Controle do grupo corintiano e organização da defesa selaram queda de Loss
Quase unanimidade até meados de maio, quando foi definido o novo treinador do Corinthians, Osmar Loss foi rebaixado à função de auxiliar técnico depois de um breve trabalho com resultados ruins cercados por dois pontos centrais: a perda da estabilidade defensiva que marca o clube nos últimos 11 anos e a dificuldade em se consolidar como um líder do grupo de jogadores e comissão técnica.
Em consideração a esses dois pontos, a direção do Corinthians acena com a busca rápida por um treinador experiente e disponível no mercado. O clube quer um novo comandante até o fim de semana e se divide, ao menos em um primeiro momento, entre os nomes de Levir Culpi e Dorival Júnior. Mas, sem convicção em torno de um caminho específico, também discutiu Jair Ventura e Vanderlei Luxemburgo. A partir desta quinta, o presidente Andrés Sanchez deve adotar uma posição mais clara.
O fato é que o clube, já há alguns dias, amadurecia a hipótese de substituir Loss. O principal entendimento é que o novo treinador não se mostrou maduro na gestão de grupo, uma marca primordial dos trabalhos de Mano Menezes, Tite e Fábio Carille. A conversa mais próxima com os atletas, a atenção a quem está no banco de reservas e o tratamento similar a jovens e experientes são pontos apontados no CT Joaquim Grava como sinais de que Osmar não estava pronto para a missão, mais difícil pelo contexto recente do clube.
Uma declaração do jovem Mateus Vital, no último fim de semana, chamou a atenção. "Não conversou comigo, não [o Osmar Loss]. Em nenhum momento. Só não me botou para jogar mesmo. Mas faz parte, vou procurar aproveitar da melhor maneira. É difícil, sempre vou falar que quero jogar", definiu o garoto, titular na finalíssima do Paulistão e restrito a poucos minutos em cada partida no time de Loss.
Em jogos anteriores, o treinador também sofreu críticas internas pela aposta em veteranos que não vêm bem no segundo tempo de partidas, casos de Danilo e Emerson especificamente. Os dois multicampeões pelo clube, com contrato até dezembro, deram poucas respostas em momento em que a intenção da diretoria é pelo espaço maior a jogadores mais jovens.
A falta de tato na relação com a imprensa, e no discurso à torcida, também são apontados no Corinthians como um fator que dificultou a afirmação de Loss. Carille e Tite, principalmente, tiveram o controle desses aspectos durante muitos momentos de seus trabalhos no clube. Osmar, por sua vez, nunca conseguiu comandar a narrativa externa e, desde os tempos de auxiliar, preferiu ser distante e se voltar ao campo e ao grupo. O projeto do Corinthians em reduzir o acesso de jornalistas também foi desfavorável para o técnico nesse aspecto.
Defesa do Corinthians deixou de ser ponto forte
Já no que diz respeito às quatro linhas, a dificuldade em ser seguro defensivamente foi o ponto mais crítico no trabalho de Loss. É verdade que o setor perdeu Balbuena, teve Fagner e Cássio ausentes por longos períodos e ainda problemas na lateral esquerda ao trocar Sidcley por Danilo Avelar. A saída de Maycon é outro ponto que trouxe consequências ao time, que de 22 jogos com Osmar só saiu sem ser vazado em oito.
Diante do Ceará, jogo que culminou na volta de Loss à posição de auxiliar, o Corinthians foi envolvido em alguns momentos e foi pouco agressivo na marcação no segundo gol, marcado por Calyson após hesitações de Mantuan, Léo Santos e Avelar. No que diz respeito a finalizações sofridas no Brasileirão, o time corintiano é o último na competição em média por partida, segundo o Footstats. Proteger a meta era uma premissa nos tempos de Tite e Carille.
Considerado um treinador arrojado e inteligente, Loss de alguma forma foi resguardado pelo clube, que optou que não desse entrevistas e acordou com ele, já em maio, que poderia voltar a ser auxiliar técnico, como de fato voltará. Ele sempre foi grato ao presidente Andrés pelo respaldo enquanto esteve no cargo, mas ficará marcado como Adílson Batista, Cristóvão Borges e Oswaldo de Oliveira, os únicos sacados do comando técnico nos últimos 11 anos: apesar da atuação como auxiliar, não manteve os pontos mais fortes e promoveu mais mudanças que o momento permitia.
Muito respeitado até maio principalmente no Parque São Jorge, o que envolve divisões de base, conselheiros e dirigentes, Loss deixou o comando propriamente dito com oito vitórias, quatro empates e 10 derrotas.
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