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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cuca precisa enfrentar o passado para ter direito à ressocialização

21/04/2023 12h43Atualizada em 21/04/2023 16h49

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Cuca colocou uma pedra no passado. O estupro de uma garota de 13 anos na Suíça em 1987 foi enterrado. O assunto foi resolvido internamente, com sua mulher e filhas. E não se toca mais no assunto.

Esse arranjo foi feito com a cumplicidade da sociedade. Ninguém tocou no assunto por anos. O que houve na Suíça ficou na Suíça. E Cuca fez uma boa carreira como jogador e uma grande carreira como técnico.

Mas as coisas mudaram. As placas tectônicas se mexeram. A sociedade é outra e o assunto, tal como um zumbi, deixou as entranhas da terra e voltou a assombrar.

Cuca, aos 60 anos, é cobrado pelo que fez aos 23. É justo? Até quando? Nunca mais pode trabalhar?

Tudo seria facilitado se ele encarasse o passado. Falasse de uma vez por todas o que aconteceu. Contasse como se arrependeu. Como convenceu a sua mulher - já era casado na época - a perdoá-lo, como conversou com suas filhas sobre o assunto. Se o arrependimento o levou a abraçar a religião.

Cuca precisa revisitar seu inferno particular, encarar seus fantasmas e tocar a vida em frente. A sociedade mudou e merece uma resposta.

Enquanto não fizer isso, Cuca não conseguirá seguir incógnito. Sempre haverá uma Genebra em sua vida.