Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Zito, nosso Obdúlio, o capitão que mandava Pelé calar a boca
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José Ely de Miranda, o moço de Roseira, como diria o genial Fiori Gigliotti, nasceu em um dia como hoje, há exatos 90 anos. Morreu em 2015, com 82.
Dele se dizia ser um marcador implacável. O livro Estrela Solitária, biografia de Garrincha escrita por Ruy Castro, o mostra em uma dividida com o ponta genial. Garras de pterodáctilo, diz a legenda.
A história oral do futebol é maravilhosa. De pai para filho, as verdades, mentiras, exageros se perpetuam. Sempre tem um fundo de verdade, uma base para que cada um aumente um conto em seu ponto.
Zito era o capitão que mandava Pelé calar a boca. Será? Pelé, em 58, era um menino. Em 62, era o melhor do mundo, mas, contundido, pouco jogou na Copa. Não o vejo questionando um capitão.
Mandar ou não calar a boca é apenas um penduricalho. O fato é que Zito tinha muita personalidade. Se impunha em campo. Zito é o maior exemplo da figura mítica do capitão no futebol brasileiro. Nosso Obdulio. Hoje, temos rodízio de capitão. E Neymar.
E Zito nem jogaria a Copa de 58 como titular. O lugar era de Dino Sani, muito mais técnico, jogador que atuou no São Paulo, Corinthians, onde fez dupla com o garoto Rivellino, Boca e Milan. Ele se contundiu e foi para o banco.
A primeira lembrança que tenho de mim é, em 1958, estar no centro da sala da casa do avô materno recitando o ataque do São Paulo campeão de 57: Maurinho, Amauri, Gino, Zizinho e Canhoteiro. Mas a primeira lembrança de um gol foi em 1962, o segundo contra a Tchecoslováquia, o gol da virada, que abriu caminho para o bicampeonato no Chile.
Cruzamento da esquerda, bola no segundo pau e o autor fez de cabeça, se enroscando com a trave. Gol improvável. Gol de raça. Gol de Zito, o capitão que mandava Pelé calar a boca. E ele obedecia.
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