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Mauro Cezar Pereira

REPORTAGEM

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Compra do Cruzeiro por Ronaldo está cercada de incertezas, diz especialista

Grafietti: dúvidas cercam a negociação - Divulgação
Grafietti: dúvidas cercam a negociação Imagem: Divulgação

23/12/2021 11h34

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A compra do Cruzeiro pelo ex-centroavante Ronaldo (90% por R$ 400 milhões) foi a notícia de maior repercussão no futebol brasileiro na semana, com o clube transformado em SAF (Sociedade Anônima do Futebol). O blog conversou sobre o assunto com Cesar Grafietti, Consultor de Gestão e Finanças do Esporte, responsável pelas análises dos balanços dos clubes com a equipe do Itaú BBA e pelo plano de fair play financeiro do futebol brasileiro, que a CBF até hoje não colocou em prática.

Como você viu a intenção de compra do futebol do Cruzeiro pelo Ronaldo?
Do que li até agora, apenas confirmou o que eu pensava: ainda não vemos investidores estrangeiros de grande porte. Quem entrou foi um brasileiro, que tem um laço sentimental com o clube, e com história futebol local.

E esses R$ 400 milhões?
Primeiro, sem conhecer os termos da negociação é prematuro dizer que o clube foi avaliado em R$ 400 milhões, pois este é o valor que será aportado para fazer o time andar, para reforçar elenco, pagar salários atrasados, e vem aos poucos. Por que aportar R$ 400 milhões no seu negócio não é o mesmo que comprar o clube por R$ 400 milhões. Ainda tem a questão da dívida da associação, que não ficou claro qual será o tratamento.

Como imagina que será feira essa transição do Cruzeiro associativo para SAF?
Ainda tenho muitas dúvidas sobre o processo de transição. É uma incógnita o tratamento que será dado aos credores, se haverá negociação prévia, ou se será feito na letra fria da lei, transferindo apenas ativos bons e deixando as dívidas na associação. Isso tende a gerar uma enxurrada de discussões. Até porque tem sanções da FIFA que precisam ser pagas pela SAF, e quando fizer isso haverá reclamação de outros credores.

O fato de estar à frente um ex-craque que defendeu o clube pesa positivamente, não?
A despeito disso tudo, o fato de ser o Ronaldo, ou um grupo capitaneado pelo Ronaldo, traz um ar mais futebolístico ao tema, e menos de investimento puro feito por quem não é do ramo. Me parece uma solução positiva para o torcedor, e que espero que seja um incentivo para que tenhamos outros investidores qualificados como ele.

Os fatos ocorridos com o Cruzeiro desde o rebaixamento eram previsíveis?
E gostaria de lembrar algo que falei ao final de 2019, quando o Cruzeiro caiu, e fui duramente criticado pelos torcedores: disse que o processo de recuperação seria longo, difícil e que o clube talvez tivesse que ser refundado para retomar o caminho competitivo. Pois bem, o clube vai para o terceiro ano na Série B e só está com alguma chance de se recuperar porque foi refundado na estrutura de uma SAF. Eu não estava enganado.

E a importância da formação de uma equipe de profissionais?
Daí entramos em novos desafios deste momento, como a formação da estrutura de gestão. Se as mudanças forem feitas apenas no controle acionário, então o processo tende a ser incompleto. Precisamos de ideias e pessoas novas, ainda que preservando aqueles poucos profissionais que tenham histórico ético e positivo no esporte. Se for para seguir com as mesmas pessoas que nos trouxeram até aqui, então parece mudar tudo para não mudar nada. Se o futuro do futebol passar pela manutenção de velhos conhecidos, então o futuro pode ser pouco promissor.

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