tarde, preparando parte do conteúdo da preleção do dia seguinte.