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Distância até os corredores frustra público da São Silvestre

A São Silvestre reúne 35 mil corredores brasileiros e estrangeiros - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
A São Silvestre reúne 35 mil corredores brasileiros e estrangeiros Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

31/12/2019 11h31

O público que lotou os arredores da avenida Paulista na manhã de hoje (31) ficou bem longe da tão esperada largada da corrida de São Silvestre, que chega à sua 95ª edição neste 2019. Isso porque todas as ruas que dão acesso à via, cartão postal na região central de São Paulo, foram interditadas por grades.

A decisão decepcionou a empresária Maria de Castro, de 42 anos, que saiu do interior de São Paulo na noite de domingo só para acompanhar a corrida. É a terceira vez que ela faz o trajeto. No entanto, desta vez, não pôde acompanhar a parte que mais gosta: a largada. "Estou muito decepcionada. Vim de longe e não consigo nem chegar perto. Deveria ter ficado em casa e assistido à corrida pela televisão", desabafou para um dos seguranças.

"Nem acredito que isso está acontecendo. Não faz sentido, a gente só vem para cá para isso", diz. O acesso mais próximo aos corredores ficou restrito a pessoas credenciadas pelo evento.

O motivo de as grades distanciarem atletas e público, explicou Marcelo Braga, assessor de comunicação do evento, é a segurança na hora da dispersão de 35 mil corredores — número de participantes desta edição. Ele disse que a mudança começou no ano passado. "O intuito é facilitar essa dispersão e garantir a segurança tanto dos atletas como do público."

Durante o percurso de 15 km, havia pontos em que os pedestres conseguiam ficar bem perto dos competidores. Ainda assim, esses trechos ficam longe da avenida Paulista, onde acontece tanto a largada quanto a chegada. O paulistano Jorge Santos, de 56 anos, decidiu se precaver: em vez de acompanhar o início da prova ou se acomodar no meio do povo para presenciar a final, ele se posicionou bem no meio do percurso: próximo ao viaduto Nove de Julho.

"Eu acompanho a São Silvestre desde criança. Não perco um ano. A última vez que me posicionei ali pertinho da largada foi em 2016. De lá para cá, com o tanto de gente que vem para a Paulista, passei a ficar em pontos estratégicos da prova — menos cheios e com visão mais privilegiada", explicou. "Acho ruim a gente não poder estar perto dos principais momentos da prova, largada e chegada. As pessoas esperam por isso e os atletas, de certa forma, também. Mas a gente dá nosso jeito".

Ultrapassagem na reta final da São Silvestre 2019 - Amanda Perobelli/Reuters  - Amanda Perobelli/Reuters
Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Reviravolta na masculina e folga na feminina

A prova feminina foi vencida com folga pela queniana Brigid Kosgei, de 25 anos. A atleta era considerada favorita para a competição, já que bateu, em outubro, o recorde mundial dos 42,195 km da Maratona de Chicago; foi neste ano, ainda, que ela se tornou a mulher mais jovem a ganhar a Maratona de Londres. A prova de hoje foi conquistada com folga, mas desta vez sem recorde, por muito pouco — 48min54s contra 48min48s.

No entanto, na prova masculina, houve uma reviravolta no metro final da corrida. Com uma arrancada inesperada, o queniano Kibiwott Kandie ultrapasou o então primeiro colocado, o ugandense Jacob Kiplimo, e venceu a disputa. Ele ainda quebrou o recorde de prova mais rápida com o tempo de 42min59seg. O recorde anterior era de 43min12seg e pertencia ao conterrâneo Paul Tergat, maior vencedor da São Silvestre com cinco vitórias.

Kandie contou com a inexperiência do jovem Kiplimo, de 19 anos, que não percebeu a aproximação do adversário. O terceiro lugar ficou com Titus Ekiru, do Quênia. "Fui vendo a linha de chegada se aproximando e não desisti em nenhum momento. Desde o começo acreditei que poderia vencer", disse Kandie.