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Vitor Guedes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Vitória inútil sobre o Japão não prepara o Brasil para a Copa

Neymar desafia a marcação de Haraguchi durante o amistoso entre Brasil e Japão: camisa 10 fez, de pênalti, o gol da vitória inútil sobre o Japão - Charly Triballeau/AFP
Neymar desafia a marcação de Haraguchi durante o amistoso entre Brasil e Japão: camisa 10 fez, de pênalti, o gol da vitória inútil sobre o Japão Imagem: Charly Triballeau/AFP

Colunista do UOL

06/06/2022 09h16Atualizada em 06/06/2022 09h16

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Vencer o Japão por 1 a 0, em 6 de junho, e golear a Coreia do Sul por 5 a 1, em 2 de junho, ajudam tanto a preparar o Brasil para os verdadeiros desafios que esperam a seleção no Mundial quanto nadar em uma piscina inflável de mil litros prepara um nadador para atravessar o canal da Mancha.

A distantes cinco meses e meio da Copa do Mundo, tanto os resultados quanto os desempenhos canarinhos contra as fraquíssimas seleções asiáticas têm a mesma importância que a pílula azul para disfunção erétil tem na vida de um eunuco: nenhuma!

Sabe o que essa turnê por Japão e Coreia vai influenciar no desempenho brasileiro contra a Sérvia, em 24 de novembro, na estreia brasileira na Copa? O mesmo que a semana cheia de trabalho de Paulo Sousa interferiu no rendimento do Flamengo contra o Fortaleza...

A verdade (como ficou claro na bagunça que foram as preparações para as Copas de 1994 e 2002, em oposição ao céu de brigadeiro que foi o período entre 2002 e 2006) é que o tal ciclo de Copa é supervalorizado e, à vera, não é parâmetro para absolutamente nada. Raí começou 1994 como capitão, Juninho Paulista era titular em 2002 e hoje ninguém tem muita dúvida da importância tática de Mazinho e Kleberson para, respectivamente, o tetra e o penta... Por razões diferentes, Romário e Ronaldo não participaram da maior parte da preparação para os Estados Unidos-1994 e para Coreia/Japão-2002... E daí?

O Brasil de 1970 dirigido por Zagallo, até hoje considerado o maior time das histórias da Copa, não tem nada a ver no esquema e na escalação com o time comandado pelo grande João Saldanha na qualificação...

Mundial (anota essa, que é inédita) é um torneio de um mês, sete jogos e que importa o que rolar só naquele período. Levar em conta o período prévio pode levar a distorções como manter Gabriel Jesus na Rússia em péssima fase em nome da boa atuação nas Eliminátórias...

O Brasil, pela camisa e número de bons jogadores, sempre vai ser candidato. No Qatar, terá mais chance se Tite levar em conta quem estiver bem quando novembro chegar. E mais chance ainda se Vinícius Júnior e Neymar estiverem vivendo boas fases. E, sem ser mãe Dinah, não custa dar uma rejuvenescida na defesa para aguentar o ritmo da Copa. Daniel Alves e Tiago Silva, lado a lado, é muito história e pouca vitalidade.

Japão 1 x 0 Brasil, com gol de pênalti convertido por Neymar? A única importância é que perdi horas de sono, madrugando para ver essa pelada inútil. Não fosse por obrigação profissional, se tivesse acordado por algum motivo, teria assistido o documentário Bergman 100 anos, que passou no mesmo horário no "Telecine Cult". Se o Brasil tivesse feito a melhor partida da sua história ou passado vergonha, a chance de sucesso no Qatar continuaria sendo a mesma que tem após o 1 a 0 modorrento contra o Japão.

Eu sou o Vitor Guedes e tenho um nome a zelar. E zelar, claro, vem de ZL! É nóis no UOL!

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