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"Parecia uma maratona": calor pesou na São Silvestre; veteranos dão dicas

Os corredores veteranos Carlos Eduardo de Oliveira, Luiz Carlos Santos e João Antônio de Andrade - Talyta Vespa/UOL
Os corredores veteranos Carlos Eduardo de Oliveira, Luiz Carlos Santos e João Antônio de Andrade Imagem: Talyta Vespa/UOL

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

31/12/2019 16h01

A temperatura na avenida Paulista, em São Paulo, bateu 32 graus às 10h de hoje (31). A ausência de chuva e o sol de rachar esquentaram a cabeça das dezenas de milhares de atletas na São Silvestre, corrida de rua tradicionalmente realizada na véspera de Ano-Novo. A competição chegou à 95ª edição.

O calorão surpreendeu até os atletas veteranos. Muitos calouros, então, que estrearam na disputa neste 2019, chegaram perto de desistir. "Não conseguia respirar", conta o serralheiro Marcelo José Pereira, 43, que saiu de Cambuí, no sul de Minas Gerais, só para disputar a prova.

"A parte mais difícil foi a subida da [avenida] Brigadeiro [Luís Antônio]. Meu nariz estava travado, havia pouca umidade. Tive que encontrar forças para continuar, mas pensei em desistir. Aí, o tempo todo, falava para mim mesmo: 'Vai, cara, não desiste'. E dizia o mesmo para os colegas que começaram a caminhar quando a prova foi chegando ao fim. 'Vamos, vamos!', eu dizia", conta.

Marcelo corre há dez anos, mas fez sua estreia na São Silvestre neste ano. Apesar do desespero por causa do clima, atingiu sua melhor marca: 15 km em 58 minutos, apenas 17 minutos acima do vencedor e recordista, o queniano Kibiwott Kandie. "Meu tempo mínimo havia sido 1h05, então fui muito bem. Além do calor, tenho desvio de septo que preciso operar em breve. De um lado, capto 30% a menos de ar quando respiro. Não foi fácil", diz.

Não foi só para Marcelo que o calor pesou: até o maratonista Luiz Carlos Santos, 48, que mora em Sumaré, no interior de São Paulo, foi surpreendido com a alta temperatura. "Foram 15 km, mas parecia que eu estava correndo uma maratona [42 km]", conta. "O calor faz a gente sentir mais fadiga e parecer mais pesado".

Ele estava acompanhado de uma caravana. Ao UOL Esporte, Luiz e seus colegas, Carlos Eduardo de Oliveira, 40, e João Antônio de Andrade, 57, aproveitaram o cansaço para dar dicas a quem acabou de estrear na corrida e sofreu com o sol, como foi o caso de Marcelo.

Se hidratar o tempo todo

"A cada ponto, é necessário pegar água, beber e molhar a cabeça. É preciso se hidratar a cada 2 km. Mas tem que dar só um golinho, não pode beber muito senão dói o baço", explica Carlos Eduardo. "Aproveite e jogue o restante na cabeça para amenizar a temperatura do corpo".

Levar garrafa d'água

Luiz participou da competição pela terceira vez. Ele explica que, para os iniciantes, é recomendado levar uma garrafinha d'água para a competição. "Às vezes, você sente sede longe de um ponto de entrega de água, ou se desconcentra e perde o momento. Por isso, no começo, é bem melhor levar a própria garrafa".

Alongar e aquecer

Segundo João Antônio, que correu a São Silvestre pela primeira vez, é preciso estar disponível uma hora antes de a prova começar. E, nesse tempo, o atleta deve fazer um bom alongamento e aquecer o corpo. "Meia hora de alongamento é suficiente. Sugiro mais 15 minutos de aquecimento, em trotes curtos, por exemplo. O corpo fica preparado e se cansa menos por causa do calor. Além de evitar o risco de lesão, claro".

Treinar em horários em que o calor é maior

Carlos Eduardo é de Recife e mora em Sumaré, no interior de São Paulo, há dois anos. Ele conta que, antes de se mudar, treinava ao meio-dia, no ápice do calor, quando o sol estava a pino. "Não é confortável, mas é uma forma de adquirir resistência", diz.

Respirar lentamente

Luiz explica que, principalmente durante uma subida como a da Brigadeiro Luís Antônio, a tendência é ficar ofegante. Para evitar desgaste, é necessário ficar atento à respiração. "Respire pelo nariz e solte pela boca, sempre lentamente. Respirar devagar é o segredo. Quanto mais quente, mais a gente se desespera. É preciso manter a calma."

Manter o ritmo na descida

Outra tendência é aumentar a velocidade durante as descidas, já que é mais fácil de correr. João explica que fazer isso é um erro grave. "É preciso descer no mesmo ritmo, senão, quando a descida acabar, o atleta vai ter se cansado muito e perdido resistência. Por isso, mantenha o ritmo".

Alimentação balanceada

João conta que deixou de comer carne há dez anos e que sua alimentação diária é à base de frutas e verduras. Luiz se diz menos radical: ele come de tudo. Ainda assim, é unânime entre os colegas: café da manhã em dia de prova precisa ser leve, mas reforçado. Com frutas e sucos naturais.